quarta-feira, 26 de julho de 2006

Ocasião Aproveita o Ladrão

Permitam-me, para um breve comentário, inverter os termos da frase que deu título à matéria "Ladrão aproveita a ocasião" (link para assinantes), publicada em Notas & Informações (26/07).Certa feita, Fernando Henrique, em vias de assumir o governo (ou já tendo assumido um pouco antes), em visita à Inglaterra, manteve rápido contato com a ex-ministra Margaret Tatcher, ainda bem ativa politicamente. Naquela conversa Fernando Henrique, com sua forma de ser, deve ter enaltecido a conduta de Tatcher enquanto chefe de governo, destacando o choque liberal que aplicou, privatizando serviços, bancos e empresas públicas, dando um novo dinamismo à economia inglesa e permitindo à "Ilha Velha" readquirir status de liderança mundial, inclusive no aspecto político. Como bom "tucano", FHC logo foi querendo se justificar, alegando que a sociedade brasileira e sua organização político / administrativa era bem diferente da tradição inglesa. Aqui existiam cartórios e segmentos da economia, que se traduziam em verdadeiros feudos. Esses grupos - tanto de empresários, como de políticos e trabalhadores - não abriam mão de seus privilégios e criavam dificuldades para qualquer reforma ou inovação, inviabilizando qualquer discussão nesse sentido. A "dama de ferro" arguiu dizendo que a realidade inglesa não era diferente, inclusive com agravante. Ainda vivendo num Reinado, com uma gama imensa de detentores de títulos nobiliárquico e usufruindo de direitos seculares, as dificuldades foram ainda maiores. Aí então - num sussurro de pé de ouvido - deu a receita:- -- Acene-lhes com algum privilégio ou até mesmo favorecimento pecuniário, para estimulá-los a aprovar as mudanças e introdução de inovações no sistema político / administrativo e econômico do seu país. O nosso "príncipe", ruborizado e todo constrangido, redargüiu dizendo que aquele procedimento beirava (ou seria cheirava) a corrupção e se reduzia a um oferecimento de propina aos empresários, lideranças políticas e sindicais. Com a mesma tranquilidade e segurança que mandou afundar o "General Belgrano", a ministra Maragareth Tatcher concluiu:- -- O Faça então, pela última vez! Embora perdurem alguns comentários, na forma de boatos e denúncias. Até o que sabemos, o governo Fernando Henrique, não teria empregado o expediente recomendado pela ex-ministra inglesa. Mas, caso o tenha feito - diríamos, o fez com competência e discrição - já que conseguiu realizar reformas expressivas na administração pública (lei de responsabilidade e previdência) e na economia, privatizando áreas sensíveis para o desenvolvimento como a telefonia, eliminou verdadeiros feudos e reservas de mercado, inclusive quebrando o monopólio da Petrobrás (pero no mucho!). Voltando ao texto do "Estadão". Depois veio o governo petista - voluntarioso, como toda liderança populista - prometendo refundar a nação e criar um novo país. Como não dispunha de maioria no Congresso e muito menos possuía a habilidade política e disposição para o diálogo do governo anterior - por iniciativa de seus áulicos, que sempre ouviam o galo cantar, mas nunca souberam onde - resolveram tomar ao pé da letra, a sugestão da ministra Margareth Tatcher. Assim, acabaram tomando os pés pelas mãos, criando apenas a "ocasião" que foi favorecer os "ladrões", principalmente os seus ... !

domingo, 23 de julho de 2006

EXEMPLOS DE TORCEDORES

Quando deparo com torcedores enfurecidos, verdadeiros bandos, confrontando-se ou praticando atos de vandalismo, quando não emparedados pela polícia e somente contidos com o uso da energia necessária - em geral, exteriorizada em mais violência, minhas lembranças remetem a dois exemplos de torcedores.

Coincidência ou não, ambos torciam para o Esporte Clube Operário. Durante os dias da semana, em suas vidas cotidianas, se revelavam em funcionários exemplares, respectivamente, dos Corrêios e Telégrafos ? como agente, e do Centro de Saúde ? na função de fiscal sanitário. Também demonstravam ser bons chefes de família, pais responsáveis, enfim, cidadãos honestos e respeitados na comunidade.

Porém, aos domingos, depois dos jogos do Esporte Clube Operário - não importava o resultado. Se o time do coração perdia, afogavam suas mágoas e frustrações esportivas nos bares a caminho da praça central. No caso de vitória, aí então, a alegria pela conquista estava justificada e a comemoração obedecia, mais ou menos, o mesmo ritual.

Ao final da noite, já com os bares fechados - mas, reservando uma ou duas garrafas da melhor bebida - invariavelmente, iam se ater à Praça Mello Peixoto. Necessariamente, num mesmo ponto - banco doado e com a inscrição ?Esporte Clube Operário? - disposto debaixo de uma frondosa paineira, cujo tronco avantajado fazia meu pai homenagear uma vizinha e freguesa, dando seu nome àquela árvore.

Ali, acomodados no banco do time do coração - abraçados à alegria ou sufocando a tristeza - terminavam a noite bebendo e cantando a música de Assis Valente, consagrada na voz de Carmen Miranda, cuja letra tento reproduzir em alguns trechos:-


"Vestiu uma camisa listrada e saiu por aí,


Em vez de tomar chá com torrada,

Bebeu para ti, levava um canivete na cinta

E o pandeiro na mão e sorria quando

O povo dizia Sossega leão, sossega leão . . ."


Assim, o sério e dedicado agente postal amparando e/ou aparado pelo responsável fiscal sanitário, partiam em direção às suas residências na busca de um refúgio seguro, com a certeza de terem dado o melhor de seus esforços para honra e glória do alvi-negro ourinhense !

Por isso, desde o desaparecimento do E.C. Operário; com a obscura alienação de seu patrimônio e aposentadoria e morte dos seus torcedores exemplares, há muito deixei de freqüentar os estádios de futebol, entristecer-me com as derrotas do meu time, ser comedido com suas vitórias e ficar, irremediavelmente, frustrado com o insucesso da nossa seleção .

Atualmente, resta-nos apenas lamentar o comportamento desses torcedores inflados, exclusivamente, pela violência !

P/S Os ourinhenses - mais antigos - não terão dificuldade de identificar os dois torcedores.

Aos seus familiares, meus respeitos e recebam o texto como homenagem.
(Folha de Ourinhos - 30/07/2006)

Condenações esperadas - por isso aplaudidas!

O noticiário policial não teve problema de pauta na última semana. Dois julgamentos foram suficientes para preencher os espaços nos jornais, rádios e televisões. O julgamento dos assassinos do casal de jovens, embora tenha ocorrido há questão do crime, não teve maior repercursão que o assassinato do casal Richthofen. Os dois casos se referem a crimes violentos e a sociedade manifestou a sua repulsa. Ainda assim, a imprensa escolheu o crime dos Richthofen como prioridade - apenas lamentando a simultaneidade dos julgamentos. Não se conhece o promotor de justiça e muito menos os advogados que atuaram em Embu-Guaçu. Essa circunstância não impediu que os envolvidos Antonio Mathias de Barros, Agnaldo Pireira e Antonio Caetano da Silva fossem condenados a penas que somam mais de 150 anos. Por outro lado, os promotores Tardelli e Nadir Jr., coadjuvados por uma plêiade de advogados - todos com seus egos inflados a mais não poder - se revesavam nas exaustivas, por desnecessárias e de péssimo gosto, entrevistas. Mais parecia um jogo com cartas marcadas, já que todos sabiam que diante da repugnância dos crimes e a repulsa da sociedade diante das circunstâncias dos assassinatos - tanto dos jovens, como do casal - o veredicto já era conhecido. Então discutiam o quantum de pena a ser imposta aos réus - apenas um advogado, por razões óbvias, anunciava a absolvição de sua cliente. Os promotores de justiça, no alto do opínio delictum, prenunciavam 50 anos de prisão para cada um dos acusados Cravinhos e a Richthofen. Enquanto isso, os defensores clamavam por uma pena mitigada. Tudo empulhação, ali poderiam estar - em qualquer dos polos - até mesmo um "rábula", no sentido mais pejorativo do operador do direito. A condenação era certa - como a nossa morte. Diante das dificuldades que envolveram o julgamento, o quantum da pena já estava dosado. Não na lei e muito menos nos argumentos dos doutos causídicos, mas sim no poder discricionário - oportunidade e conveniência - conferido ao magistrado. Dessa forma, por mais que os promotores de justiça tenham aparecido e se esforçado, a pena para cada um dos crimes não ultrapassaria vintes anos de prisão. Milimetricamente, foram estabelecidos 39 anos e seis meses para Daniel e Suzane, enquanto Christian levava algo em torno de 37 anos de prisão, média ponderada para os crimes praticados, tudo para que não houvesse um segundo julgamento. Ufah!

sábado, 22 de julho de 2006

Guarnieri - sabedoria e simplicidade de um homem do povo!

A televisão noticia a morte de Gianfrancesco Guarnieri e desenha o seu perfil de homem do teatro, cinema e televisão. Foram comentados seus diversos trabalhos, sempre voltados para as causas sociais e seu engajamento na política nacional. Por razões outras, não lembraram de sua participação no seriado Mundo da Lua, promovido pela Televisão Cultura. O papel do doce avô Orlando, deve tê-lo gratificado como poucos, sempre sugerindo reinações e realizações de seu neto. Sua disponibilidade para a causa de seus amigos ficou demonstrada durante sua passagem por Ourinhos, participando da campanha política do Jefferson Del Rios Vieira Neves, nosso conterrâneo, quando candidato a deputado estadual. Comenta-se que Guarnieri perdia-se em bate-papo nos bares da periferia da cidade, tomando aperitivos - pinga, a branquinha, a nossa caninha - com pessoas comuns do povo, em longas prosas que se estendiam pela noite afora. Identificava-se com seus parceiros de copo e de papo, conseguindo depois reproduzir com felidelidade a alma e o coração daquelas pessoas em seus memoráveis trabalhos no teatro, cinema e televisão. Um artista ! Italiano de nascimento. Sábio - como poucos encarnou e representou a personalidade do brasileiro comum. O nosso reconhecimento, na forma de homenagem!

Agora entendo a promessa - "caminhar de Tatuí a Ribeira do Iguape"

Meus avós já deviam conhecer o "Caminho de São Tomé". Foi na passagem do século XIX para XX que minha avó Ana Correia Cerqueira e uma cunhada fizeram uma promessa - caso seus filhos não fossem sorteados para servir ao governo (exército) - os dois jovens caminhariam da região de Tatui e Itapetininga, onde moravam, até Ribeira do Iguape, para agradecer a graça rezando aos pés da padroeira. Sempre achamos estranha aquela promessa. Não só pela distância e peculariedade da obrigação - imposta a terceiros - mas, principalmente, pelas dificuldades geográficas, região de serra, com elevações e vales, além da mata Atlântica ainda impenetrável. Agora, diante da reportagem "Roteiro une fé e aventura em SP - Trilha aberta pelos Incas" - (OESP/22/7) reparo que o caminho percorrido por meu pai e seu primo não era tão inóspito e já que a atividade da família (todos tropeiros) deveria trazer alguma informação sobre a existência daquela trilha. Mesmo assim, reputo que o cumprimento da promessa, por certo, foi uma das muitas aventuras e dificuldades enfrentadas e que meu pai - José Cerqueira - gostava de relembrar.

sexta-feira, 21 de julho de 2006

A Voz da Sabedoria

Acho que foi no final da década de 50, aportou na minha cidade - Ourinhos-sp - um homem, de boa aparência, bem falante, acompanhado da mulher e três filhos. Depois veio ter o quarto filho - o terceiro menino.

Logo se estabeleceu num ramo de comércio pouco difundido - representação-comercial. Guardo alguma lembrança do armazenamento e distribuição de produtos oriundos do Rio Grande do Sul.

Não teve dificuldades de integrar-se à comunidade. Como membro de um desses clubes de serviço, semanalmente freqüentava com aquele grupo o Bar do Fagá, para jogar bocha, truco e saborear a costela assada pelo "Zé Fagá".

Afeiçou-se ao jogo de bocha, mas como jogador era medíocre. A liderança e iniciativa marcavam sua presença. Assim, organizou o campeonato de bocha mais disputado da região. Inovou pela contagem em pontos corridos e pelo grande número de inscritos. Ainda adolescente, participei do certame como mesário, elaborando as súmulas e atualizando o grande placar com as partidas realizadas e pontos acumulados pelos bochistas.

A par disso, apesar da inteligência, cultura e capacidade de aglutinar pessoas, como comerciante não obteve grande sucesso. Por algum motivo, abandonou a representação-comercial e tentou implantar uma fábrica de camisas. Inovava pela marca "Supimpa", mas sua indústria acabou sucumbindo em incêndio, de triste memória.

Com isso, logicamente enfrentou dificuldades de toda sorte. Mesmo assim, conseguiu estudar e formar seus filhos. Pelo menos dois tornaram-se médicos conceituados e de expressão na cidade.

Mas, a maior lembrança que guardo daquele homem, diz respeito a uma passagem singela, onde sua inteligência e experiência de vida, mudou o destino de uma família - dando lhe um novo significado.

Existia então na cidade, uma empresa no ramo de torrefação e moagem de café. A empresa era sólida e liderava aquele ramo de comércio. Sua razão-social indicava a presença de dois sócios. Um casado, com três filhos adultos - dois trabalhavam na empresa, como empregados. O outro sócio, era solteiro e exibia confortável situação financeira.

Num desses acasos da vida, o sócio casado, gozando de boa saúde e prestígio, veio a morrer de forma súbita. Sua mulher e filhos, ainda aturdidos pelo inesperado, mais adiante, eram surpreendidos pela disposição do sócio em extingüir a sociedade, propondo a compra das cotas do espólio.

Assisti, a aflita viúva e mãe de três filhos - todos dependentes econômicos e, principalmente, afetivos do comerciante morto - socorrer-se do ex-representante comercial buscando uma orientação, para aquele momento de desespero e aflição.

Pacientemente, ouviu o relato da senhora - repentinamente erigida à condição de lider de uma família - onde o futuro de seus filhos e a garantia de sua subsistência era o pomo de suas preocupações.

Depois de saber detalhes da proposta oferecida pelo sócio dissidente, indagou daquela senhora - se ela tinha condições de devolver ao sócio a mesma oferta, por ele apresentada. Com alguma hesitação, a sofrida mulher que se mostrava resignada, foi se revelando numa valente defensora de sua família e com uma altivez até então não demonstrada, respondeu afirmativamente.

Então concluiu o sábio e experiente consultor:- está resolvido! Procure o sócio em questão, retornando a disposição do espólio de comprar a cota-parte dele na empresa, ofertando-lhe o mesmo valor e condições que se propôs pagar por igual número de cotas.

Com a sábia - porquanto, simples - sugestão, aquela senhora manteve a empresa sob o controle de sua família e com isso resguardou a proximidade com seus filhos, enquanto foi possível e as aspirações individuais permitiram.

Varig - Justiça lavou as mãos!

O magistrado que presidiu a Recuperação Judicial da Varig tanto fez que acabou vendendo a empresa. Não importa se não foi pelo melhor preço - talvez tenha sido o menor. É certo que usou e abusou do poder discricionário - ou premido pelas circunstâncias - obrigou, por decreto, a BR fornecer combustível - sem pagamento - para a empresa inadimplente. Anulou decisões das assembléias de credores. Convocou e reconvocou inúmeros leilões. A Varig-Log - que tempos atrás fora desmembrada e vendida - acabou adquirindo, por um preço simbólico, a parte produtiva da empresa área. A recuperação judicial continua sendo uma incógnita, já que a credibidade da Varig - como empresa idônea - há muito se esvaiu. Mesmo assim, contrariando todas as opiniões de especialistas e até do Governo Federal, a Justiça Pública preferiu alienar a companhia em condições - no mínimo nebulosa - ao decreto de sua falência. Medida mais esperada! Parece que o Magistrado, por vaidade ou não, apenas quis lavar as mãos, evitando qualquer responsabilidade com a derrocada definitiva da Varig.
(Estadão - 22/07/2006 - link para assinantes)

Quarto lugar é muito pouco!

É uma pena! O reconhecimento de boa anfitriã e população hospitaleira não basta. Ourinhos merecia melhor representação nos Jogos Regionais e a classificação em quarto lugar não faz jus à pujança da nossa cidade, atualmente com mais de cem mil habitantes. O momento é de reflexão e de cobrança. O município vem se destacando nos mais variados ramos de atividade. Sua indústria é produtiva e gera emprego e renda para um grande número de trabalhadores. O comércio é diversificado e pujante - movimenta riqueza e produtos - atendendo a população regional. Nos últimos anos vem obtendo conquistas expresssivas na área de educação. A agro-indústria é forte - dá emprego e gera riqueza - além de organizar e fazer acontecer, há mais de quarenta anos, a Fapi - feira agropecuária-industrial com fama internacional. Então, como justificar participação aquém de suas possibilidades nos Jogos Regionais - ainda mais, quando o sediava. É preciso não só repensar o trabalho desenvolvido na área, mas - de forma prioritária - redirecioná-lo, implementando uma nova programação. Talvez seja o momento de agradecer e homenagear as pessoas que vêm carregando esse fardo há décadas - ouço e leio seus nomes desde a inauguração do "Monstrinho", quando sediamos pela primeira vez os jogos regionais. Certamente, este é o momento de inovar - a renovação é sempre saudável - então porque não dar oportunidade a outras lideranças e aproveitar profissionais reconhecidamente competentes - ainda não aproveitados - para deflagrar uma nova era no desporto ourinhense. Cabe ao poder público municipal implementar essa modernização, com investimentos - a médio e longo prazo - na área de educação / esportiva.

sábado, 15 de julho de 2006

Furlan - apenas a "cereja do bolo"

Depois da demissão do ministro Roberto Rodrigues - a pedido ou não - o Governho Federal passou a contar apenas com um empresário em seu ministério. As dificuldades que Luiz Fernando Furlan enfrenta na condução do Ministério do Desenvolvimento não são menores que seu antigo colega do Ministério da Agricultura. Mesmo assim, certamente por não acreditar que as nossas exportações continuarão a cair - até mesmo pela inércia de seus colegas empresários - resolveu continuar servindo ao governo petista. Não basta a desobrigação de empenhar-se na campanha da reeleição. Furlan continuará apenas dando "pitacos" na política econômica - sem qualquer voz ativa - servindo como a "cereja do bolo"

Saulo na Veja!

O respeito ao policial deve decorrer da eficiência e dedicação, não do medo ou da arrogância. Muito menos da basófia! Venho acompanhando os pronunciamentos - pelo menos alguns - do Secretário da Segurança Pública. Felizmente, aqui não encontrei o uso do eufemismo violência e criminalidade, sempre empregado nos discursos de vossa excelência. Mas, volto a encontrar em sua entrevista uma contradição - não sei dizer se voluntária ou não - que, não só o Secretário tem incorrido, como também seus subordinados. Trata-se da queda nos índices de homicídio. Explorada como melhoria na eficiência do serviço policial. Esquece que em outros momentos - quando a curva era inversa - justificava-se alegando que essa modalidade criminosa era difícil prevenir, já que muitas ocorriam no recôndido do lar, entre amigos no bar e em sua maioria decorriam de relações pessoais. Parece-nos que a diminuição dos números de homicídios pode ser atribuida a um número indefinido de causas - despertar da consciência da população, desarmamento, fechamento de bares, melhoria das condições de vida, etc . . . - que não incluem, num primeiro plano, a atuação dos órgãos policiais. Pela coragem que demonstra em suas atitudes e a convicção sempre revelada em suas manifestações, não se poderia esperar do doutor Saulo a altivez de outra postura.

Segurança Pública - NOVO PATAMAR !

A discussão é antiga. A princípio envolvia apenas os profissionais que atuavam da área e alguns poucos jornalistas policiais. O assunto era considerado de relevância menor e, então, perfeitamente desprezível pelo mundo acadêmico.

Agora - me referindo a um período mais recente da vida nacional - a violência urbana, aliada da criminalidade, passou a ser vista com um problema social e, portanto, digno de teses e discussões acadêmicas, sempre voltadas para suas causas, mas pouco práticas quando se propõe a sugerir soluções para o grave problema nacional.

Assim, com as idas e vindas - como ocorre com as batidas do coração - as políticas de segurança pública aplicadas pelos últimos governos estaduais pecaram por uma série de equívocos. Ora, prescreviam uma atuação passiva - quase de contemplação - recomendando apenas agir depois do comportamento anti-social, incompatível com a formação militar, do nosso policial. Em outros momentos, levados pelo clamor público e incremento da criminalidade, seguia-se orientação diametralmente oposta. Abordagens ostensivas, realização de blitz e buscas discriminadas - resumida na expressão "colocar a Rota na rua" - e até mesmo a introdução de legislação mais rigorosa, providenciava-se.

Como pudemos acompanhar, nenhuma dessas providências deram resultado expressivo e muito menos contribuíram para restabelecer a paz social e permitir um ambiente de tranqüilidade ao nosso cotidiano. Por certo, as medidas adotadas não foram acertadas e, portanto, não obtiveram o resultado esperado ou, na melhor das hipóteses, não tiveram a continuidade recomendada e, por isso, acabaram se esgotando na ineficiência e desídia dos órgãos executores.

Para se fazer justiça, há que se reconhecer alguma melhoria da vigilância pública no âmbito municipal. A criação de Guardas Municipais e o aperfeiçoamento do serviço daquelas já existentes - com aumento de efetivo e melhor aparelhamento - trouxeram algo de novo no âmbito desse serviço imprescindível para a vida em sociedade organizada. Ainda que sofra limitações legais, inclusive de ordem constitucional.

Diante da incapacidade dos gestores públicos, coube aos particular - o cidadão comum - adotar medidas, quer no âmbito individual e familiar, quando deixou de sair de casa e outras, de ordem material, erguendo muros, colocando grades e se socorrendo de dispositivos eletrônicos para garantir a incolumidade da sua família. Os mais privilegiados contrataram segurança particular e passaram a utilizar veículos blindados.

Enquanto isso, os estudos realizados por antropólogos, sociólogos, cientistas sociais, psicólogos e outras áreas do mundo acadêmico, muitas por impraticáveis e outras pela incompreensão dos profissionais da área - certamente, por imporem limites e indicarem diretrizes inconcebíveis à tradição policial - foram deixadas de lado, abandonadas nos escaninhos da administração.

Coube então à realidade estabelecer um novo patamar para atuação dos órgãos executores do serviço de segurança pública. Não foi a sociedade organizada que exigiu e muito menos o nosso governante que estabeleceu. Foi o mundo do crime que impôs e obrigou a adoção de uma nova atitude - sponte sua - das organizações policiais.

Lamentavelmente, foi preciso que nossos valorosos guardiões fossem atacados e muitos mortos; suas unidades alvejadas por tiros e bombas. Enfim tornaram-se alvos dos mesmos meliantes que deixaram de inibir a atuação - com policialmente preventivo eficiente e continuado - ou, abandonaram a perseguição, quando aqueles vieram a delinquir contra o cidadão honesto - diante da ausência do policiamento repressivo competente, ininterrupto. Tornou-se regra comum ouvirmos - a partir de segunda-feira a polícia começará a ouvir as testemunhas - referindo a crime ocorre nos finais de semanas ou feriados prolongados.

Mesmo diante desses graves acontecimentos, a sociedade deu mostra de querer levar sua vida com normalidade - trabalhando, estudando e se divertindo - enquanto a POLICIA, com intuito primeiro de se defender, para depois fazer frente a essa nova modalidade criminosa, colocou todo seu efetivo e recursos nas ruas. As cidades, como num passe de mágica - lamentável, diante da perda de vidas - observou a presença maciça das viaturas e agentes policiais agindo de forma proativa. Passaram então a adotar medidas - antes reclamadas - por indispensáveis para eficácia do trabalho preventivo / repressivo na busca do controle social.

Não é preciso ser estudioso e nem mesmo especialista para perceber diante das evidências, que os índices de criminalidade, na sua forma mais geral, foram reduzidos - nas últimas semanas - a números compatíveis com sociedades de primeiro mundo. É a presença ostensiva da polícia, uniformizada e agindo preventivamente.

Por oportuno, cabe lembrar e reconhecer que o Estado de São Paulo possui um corpo de policiais, reconhecidamente da melhor qualidade. Seus membros - tanto no ramo fardado, como civil e científico - são rigorosamente selecionados em disputado concurso público, treinados e, convenientemente, remunerados para esse mister.

Aos nossos governantes, pedimos apenas coragem e sabedoria para exigir a aplicação do poder de polícia, no âmbito da segurança pública, dentro das regras estabelecidas para convivência harmônica numa sociedade democrática, razoavelmente organizada. Não se esquecendo que o serviço de segurança pública deve ser exercido de forma contínua, não permitindo sua aplicação como tábula rasa para atender interesses indivíduais e/ou de grupos. A dedicação deve ser exclusiva (adeus bico ou atividade paralela) e o salário condigno na medida dos recursos públicos.

A sociedade, ainda apreensiva, aguarda com expectativa que os órgãos policiais permaneçam mobilizados, empregando seus efetivos e meios disponíveis, passando a adotar os atuais parâmetro como novo patamar do serviço a ser prestado à população paulista, com qualidade e eficiência.

sábado, 8 de julho de 2006

Juiz e tesoureiro - dão mesma versão pra o dinheiro suspeito!

Tão logo o PT anunciou o nome do tesoureiro para sua campanha eleitoral, surgiu a suspeita sobre a origem do dinheiro utilizado por José Filippi, ex-prefeito de Diadema, para pagar multa que lhe foi aplicada por má gestão pública. Filippi não hesitou e logo justificou afirmando que parcela significativa daquele valor, obteve por empréstimo de seu tio Mário, microempresário em bairro da cidade de São Paulo. Sua alegação, trouxe à nossa lembrança a figura execrável do juiz Nicolau dos Santos - "Lalau", ainda preso, por malversação de dinheiro público durante a construção do prédio do Forum Trabalhista. Na ocasião, Nicolau alegou que o dinheiro utilizado para comprar mansões e carros de luxos era proviniente de herança deixada por um tio alfaiate. Pelo jeito, o juiz trabalhista não conseguiu convencer seus julgadores, mas acabou fazendo escola!

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