domingo, 8 de outubro de 2006

Cronista esportivo - profissão em extinção.

Não chega ser jornalista - na acepção mais ampla do termo - por lhe faltar qualidades, dedicação ao mister e profissionalismo. Acaba se revelando em um espécime anódino, sem expressão e/ou conteúdo, que transita impune por uma área - onde já atuaram personagens inesquecíveis do jornalismo brasileiro. Admita-se que o esporte nacional, particularmente o futebol - a exceção seria a seleção de volei, apenas para confirmar a regra - vivem em marasmo inacreditável, decorrência do abandono de dirigentes capazes e, principalmente, da indiferença da população. Salvo alguns loucos desvairados, que se digladiam em lutas fratricidas ao invés de simplesmente torcerem para seus times, as demais pessoas interessadas pelo futebol acabaram deixando de assistir o esporte bretão - até mesmo pela televisão. Pela ausência de criatividade - o certo seria dizer discernimento - dos treinadores e falta de técnica, aliada à habilidade da maioria dos nossos atletas, as partidas de futebol tornaram se medíocres, lentas, cansativas e, por conseguinte, incapazes de nos deter à frente da televisão - quiçá nos espolgar. A par disso, os cronistas esportivos - expressão sem grande significado, semelhante a do produtor musical - transformaram-se em pregadores da mentira. São incapazes, por incapacidade profissional ou receio de perderem seus empregos, de refletirem em seus textos a realidade desses sonolentos e sem emoção espetáculos esportivos - verdadeiros engodos, o código de defesa do consumidor devia puni-los. A baixa qualidade é refletida pela pobreza dos seus textos - agora, ainda mais comprometido, pela sanha de ex-jogadores de futebol e cineastas desocupados. Outro dia, um dos profissionais que ocupa esse espaço no "Estadão" registrou:- "O encanto se rompeu, o vaso do amor pela seleção quebrou e só será colado em momentos especiais, como a Copa do Mundo." Apenas para lembrar, ao término da Copa do Mundo, o comércio acumulava mais de 40.000 televisores em seus depósitos. Ainda assim, esse pseudo profissional prolifera pelas rádios, televisões, jornais e revistas. Alguns se passam por garotos propagandas; outros atuam como animadores de programa de auditório. Os mais ladinos se tornam políticos e acabam obtendo um mandato popular ou abrigam-se na assessoria de algum político ou dirigente de clube esportivo. Poucos se salvam. Até quando ?

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