quarta-feira, 8 de março de 2006

SUA EXCELÊNCIA, O BUROCRATA

Figuras que procuram se conservar à sombra, para perpetuar-se num fazer nada. Onde é que elas sabem agir? (trecho tirado de leituras esparsas)

A clássica figura do burocrata é sempre relacionada com a administração pública, mas também podemos encontrá-la, até com certa freqüência , na atividade privada. Em qualquer situação ou condição é sempre um personagem execrável e desprezível, por representar a insensibilidade, falta de compromisso com seu semelhante, desídia, indiferença com os problemas e sofrimentos alheios e tudo mais que denuncia uma pessoadesprovida de atributos morais relevantes.

Em geral é desidioso por convicção, tanto faz na empresa privada como no serviço público, sua disposição primordial é o emprego, nunca o trabalho digno e produtivo. Logo, na atividade particular dificilmente consegue se manter por muito tempo numa mesma posição e muito menos seperpetuar no escaninho de um faz de conta sem fim.

Já no âmbito da administração pública, onde as regras - tanto para a admissão como para a exclusão - são complexas e muitas vezes de difícil aplicação, torna-se um refúgio tranqüilo para esse espécime de qualidades tão indesejáveis - tanto nociva, como longeva.

Há que se concordar:- a sombra é o ambiente propício para a sobrevivência de ser tão desprezível ! O próprio burocrata se classifica como limitado e com isso procura se esquivar de funções complexas e de maior responsabilidade. Tem preferência por atividades que não exijam aplicação e muito menos constância - a continuidade e presteza do serviço público, para ele, são apenas abstrações - prefere na verdade os dias de descanso, férias e licença-prêmio, quando não, umafalta abonada ou licença-médica, em geral imotivada.

Uma característica marcante do caráter do burocrata é a subserviência - a bajulação, o puxa-saquismo - e encontra terreno fértil em chefias que gostam de usufruir desse tipo de situação. Na maioria das vezes, são ineficientes na repartição, mas produtivos em atividades extras, como cuidar da casa enquanto o chefe viaja; levar a mulher para
compras e filhos para o colégio, além de trazer sempre as últimas novidades - fuxico mesmo - decorrentes de comentários ouvidos ou atuações observadas dentro ou fora do ambiente de trabalho - o verdadeiro dedo duro.

Outra característica marcante do burocrata é a sua capacidade de relegar - não estou falando em delegar - seu serviço e, por conseguinte, sua responsabilidade para um ou mais subordinado. Não precisam ter capacidade e muito menos conhecimento técnico para realização do ato, basta que o realize, visto que a qualidade e tempestividade do serviço prestado, por certo não estão incluídas no elenco de suas intenções.

Louva-se no princípio:- se tudo correr bem, o mérito é meu, caso surja algo errado ou, simplesmente equivocado, a culpa é do funcionário que executou a tarefa. Essa figura, que sempre se põe à sombra nos escaninhos da administração, numa postura submissa e sorrateiramente despretensiosa, assiste passivamente seus pares se projetarem - muitas vezes por mérito - a cargos de direção. Geralmente não se rebelam, pelo contrário, apresentam-se como resignados, mesmo porque nunca demonstraram iniciativa e muito menos eficiência para reivindicarem o posto, mas de qualquer forma permanecem na espreita, num comportamento próximo da hiena, no aguardo de seu momento. De repente, o cargo tão almejado vaga e sempre por falta de opção, acaba esse tipo negligente e impopular erigido à posição de mando.

Por essas e por outras, é preciso distinguir e valorizar o bom funcionário - felizmente, maioria na administração pública - assíduo em sua obrigação, diligente no aprimoramento de sua atuação e sempre disposto a oferecer o melhor de si em prol da qualidade do serviço prestado, atributos esses que o diferem, evidentemente, do indesejável BUROCRATA !

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