quarta-feira, 30 de agosto de 2006

É, se você não tivesse somado tanto . . . !

A crônica "Não é para somar, é para dividir", publicada no jornal "Folha de São Paulo" (30/8), revela uma leitura da figura do presidente Luiz Ignácio, nunca dantes mostrada pela jornalista Eliane Cantanhêde. A festejada profissional, como outros tantos formadores de opinião, nos últimos quatro anos parecia tomada de uma letargia mental e desprovida de senso crítico, quando se referia aos atos do presidente e/ou avaliavam seu comportamento e as práticas, inconfessáseis, adotadas por seu governo, sempre envolvendo petistas de alto coturno com desmando, aparelhamento do estado e corrupção. Salvo engano, seu texto nos revela Cantanhêde um tanto preocupada com o "andar da carruagem". Outros também já o fizeram - o ex-ministro Cristovam Buarque, nos aponta a direção do "chavismo". Até mesmo Kotscho, seu amigo e colaborador, sinaliza para a visão, um tanto estranha do presidente que se acha "ídolo de si mesmo". Outra distorção de caráter e de personalidade, se manifesta quando Luiz Ignácio se julga perseguido e discriminado por uma elite - mais ou menos igual às "forças ocultas" invocadas por Jânio - que não identifica. Como se reune amiúde com banqueiros, empresários e intelectuais. Pergunta-se:- onde está essa elite, que tanto o incomoda e perturba? No congresso, que manteve sob controle mediante paga ou na oposição, que se mostrou incapaz de exigir o seu afastamento, diante das graves denúncias envolvendo sua administração, amigos, colaborares, corregionários, até mesmo, familiares. Lamentavelmente, a "Folha de São Paulo" e, particularmente, uma plêiade de profissionais, formadores de opinião e detentores de espaços expressivos em nossos meios de comunicação - como é o caso da jornalista - por identificação ideológica e/ou outros interesses inconfessáveis, de forma descarada aderiram a essa forma de governar e colaboraram para tornar a população brasileira, um conjunto de cidadãos ignaros - totalmente alheios à nossa realidade política e crentes num futuro irreal prometido pelo messias. Agora, a jornalista se propõe a desenvolver a tese da "dissensão" - figuras proeminentes da oposição estariam sendo atraídas para um projeto de governo, pós 2010 - com propósito de dividir a força concorrente e, aparentemente, imbatível no futuro. É preciso reconhecer que, em outros momentos, a cronista Eliane Cantanhêde já nos deu mostra de sua capacidade profissional, cultura, conhecimento e disposição para descrever situações e momentos da política nacional, sem perder a isenção e o senso crítico, indispensável ao bom jornalista. Mas. lamentavelmente, durante o governo petista nos apresentou - por demais adesista. A história é implacável e, mais adiante, haverá de cobrar-lhe alguma parcela de responsabilidade - em concurso com outros tantos formadores de opinião - por ter "somado tanto ... , " com um governo corrupto !

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