segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Quartel na Praça

Em minha visita mensal à cidade de Ourinhos - domingo último - pude observar, do hall da agência do Santander, para constatar que as obras na Praça Mello Peixoto caminham a passos de cágado. Com exceção de um prédio - pela estrutura, sugere mais de um pavimento - destinado à Polícia Militar. Os demais equipamentos não parecem seguir o mesmo ritmo, parece não existir cronograma para devolução da praça à população. A imprensa local repercutiu o problema, sem outras considerações cabíveis. Talvez estejamos na iminência de assistir mais um daqueles aditivos contratuais tão em voga nas obras públicas, ainda que previstos em lei, sempre geram especulações. Mas, a construção de um posto avançado da PM - aceitável até a instalação de uma guarita ou até mesmo um quiosque - no meio da principal praça da cidade para simples observação, e eventuais, informações, nos parece um exagero e invasão, através da  sua ocupação indevida, de um espaço público destinado exclusivamente ao convívio da população. Esperamos que a construção não reserve espaço para estacionamento de viatura - já que até pouco tempo era comum os policiais ali de serviço estacionarem no gramado, junto aos canteiros de flores. Considero que a iniciativa não se justifica, até mesmo porque a permanência dos policiais no local não será ininterrupta e, supondo a justificativa de atendimento ao público, pode ensejar igual reivindicação da Polícia Civil. A presença da polícia em local público, principalmente no centro comercial das cidades, é sempre recomendável e esperada - daí reservar um espaço e ali edificar uma unidade policial, concorrendo com sua ocupação original, nos permite avaliar e censurar essa usurpação da área pública. Já assistimos quartel ocupar prédio escolar e outras edificações, mas instalar-se em ponto privilegiado da praça central da cidade se revela uma afronta ao interesse público. Por muito menos, os alunos da USP se mobilizaram e ocuparam o prédio da reitoria daquela universidade - não chegaremos a tanto, mas a discussão do assunto é relevante, até mesmo para ouvirmos opinião contrária!

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