domingo, 15 de outubro de 2006

MARIONETES OU PARLAMENTARES

A figura da marionete todos nós conhecemos. Foi consagrada e tornou-se popular a partir do teatro infantil, onde - protegido por cortinas e sob o efeito de luzes - o verdadeiro artista / manipulador utilizando-se de cordonéis movimenta os seus bonecos, com muita habilidade, segundo seu script para realizar a encenação do quadro ou dança no rítmo desejado.

Para quem não conhecia, está aí descrito o perfil da grande maioria dos parlamentares brasileiros - ou melhor, das marionetes - que supõem nos representar compondo os poderes legislativos e executivos da república. No âmbito municipal, vamos encontrá-los nas câmaras de vereadores; nos estados, existem as pencas nas assembléias legislativas: e, no congresso nacional, em suas casas legislativas - os mais sérios e sizudos no senado, enquanto os deslumbrados, epivitados e, digamos, mais afoitos se aglomeram na câmara dos deputados. Em todos os níveis, sem exceção, encontraremos os manipuláveis - as marionetes - atados aos mais diferentes tipos de cordéis que os conduzem e orientam seus votos.

Sendo fruto da fantasia - evidente, que do seu criador e interessado no resultado da sua performance - o fantoche não dispõe de vida própria, muito menos pensam ou agem por sponte sua - tal qual o boneco - torna-se pela vida afora dependente afetivo e intelectual do cordelista, que o transveste segundo suas conveniências e oportunidades.

A origem dessa subserviência - além do desvio de caráter e disposição para o ilícito na busca de algum tipo benesse - pode ser encontrada no âmbito da submissão familiar; partidária; intelectual e social. Certa feita, o milionário Nelson Rockefeller em reunião famíliar anunciou sua disposição de candidatar-se ao governo do Estado de Nova York (ou seria prefeito?). Sua mãe, com a autoridade da matriarca, levantou-se e o questionou:- ?Filho ! Essa não era atribuição sempre dada a algum dos nossos empregados... ??

Certamente, o aristocrata decepcionado com a atuação de algum preposto - que tomado de vontade própria, soltara-se dos cordéis - resolvera conduzir pessoalmente as diretrizes do governo do seu estado, segundo suas regras e interesses.

Assim, a partir de um determinado momento, a iniciação e sucessão política passou a tomar como critério, a escolha pelos laços de sangue ou afinidade pessoal ou familiar - tal qual ocorria nas dinastias e sucessões imperiais - como forma de preservar os seus feudos políticos e áreas de influências.

A par disso, os empregados, prepostos e agregados - os ?bem-mandados? - através de associações de classe, sindicatos ou representando algum segmento social, tornaram-se personagens ativos e, até certo ponto, independentes para atuar sem o pejo da manipulação. Ainda assim, muitos ficaram reféns de idiossincrasias fruto da sua origem. Seu padrão de conduta mantém-se de alguma forma restrito ao figurino - ainda como marionetes - que lhe fora imposto.

Já os bem-nascidos, por não terem amassado barro, comido poeira e/ou enfrentado dificuldades maiores, acabam encontrando o prato pronto e passam a agir , simplesmente respondendo ao modelo oferecido pelo patrono - em geral, um ascendente expressivo - como se lhes faltasse disposição para o novo ou coragem para ousar com idéias que lhes fossem próprias - caso as tivessem.

Em muitos casos, o interesse individual - ganância e busca desmedida do poder - acaba orientando a atuação do político e movimenta suas ações exclusivamente no sentido da realização pessoal, desprezando qualquer sentido coletivo decorrentes de eventuais compromissos pretéritos.

Poucos são aqueles - podemos contá-los nos dedos - que se mantêm fieis às suas origens e preservam seus vínculos com as causas que abraçaram, mantendo postura honrada e digna, ainda que tentado pelo meio e circunstância que cercam o parlamento brasileiro. Alguns acabam sucumbindo e outros dispersam pela incompreensão dos seus eleitores.

Com isso, a atividade política nacional e a atuação individual dos parlamentares, governantes e administradores em geral, vão se realizando nesse imenso teatro, chamado Brasil - num faz-de-conta constante - que nos conduz a um ponto indefinido do futuro !

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