"CADÊ O RADINHO VERDE DO MEU PAI ?"
O velho policial, morava na avenida 9 de julho e nas tardes de domingo costumava sentar-se confortavelmente junto à grade de sua casa e ali passava horas ouvindo as transmissões esportivas, num pequeno rádio portátil.
Era seu hábito colocar o "radinho verde" entre as grades de ferro, enquanto manuseava o seu cigarro de palha que insistia em manter-se apagado.
A tarde caia e com o frescor que a proximidade da noite sempre traz, o calor amainava e bom amigo acabava "passando por um cochilo" - não diria dormindo, já que o policial nunca dorme.
Numa dessas ocasiões, algum "ladrãozinho" incauto, mas audacioso, por desconhecer as qualidades daquele cidadão e a existência de seus descendentes - que insistiam em trilhar o caminho do pai - não hesitou em subtrair o "radinho verde" que se oferecia por entre as grades, junto da calçada, enquanto seu dono dormitava.
Honra seja feita !
Os filhos do velho policial, indignados com a ousadia do ladrão, não se quedaram - jurando prender o ladrão e recuperar o rádio, tão logo souberam do furto, sairam no encalço do seu autor.
Era uma afronta àquela dinastia de bons policiais! Todos os marginais da cidade os conheciam e sabiam da sua forma de agir. Rigorosos no cumprimento da lei, mas corretos e humanos no trato com os investigados, incluindo aí os pequenos ladrões. Como aquele que, inadivertidamente, acabou levando o "radinho verde" de estimação do patriarca da família.
A partir daquele dia, todos os suspeitos e ladrões que passavam pela Delegacia de Polícia, o experiente investigador dele se aproximava e baixinho, quase sussurando perguntava:- "Cadê o radinho verde do meu pai" ?
Não consta que o rádio portátil do doce e querido Oswaldo Maio Nogueira, cidadão honrado, chefe de família exemplar e carcereiro de polícia dedicado e humano - chegava a levar sopa para algum preso doente - tenha sido recuperado.
Conhecer e conviver com o senhor Oswaldo, além de uma honra, se traduziu em lição de vida !
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