quinta-feira, 30 de março de 2006

O PIPOQUEIRO NENÊ PIEDADE

O senhor "Nenê Piedade", com seu sotaque mineiro - falando meio cantado - tio do meu amigo Gerson de Oliveira Piedade, era proprietário de um carrinho de pipoca. Toda noite estacionava na Praça Mello Peixoto, esquina oposta do Bar Paratodos, bem ao lado do garapeiro "Antonio Português" ( ou seria Manoel ? ).

O "seu Nenê". Como era tratado, não era um pipoqueiro comum. Seu carrinho, todo em alumínio, muito bem conservado e mantido impecavelmente limpo. Pessoalmente, o vendedor também se esmerava no asseio. Barbeado e com gorro na cabeça, trazia o guarda-pó branco e muito bem alvejado.

A matéria prima, milho, óleo e sal eram acondicionados em vasilhames guardados em compartimento separado do seu produto final. O sal era oferecido numa vasilha pouco comum. Assemelhava-se a uma coqueteleira de alumínio e com furos assimétricos, permitindo ao gosto do freguês servir-se da quantidade necessária para tornar a pipoca ainda mais saborosa. O óleo para fazer o milho espoucar era de uso comum na cozinha, mas de marcas tradicionais, como "Sanbra" e "Anderson Clayton" extraido do caroço de algodão ou do amendoim, já que o soja ainda não existia como planta nacional.

Os utensílios utilizados igualmente eram da melhor qualidade. A panela usada pelo "seu Nenê" no preparo de sua pipoca, nada devia àquelas vasilhas de alumínio que as donas de casa costumavam exibir orgulhosas em suas cozinhas, pois também brilhava e não apresentava vestígio de óleo queimado no fundo. A tampa da panela, na forma abaulada e com inúmeros furos permitiam a saída de vapor do seu interior, enquanto o milho explodia. Uma manivela permitia mexer o milho com a panela fechada, sem contato manual e evitando o desperdício do produto.

Mas, o capricho maior do "pipoqueiro Nenê" se revelava nos cones de papel - branco, então muito usado em padarias e açougues - para acondicionar a pipoca que vendia. Ele próprio os confeccionava, individualmente, rigorosamente com a mesma dimensão e formato, e os dispunha de tal forma que facilitava o atendimento dos fregueses com rapidez, higiene e presteza.

O pipoqueiro estacionava seu carrinho sempre no mesmo local e com a mesma disposição se dedicava à sua rotina de trabalho. Nos dias de semana atendia os fregueses sem maior atropelo, mas aos sábados, domingos e feridos a demanda aumentava e o "seu Nenê" encontrava dificuldades para "estourar a pipoca" e atender a freguesia, principalmente na saída das sessões corridas do Cine Ourinhos.

Nessas ocasiões, Gerson e eu, fregueses assíduos do bom pipoqueiro, acorríamos para auxiliá-lo - tio Nenê, como ele dizia - a título de colaboração e com a certeza de estarmos praticando uma boa ação. Nem mesmo percebíamos que se tratava de um aprendizado de dedicação ao trabalho honesto e profícuo. Ao final do movimento, como recompensa, cada um recebia, o maior pacote de pipoca disponível.

Descrever situações como essa, é uma forma de reconhecer a importância de uma infância e adolescência simples, tranqüilas e ricas de exemplos e valores para levarmos como reserva pela vida a fora.

Por tudo isso, conviver e aprender com pessoas da qualidade do senhor "Nenê Piedade" e usufruir da amizade de Gerson Piedade, meu bom amigo "Tico", das quais guardo recordações memoráveis e muita saudade, foi - sem dúvida - um privilégio!

terça-feira, 28 de março de 2006

Essa foi para o JB - que diz que pode dar Heloisa Helena

Desconjuro! Faria o sinal da cruz, se soubesse. Com todo respeito que a senadora Heloisa Helena merece, como mulher, professora e nordestina, chega de radicalismo inconseqüente. Não merecemos viver as experiências que Argentina, Bolivia e Venezuela estão suportando. Chega de emoção ! Passamos mais de três anos - torcemos para completar o quarto - apreensivos, sempre na expectativa do presidente Luiz Ignácio por tudo a perder. Acho que agora não dá mais tempo do caldo desandar, mesmo faltando nove meses. Tempo suficiente para gerar um monstro. É preciso mantermos a guarda e permanecermos atentos. Não basta apenas torcer. Então, prezado colunista, não nos deixe ainda mais apreensivos do porvir. Preferimos a previsão. Ela é mansa e pacífica. Já a anunciada imprevisão, depois dos sessenta, deixa a todos nós angustiados.

segunda-feira, 27 de março de 2006

Comentário ao "Carnaval & Plenitude"

"Eu que não creio peço a Deus
por minha gente . . ."

trecho de Gente Humilde
música do Garoto

A plenitude proposta pelo Frei Bento (leia aqui) seria a mesma descrita pelo Dicionário Houaiss, como integridade ou apenas sinônimo de perfeição. Ou teria a forma de resignação e reconhecimento por erro cometido ou praticado reiteradamente. Assim, estaria o sábio dominicano reconhecendo que também cometeu equívoco - eufemismo muito utilizado pelos petistas quando admitem terem cometido erros ou até mesmo crimes no exercício do poder - no período que participou do Governo Federal. Ou estaria apenas anunciando a boa nova:- "Façam o que eu mando, mas não façam o que eu faço". No caso, o que teria feito quando apoiou, orientou e trabalhou para um governo corrupto. Haja penitência, desde que a realize via purgativa, para livrar-se da tendência nefasta que permeia a corrente política que integra e faz questão de defender.

Mercadante é o Schmidt de Luiz Ignácio . . .

A participação de Aloisio Mercadante Oliva no episódio Palocci fez lembrar Schmidt, personagem do ator Calloni, na mini-série JK. Assim como o poeta, Mercadante aguardava ser o indicado para suceder Palocci, mas acabou sendo apenas consultado para sugerir um nome parta o posto. Ainda por cima, sujeitou-se a anunciar Guido Mantega, como Ministro da Fazenda. Agora, falta apenas perder para Marta a indicação para o Governo do Estado de São Paulo. Até quando o filho do General Oliva vai suportar essa situação?

domingo, 26 de março de 2006

Polícia Federal sem padrão

Todo e qualquer órgão, instituição ou empresa, na sua constituição e funcionamento, costuma estabelecer alguns parâmetros como padrão ideal de conduta para sua direção e corpo de funcionários. É o mínimo exigido para qualquer organização que busque a eficiência, reconhecimento e respeito do seu público alvo.

O correio brasileiro e o corpo de bombeiros são exemplos de bons prestadores de serviços. Os institutos de pesquisas revelam seguidamente que a população destaca as duas instituições como modelos seriedade na prestação de serviço. A confiança, respeito e credibilidade são qualidades sempre destacadas.

Enquanto isso a Polícia Federal, por mais que se queira destacar sua atuação em operações de grande visibilidade - pela mobilização de grande efetivo, meios e amplitude - e repercussão nos meios de comunicação, não desperta na população o mesmo prestígio. Por certo decorre da ausência de algum atributo na sua organização ou falta de preparo e disposição para exercer com eficiência e desvelo suas atribuições constituticionais.

Ouso adiantar-me nesse comentário, para dizer que a ausência de uniformidade no trato de assuntos, que guardam algum similitude, talvez explique essa falta de reconhecimento público, que rotineiramente se transformam em alvo de crítica e acusação de estar a serviço do governante de plantão.

Como exemplo, nada mais oportuno e apropriado, que o episódio do caseiro Francenildo Costa. Pelo que consta, a Polícia Federal foi acionada para investigar e organizar a primeira fase da persecução criminal - referência pomposa ao nosso decrépto inquérito policial - do crime perpetrado contra aquele cidadão, quando teve seu sigilo bancário devassado ilegalmente.

Qual não foi a surpresa - não só do ofendido, mas de todos nós acredito - quando a autoridade policial proclamou que Francenildo comparecia àquele órgão para prestar declarações - o correto seria assumir, o interrogatório ! - como investigado. Eufemismo, muito usado nos últimos tempos, para amenizar a expressão indiciado, por esta denotar acusação e culpa.

O mesmo delegado de polícia ignorou até mesmo que o caseiro já havia oferecido seus sigilos fiscais, telefônicos e bancários, perante o Congresso Nacional, para anunciar que estava tomando também aquela providência, a fim de apurar crime de "lavagem de dinheiro".

Oportuna a intervenção do Ministério Público Federal - ainda que de forma parcial - que busca, através de habeas corpus, obstar o prosseguimento da investigação contra o caseiro, argumentando que o inquérito policial contra Francenildo apenas buscava desqualificar seu testemunho perante a CPMI dos Bingos.

Há que se lamentar que a Polícia Federal, de forma reiterada, em outros momentos - igualmente importantes para a vida política nacional - não agiu com a mesma diligência. Apenas para exemplificar, o inquérito policial instaurado contra Waldomiro Diniz (acredito, eu ?) para o apurar o crime praticado e assistido por toda a população brasileira, até hoje não teve o seu desfecho. Outro episódio, foi a propina recebida por Maurício Marinho, diretor dos Correios, que chegou a ter momentos espetaculosos - com prisões de envolvidos e buscas - para depois quedar-se em algum escaninho da administração pública.

Ainda assim, os dois casos mencionados não serão esquecidos, mesmo porque existem inquéritos policiais organizados - um dia vão ser relatados e encaminhados para a justiça - e o Poder Legislativo anda investigando os mesmos fatos e sua conclusão será tornada pública e encaminhada ao Ministério Público Federal.

A nossa intriga e perplexidade, permanecem remoendo nossas entranhas e cidadania é o sentimento de omissão da Polícia Federal, diante da manifesta ausência de parâmetros para atuar - em situações perfeitamente assimétricas - nos deixam deverás indignados e certamente desconfiados da correção de suas ações.

Por oportuno, cabe apenas lembrar de outros episódios recentes envolvendo criminalmente altos próceres do Partido dos Trabalhadores. A conduta de Silvio Pereira, particularmente quando recebeu - confessou e exibiu - o jeep Land Rover da empresa GDK para interceder a seu favor junto à Petrobrás. Ainda que em tese, fica claro existir crime nesta ação e em outras denunciadas. O enriquecimento ilícito de "Silvinho" ficou escancarado. Só não viu quem não quis ! O veículo seria uma prova material a ser preservada, mas não o foi. Outras poderiam ser buscadas em seus diversos domicílios, escritórios e sede do partido.

Quanto a atuação do Delúbio Soares, na condição de articulador político / financeiro do governo, evidente que deixou no seu caminho marcas indeléveis da prática de crimes, volto a repetir, ainda que em tese - basta para instauração de inquérito policial, não é? - . Apenas para exemplificar pode-se dizer que o Tesoureiro do PT - este sim, de forma continuada - praticou crimes contra o sistema financeiro nacional, ou como mencionou o Coaf no episódio do caseiro, "lavagem de dinheiro". As provas materiais e documentais poderiam ser igualmente obtidas através de buscas e apreensões, escutas telefônicas e outros meios da especialidade da PF.

Outras ações ilíticas - mesmo em tese - poderiam ser atribuidas a Genuíno, José Dirceu, Sereno, Gushiken e outros, mas infelizmente a Polícia Federal - por razões outras - manteve-se inerte e apenas agora, num rasgo de coragem, ousadia e eficiência diz atender provocação do Coaf e sai na caça do caseiro / criminoso.

É bom ficar registrado que as ações dessas pessoas vinculadas ao Partido dos Trabalhadores e outras, como "Vavá" e o Júnior, respectivamente irmão e filho do Presidente Luiz Ignácio, por não terem sido objeto de inquérito policial, dificilmente terão registro oficial, por mais que sejam denunciadas como crimes.

Pudera ! O Fracenildo, além de criminoso é muito falante.

A exposição não esgota o assunto, mas permite antever que a Polícia Federal continuará a servir ao governante de plantão e a seus asseclas, pouco importando a avaliação da população - aliás, parece ser doutrina nos órgãos policiais - e o conceito que venha merecer da opinião pública.

Março / 2006 - Guarujá

sábado, 25 de março de 2006

Concessões do relator não farão PT aprovar relatório

Já assitimos esse filme antes! Durante o Congresso Constituinte os petistas apresentaram sugestões, impuseram rejeições e até mesmo conseguiram introduzir regras que tornaram a Constituição de 1988 um texto desconexo da nossa realidade - para dizer o mínimo. Ao final, num gesto teatral, grotesco e de caráter demagógico, toda bancada do PT negou-se a assinar a carta magna, alegando que esta favorecia o capital em detrimento do povo. O mesmo aconteceu quando da discussão e votação da Lei de Responsabilidade Fiscal, que deu nova dimensão à administração pública brasileira. Então doutor Serraglio, não adianta o nobre deputado fazer concessões - já retirou o nome de Gushiken e agora parece que não vai tocar no favorecimento do "lullinha" pela Telemar.. Por mais concessões que o deputado paranaense venha oferecer, ao final a bancada petista não contribuirá com seu voto para aprovação do relatório final da CPMI dos Correios. Entenda, qualquer que seja a sua versão! Por isso, sugiro que preserve o seu nome e a sua história, apresentando o relatório que reproduza a verdade dos fatos e aponte o nome dos envolvidos.

sexta-feira, 24 de março de 2006

Qual seria o crime do caseiro?

A Polícia Federal instaurou inquérito policial - único instrumento legal para se realizar investigação criminal, no âmbito administrativo - contra o caseiro Francenildo Santos Costa. Nessa situação, é obrigação da autoridade policial capitular, ainda que em tese, o crime a ser investigado, sob pena de trancamento da investigação através de habeas corpus. Crime de sonegação fiscal? Não parece estar caracterizado. A doação Francenildo recebeu no presente exercício (2006) e sua obrigação fiscal perante a Receita Federal para declarar seus rendimentos, justificando sua origem e quitando eventual IR devido, é prevista para o ano seguinte - março/abril de 2007. Por outro lado, o crime tributário - recentemente ocorreu no caso Schincariol e existe decisões de tribunais a respeito - somente permite persecução criminal após esgotado o assunto na esfera administrativa. O crime contra o sistema financeiro - "lavangem de dinheiro" - cogitado pelo Coaf , cheira a armação e alcança as raias do ridículo. Isso para dizer o mínimo! Assim, constata-se que essa investigação não exibe a necessária "justa causa", revelando-se manifesta coação ilegal contra o caseiro Francenildo, perfeitamente impugnável via habeas corpus.

quinta-feira, 23 de março de 2006

A verticalização agradou a todos

A decisão do STF não teve a repercussão esperada. Ninguém contestou e muito menos lamentou, até parece que agradou a todos. Essa letargia, não demonstra que regra estabelecida pelo Congresso Nacional foi declarada inconstitucional por outro Poder da República e, portanto, não será aplicável no pleito de outubro. Lembram-se da mobilização para aprovar a emenda-constitucional. O interesse seria apenas do Planalto? Sua prioridade, naquele momento, ensejou a convocação extraordinária. Podemos então concluir:- a obrigatoriedade da verticalização nas próximas eleições nacionais não tinha a relevância anunciada; ou, apenas se tratava apenas de um jogo de cena, muito comum na seara da política nacional, sempre buscando outro desiderato - não aquele anunciado - assim dissimulam sua verdadeira intenção e outra vez ludibriam a opinião pública. Como se tudo não passasse de uma brincadeira de "faz-de-conta". Mas, vamos ao voto, sem perder o espírito crítico e nossa indignação.

quarta-feira, 22 de março de 2006

AULAS DO PROFESSOR "MINGO"

Antes é preciso lembrar que nossos pais foram amigos, já que ambos atuavam no mesmo ramo de comércio. Recém casados , os dois casais costumavam sair para almoçar, inclusive dando esticadas para cidades vizinhas, como Jacarézinho, Cambará . . .

Por razões decorrentes da vida, as relações se distanciaram. Mesmo assim, em algumas ocasiões deparei com o senhor "Duia" visitando meu pai no açougue e batendo longos papos. Cablocos assumidos, conversavam em tom bastante alto e faziam seus discursos com tal veemência que mais parecia calorosa discussão.

Mais tarde, os filhos mais velhos dos casais acabaram se encontrando no movimento estudantil. Por certo, movidos pela mesma paixão e atuação na política partidária / ideológica - como seus pais, tornaram-se amigos fraternos.

Alguns anos se passaram. Meu pai faleceu e a família transferiu seu domicílio para São Paulo. Fiquei então sabendo que o vereador Domingos Perino Neto, em respeito, reconhecimento e evidente manifestação de amizade havia apresentado projeto na Câmara Municipal de Ourinhos, indicando José Cerqueira, meu pai, para nome de rua na cidade. A todos nós comoveu e o apreço, na forma de gratidão, pela pessoa do professor e historiador ficou ainda mais enraizada em nossa família.

Mais algum tempo decorreu, estava eu no consultório do doutor Cláudio Sanches, querido amigo "Tigum", bom de bola e excelente papo, cirurgião-dentista da família, na cidade de Assis, quando ouvi a seguinte história do seu tempo de Universidade Federal de Curitiba. Com seu jeito peculiar, contou:-

- "Noel, eu tinha um colega de república lá de Ourinhos. Jovem inteligente, cultura acima da média e politizado, que a todos nós encantava por ter participado ativamente da política em sua terra, efervecente nos primeiros anos da década de 60. Certa manhã, "Mingo" com a mesma calma que contava seu engajamento na criação e formação dos primeiros sindicatos de trabalhadores rurais da região, arrumou suas malas e surpreendendo a todos afirmou que estava abandonando a Faculdade de Odontologia e retornava para Ourinhos para fazer o Curso de História. Deixando todos atônitos !"

Outra década se passou e certa feita, por sugestão do Aureliano recebia na cidade de Palmital, o professor Domingos, ainda vereador em Ourinhos e candidato a deputado estadual. Quis lhe prestar uma homenagem, quando o levei até o Sindicato dos Trabalhadores Rurais que ele ajudou a criar e fazer funcionar, inclusive organizando as primeiras greves na Fazenda Boa Vista. Infelizmente, obra dessas ironias que a vida nos prega, as atas e registros da fundação do sindicato haviam sido confiscados pela repressão policial, logo após o golpe de 1964.

Aproveitei a ocasião para mostrar-lhe a cidade e apresentá-lo para pessoas da minha relação. Ocasionalmente, acabei encontrando o belo casal Dra. Maria Luiza e Dr. Horus, ela advogada e presidente da OAB; ele arquiteto, com especialização em urbanismo, na avenida das Flores. A formalidade da apresentação foi logo dispensada, mesmo porque a simplicidade de Domingos e seu jeito retraido não permitiam grande efusividade. Mas no caso, foi logo reconhecido e festejado como o brilhante professor de história que ambos tiveram o privilégio - palavras deles - de ouvir, quando alunos no Ginásio Estadual de Palmital. Em seguida, surgiu Nelson Hidalgo, serventuário da justiça, e outros ex-alunos do "Mingo". O canteiro central daquela avenida foi palco de rara demonstração de carinho para um profissional do ensino, reconhecimento espontâneo da sua importância para formação intelectual daquelas pessoas. Sensibilizado, o professor teve dificuldade de apresentar o candidato a deputado estadual.

Recentemente, o professor aposentado, deu oportunidade ao brilhante historiador. Domingos - com a colaboração do filho - foi buscar nos escaninhos da administração municipal uma preciosidade. Vista áerea da cidade, datada de 1939, exibida em detalhes - num belo trabalho de pesquisa e historiografia - nas páginas da Folha de Ourinhos, localizando a moradia dos primeiros moradores da avenida Jacinto Sá e suas adjacências.

Atualmente, mesmo distante da política e das lides partidárias, "Mingo" ainda dispõe de prestígio suficiente e inata capacidade de aglutinação das pessoas, mesmo com seu jeito acanhado, participa ativamente e sabe influir decididamente no resultado de eleições, sem buscar as benessses do poder e nem sempre encontra o reconhecimento merecido.

Agora, longe das salas de aula e afastado da política, "Mingo" dispensa sua força e inteligência em prol dos índios do Xingu, com os quais frequentemente convive e consegue manter a mesma relação fraterna. Mais uma vez sua iniciativa e disposição a todos nós surpreende e contagia!

terça-feira, 21 de março de 2006

ÁREAS DEGRADADAS

Ainda criança, quando a caminho do Grupo Escolar "Virginia Ramalho" - "Grupinho" - me assustava com o imenso "buracão", produzido pela erosão das águas da chuva e também servidas. A cratera praticamente alcançava a rua Gaspar Ricardo, na altura da rua Brasil (?) - da Padaria Itoda - e apenas os mais audaciosos ousavam se aproximar, já que a recomendação dos pais era no sentido contrário.

Até então, essa erosão produzia a única área degrada da cidade e se iniciava nas terras do senhor Ângelo Christone, comprometendo boa parte da Barra Funda - sempre achei que a denominação do bairro decorria da existência do "buracão". Algumas ruas, como a Pedro de Toledo - proximidades do Armazém do Nelo e do Victório Toloto ; a rua Visconde do Rio Branco - fundos da casa do "Coró", percursor da separação de material reciclável, e diversas construções tiveram suas estruturas comprometidas devido ao solapamento de suas fundações.

O poder público municipal, com o decorrer dos anos e o aumento dos terrenos erodidos foi exibindo falta de capacidade técnica para combater o fenômeno. As críticas e descontentamento popular foram se avolumando - decorrência dos sérios prejuízos patrimoniais - até que o assunto passou a figurar como plano de governo nas campanhas municipais.

Parece-me que coube ao Prefeito "Barbozinha" - dono de considerável área no bairro - solucionar o problema através de construção de galerias para escoamento da água das chuvas e também o despejo das ferrovias. Isso já no final da década de 50, um pouco antes do calçamento da avenida Jacinto Sá e adjacências.

Com o problema solucionado e as áreas recuperadas, ruas e calçadas voltaram a ser transitáveis com segurança, diversas construções residenciais passaram a ser realizadas e até mesmo a Padaria Itoda pode ter sua área industrial expandida e a bela moradia de seus proprietários edificada.

Felizmente, por décadas, a nossa cidade não exibiu outra área tão degrada. Agora, nas minhas passagens por Ourinhos lamento observar e constatar com uma ponta de tristeza que outras áreas, então consideradas de utilidade pública - como a estação ferroviária, moradias dos ferroviários, oficinas e imensos páteos para manobras dos trens - ou de intensa produção industrial como a Sambra, Cargill e Prado Chaves, ou ainda, a minha querida e saudosa avenida Jacinto Sá, cuja história foi tão bem reportada pelo amigo Domingos Perino, encontram-se em estado lamentável de degradação, abandono e/ou vazio justificado apenas pela especulação imobiliária.

A emoção, decorrente da saudade, me faz lembrar da avenida Jacinto Sá como polo comercial, industrial e de serviço. Ali existiam uma dezena de hoteis e pensões que abrigavam pessoas das mais variadas origens. Médicos, bancários, funcionários públicos, professores, operários, mascates e viajantes, ocupavam aqueles estabelecimentos, na condição de pensionistas - tinham o local como suas moradias, ou simples diaristas, que se tornavam assíduos em suas passagens obrigatórias pela cidade.

Aureliano, meu irmão mais velho, reconhecidamente o melhor cérebro da família, ao falar da avenida Jacinto Sá e das pessoas que ali moraram, costuma - com uma propriedade incomum - denominar a nossa rua, como avenida Nações Unidas, já que ali habitavam e exerciam as mais variadas atividades homens e mulheres das mais variadas nacionalidades, com respeito, amizade e harmonia. Tínhamos a família Herzenian, de origem Armênia, com suas belas mulheres. A colônia sirio/libaneza (?) representada pelas famílias Abujanra, de diferentes matizes. Tanaka, Fujii. Maeda, Shinohara. Suzuki, famílias japonesas que se tornaram brasileiros, sim senhor ! Os Migliaris, Ferraris, Moias e Tolotos, italianos de origem, cada um a seu modo, conviviam em verdadeira comunidade. O senhor Manoel de Oliveira, grande amigo do meu pai, Joaquim Luiz da Costa, em cujo imóvel moramos por anos na condição de inquilinos, representavam o nosso querido Portugal. Ainda tinha o senhor Miguel, húngaro de nascimento, morava sozinho e construia brinquedos em madeira, fabricou a minha caixa de engraxate - igual a do Pelé, podem acreditar !

Logicamente, com o passar dos anos os prédios comerciais e residenciais ali existentes desde as primeiras décadas do século passado, tornaram-se obsoletos e foram se degradando. Mas, deparar com a avenida Jacinto Sá e as áreas adjacentes ocupadas com imensos galpões industriais, ou simplesmente exibindo terrenos de grande valor econômico e social, totalmente ociosos ou, simplesmente servindo - como suas vias - de estacionamento para caminhões a serviço de um grupo industrial, causa indignação, para dizer o mínimo. Isso por se tratar de área privilegiada, localizada na primeira rua urbanizada da cidade, a poucos metros do centro bancário e comercial, relegada a simples reserva imobilizada, cujo titular dela dispõe como propriedade privada, sem qualquer intervenção do poder público municipal ou contrariedade das lideranças locais. Constitucionalmente, seria oportuno indagar:- Qual a função social daqueles terrenos ?

Igualmente bem localizadas e passíveis de uma melhor destinação, deparamos com as instalações das ferrovias, páteos de manobras e construções - algumas já ocupadas e muito bem utilizadas - e as áreas dos grandes armazéns. O poder público, em suas diferentes esferas, poderia induzir - com algum incentivo - a iniciativa privada dar destino mais conveniente e de interesse econômico / social para as áreas degradas ou em processo de subutilização em nossa cidade.

Na forma de saudade, procurei reproduzir uma realidade que me intriga. Cabe agora às lideranças municipais voltarem-se para o problema e no espaço que lhes permite a sensibilidade e ousadia encaminhar o assunto para discussão, ficando a solução para mais adiante.

segunda-feira, 20 de março de 2006

Foquismo às avessas

Muitos devem se lembrar do "foquismo" como estratégia guerrilheira, em movimento revolucionário. Aqui no Brasil tivemos como exemplo do emprego do "foquismo" a guerrilha do "Araguaia" e do "Caparaó", este último abortado no nascedouro. Em síntese, a proposta era criar grupos de insurgentes em diversos pontos do país, onde suas fileiras seriam engrossadas com a adesão da população local e assim conseguir minar e depois tomar o poder central. Agora, vejo a administração do município de São Paulo adotando como política pública uma tática semelhante ao "foquismo" quando passa a empregar em bairros - "nichos" de desigualdade e violência - medidas de ações sociais em parceria com a população. O modelo está sendo testado no Jardim Ângela com vista a prevenir o crime e atender a população em suas necessidades básicas. Alguns resultados já apareceram, a taxa de homicídios diminuiu e o engajamento dos moradores foi significante. Assim, a Prefeitura tende a estender as ações para outros bairros Brasilândia, Grajáu e Lajeado, também considerados violentos e carentes dos serviços públicos elementares - saúde, limpeza e iluminação pública, escola, transporte digno, lazer, segurança, assistência social, etc. - Essa experiência da Prefeitura de São Paulo deve servir de exemplo para outras cidades do Estado e do País, lembrando que nas cidades menores os resultados poderão ainda ser melhores, desde que haja disposição do Poder Público e adesão da população.

Basta de amadorismo nas forças armadas !

Os últimos acontecimentos - invasão de quartel, roubo de armas, escaramuças nos morros e militares e ex-militares envolvidos - apenas dão respaldo à tese de profissionalização dos integrantes das forças armadas brasileiras. Só não vê quem não quer ! O Exército, Marinha e Aeronaútica estão selecionando, treinando e formando jovens que vão servir ao crime organizado. Isso já vem acontecimento há um bom tempo. Não adianta o Exército argumentar que as seleções são realizadas com critério e antes de convocar o jovem para o serviço militar obrigatório sua vida familiar, criminal e social é pesquisada. É uma falácia ! O serviço militar obrigatório deve ser reavaliado. Em outras partes do mundo já foi abolido, por não atender mais a necessidade, peculariedades e especialização da atividade militar atualmente essencialmente técnica, com emprego de alta tecnologia, exigindo conhecimentos específicos. A profissionalização dos efetivos de nossas corporações militares - assim como já ocorre no âmbito dos oficiais e até mesmo graduados - deve ser considerada também no âmbito das praças de pré. Os jovens, em geral de origem mais humilde, sonham com o serviço militar e ao se apresentarem para seleção, o fazem na expectativa e esperança de encontrar a possibilidade, não só de subsistência, mas também de obter qualificação profissional, aliado ao orgulho de ser militar e servir à pátria. A realidade é outra ! Ao concluirem o tempo de serviço - que pode variar, dependendo da existência de verbas, passando pelo grau de subserviência ao rigor das regras e até mesmo a simpatia dos comandantes - o reservista depara com uma realidade nua e crua. Além do documento - Certificado de Reservista - logo percebe que pouco ou quase nada foi acrescentado à sua vida, tampouco à sua formação, em particular quanto à sua qualificação profissional. No máximo aprendeu a dirigir algum tipo de veículo motorizado e tornou-se especialista em desmontar, limpar e municiar uma arma de fogo - em geral fuzil, metralhadora e pistola - além dos hinos e símbolos de louvor à pátria e nome dos patronos das armas da república. Com essa bagagem o jovem - um pouco mais ousado pela coragem e valentia que lhe foi difundida - retorna para sua comunidade, como já foi lembrado geralmente carente que não lhe oferece, nem mesmo razoáveis perspectivas de vida digna e honesta. Todo ano, o Exército, Marinha e Aeronaútica são obrigados a descartar um sem número de jovens nessas condições, sobre os quais passa a não ter mais qualquer controle ou acompanhamento, salvo os esporádicos e nem sempre concorridos exercícios de apresentação nos quartéis. O Congresso Nacional , aliado aos demais poderes da república, consultando os segmentos diretamente interessados e auscultando o clamor da sociedade, poderá levar adiante essa questão, sempre levando em conta as dificuldades da atual quadra nacional na área da segurança pública; a pouca atuação das forças militares nesse contexto e a necessidade premente de dar um novo sentido à nossas guarnições no âmbito de suas atribuições constitucionais, rediscutindo o Serviço Militar Obrigatório nos moldes atuais, considerando ser indispensável a profissionalização do militar e como evitar a exposição de nossos jovens - com treinamento militar - à capitulação pelo Crime organizado ou não !

domingo, 19 de março de 2006

A pena de morte vigorou em Salto Grande

É verdade!

Podem acreditar !!!

Corria então - em meio a uma intensa atividade política - a primeira metade da década de 60, cujo desfecho todos nós conhecemos: a deflagração do Golpe Militar com a destituição do Presidente João Goulart e a imposição de um regime de exceção nos vinte anos seguintes.

Mas, na aprazível e calma Salto Grande - plantada às margens da Represa da Usina Lucas Nogueira Garcez, ou melhor, a cidade já estava lá edificada à beira dos rios Paranapanema e Novo quando a usina chegou para alterar definitivamente a sua paisagem - a sucessão dos dias caminhava de maneira sossegada, salvo na área da Segurança Pública onde o ambiente não era dos mais tranqüilos.

É bom que logo se esclareça. Essa conflagração não decorria dos efeitos da edição do Ato Institucional nº 1 e muito menos da prisão de algum estudante mais contestador e inconformado com a nova realidade ou de simpatizante do partidão que insistisse em pregar a revolução proletária.

Tratava-se apenas da falta de sintonia e desentendimentos que acabaram minando o relacionamento - que deveria ser harmônico e respeitoso - entre o delegado Chico Paschoal, recém nomeado, e o escrivão Aranha que atuavam na Delegacia de Polícia daquele município.

O escrivão de polícia, profissional já com alguma experiência e conhecedor de seu mister, por certo insatisfeito com a postura do jovem bacharel em direito que assumira a direção daquela unidade. Como já foi adiantado, tratava-se de um jovem, recém formado, ainda solteiro, por certo empolgado com a condição de autoridade policial - ainda que nomeado delegado substituto, por indicação política - se comprazia mais com as noites ourinhenses - cidade sede da comarca - onde residia confortavelmente no melhor hotel, relegando o estafante e rotineiro afazeres do dia-a-dia da repartição policial ao dedicado subordinado. Estaria, assim - preferindo mais o perfil de um relações públicas, bom vivant e vibrando com a atuação do colega Ewerton Fleury, diante do desgastante expediente da sua delegacia.

Incomodado com aquela situação, ocorreu ao zeloso escrivão tomar uma medida que implicasse numa lição ao delegado de polícia, que a tudo assinava sem dispensar o merecido cuidado ao conteúdo dos textos e documentos que tinha obrigação de analisar. Evidente que lhe faltava o necessário conhecimento jurídico, experiência profissional e orientação para o exercício daquele cargo com eficiência e dedicação integral.

Certa feita, ao final de um dia de trabalho penoso e no aguardo da chegada da autoridade policial - que ali somente aportava ao cair da noite - o "escriba" sentou-se diante da velha máquina de escrever - alguém já viu máquina nova em delegacia do interior (?) - e munido de modelo 27 (impresso oficial, então utilizado) pôs-se a minutar uma Portaria cujo teor não conheci, mas suponho e tento reproduzir da seguinte forma:-


PORTARIA nº 02/64

"O Bel. Chico Pascoal, delegado de polícia, titular do município de Salto Grande-sp, no uso de suas atribuições legais, etc...;

Considerando que o território deste município foi elevado à condição de área de segurança nacional;

Considerando a necessidade de manter a tranqüilidade e segurança, reprimindo qualquer inciativa de convulsão social;

Considerando que o momento que, permite a adoção de qualquer medida de exceção;


RESOLVE:-

Instituir, a partir desta data, a vigência da PENA DE MORTE no território deste município;

O sistema de execução será através de fuzilamento; e,

Como carrasco-executor nomeio o senhor CB Pedro de Souza, da Força Pública, DD Comandante do Destacamento local.

Registre / Publique e

CUMPRA-SE.

Salto Grande, 1º de abril de 1964

nome e ( acreditem ! ) a assinatura do delegado


O documento, esteticamente datilografado - de forma proposital e deliberada - foi colocado em meio a outros papeis a serem despachados pela Autoridade Policial e dessa maneira a PENA DE MORTE - por algum tempo, ainda que informalmente - teve vigência, sob testemunho da luminosidade das águas da Represa do Rio Paranapanema na pacata e bela Salto Grande.

Diante do episódio, logo tornado público pela indiscrição do Cabo Pedro de Souza, houve a tardia, mas necessária intervenção da Administração Superior da Pasta.

Por falta de opção, o escrivão permaneceu em sua sede de exercício, enquanto o delegado - de forma honrosa - era transferido a pedido para outra região do Estado.

Pelo que se sabe, não houve qualquer punição disciplinar e os dois policiais deram seqüência às suas carreiras e seguiram suas vidas, cada a seu modo, mesmo porque o fato desgastava mais à instituição que aos envolvidos.

O tempo passou e cerca de vinte anos depois - já na década de 80 - quis o destino que os mesmos personagens voltassem a se encontrar. Agora, ambos na condição de delegados de polícia acabaram designados para uma mesma unidade. Foi então que uma das facetas - a índole - do ser humano prevaleceu.

Lembro que houve apenas uma conversa particular entre ambos e dela foi emitido um desiderato informal. O antigo escrivão, desta vez, via-se na contingência de requerer a sua transferência para a Capital do Estado a fim de evitar maiores constrangimentos para seu chefe, que - pelo visto - não se esquecera do episódio que marcara indelével sua carreira.

Coube-me conviver com as duas personalidades - e, testemunhar a última passagem - e usufruir da imensa capacidade que ambos dispunham de fazer amigos e destacar o amor e dedicação para o trabalho policial - cada um a seu modo, é verdade ! - conseguiam realizar.

Hoje, para nosso deleite, fica registrado esse fato pitoresco, peculiar e interessante da atividade policial civil, como homenagem e pleito de saudade aos colegas, ambos já falecidos.

quinta-feira, 16 de março de 2006

Crimes hediondos:- STF apenas amplia autonomia dos juízes !

A polêmica foi estabelecida! O "Estadão" noticia que mais de 40 mil presos podem ser beneficiados com a progressão do regime. O juiz das execuções pondera que a concessão do benefício será analisada caso a caso, ressaltando que os juízes não estarão adstritos a seguirem a decisão do STF. Por isso, não há razão para tamanho alarido, salvo a necessidade de repercutir a notícia e colocar o assunto em discussão pela sociedade. Na verdade estamos diante de um dilema:- de um lado existe uma legislação processual e de execução penal que - por razões outras - praticamente engessa a aplicação a lei penal, mormente nos casos de crimes considerados hediondos; por outro lado, o rigor dessa legislação não consegue arrefecer os altos índices de criminalidade e, consequentemente as nossas prisões encontram-se superlotadas. E, não se esqueçam, que a partir dos anos 90 o Governo do Estado de São Paulo multiplicou por cinco o número de vagas no sistema prisional paulista, mesmo desativando a Casa de Detenção do Carandiru e celas em distritos policiais. Então, não há que se fazer alarde e muito menos provocar comoção social, já que a decisão do STF não se trata de "súmula vinculante", muito menos implica em perda de autonomia dos juízes de primeira instância e da execução penal , já que não os obriga a seguirem a decisão do tribunal superior, apenas lhes confere a possibibilidade - caso da doméstica que roubou um pacote de manteiga e permanece presa há mais de 120 dias e outras situações similares - de conceder algum benefício legal a essas pessoas e outras que, por ventura, a sensibilidade de cada magistrado revele merecedoras do favor legal, ainda que os doutos Promotores de Justiça permaneçam irredutíveis e inflexíveis na observância de uma lei de execução penal totalmente desconexa da realidade brasileira.

quarta-feira, 15 de março de 2006

Silêncio de "Duda" exige resposta do Congresso !

O Congresso deve adotar medida drástica frente ao silêncio de Duda Mendonça. O silêncio do publicitário é que fornecerá os meios para o parlamento brasileiro posicionar-se diante da afronta sofrida. Considerando que "Duda" quedou-se silente ao ser indagado sobre diversas questões, inclusive de suas relações com o Governo Federal e, particularmente, do contrato que sua empresa mantém com a Petrobrás. E, levando-se em conta que o silêncio sempre interessa àquele que cala ou a seus asseclas, sugiro aos senhores congressistas que promovam - com respaldo na suposição que os contratos que Duda, ainda mantém com órgãos federais exigem seu silêncio, por evidenciarem segredos escusos - a criação de nova comissão parlamentar de inquérito - CPI - exclusiva para apurar e esclarecer os fatos por ele omitidos. Com isso poderão devassar a vida pessoal e financeira do indigitado adepto da "briga de galo" com personalidade voltada para ações que afrontam valores e discernimento preservados pelo homem médio brasileiro.

sábado, 11 de março de 2006

Governo paga passagem para o astronauta brasileiro !

Com o perdão da palavra - o astronauta brasileiro - está se tornando uma pantomina. Não nos parece coisa séria, vai se revelando uma situação artificial, previamente criada para atender outros interesses. O acordo internacional, inicialmente firmado, caducou face a impossibilidade do Brasil fornecer componentes para construção da nave. Por outro lado, as experiências científicas - de interesse do Brasil - igualmente se tornaram inviáveis basicamente pela baixa qualidade de nossas pesquisas. Restou ao governo brasileiro - de cunho populista - apenas a disposição de anunciar o ingresso do Brasil na era espacial. Para tanto, não teve dúvidas - como já haviam feito alguns milionários exóticos - comprou literalmente a passagem do nosso astronauta Marcos, com a promessa de conversar - lá espaço sideral - com o presidente Luiz Ignácio, como se fosse uma realização do povo brasileiro, quando na verdade estará apenas - numa jogada de marketing - tentando inflar os seus índices de popularidade como candidato à reeleição. A par disso, o astronauta brasileiro - que não é ingênuo e nem bobo - por certo saberá usufruir do episódio e da exposição pública, obtendo vantagem pecuniária mediante venda de souvenirs e realização de palestras.

sexta-feira, 10 de março de 2006

MP inflexível com o preso, mas . . . !

A postura do Ministério Público frente a decisão do STF que permite - em determinadas situações - a progressão de regime para condenados por crime hediondo, apenas revela antiga intrasigência contra direitos elementares de condenados presos. Mesmo diante de uma situação de calamidade pública em determinados presídios e cadeias públicas - mesmo no Estado de São Paulo - os promotores de justiça mantém a posição - inflexível - de fazer cumprir a lei, quanto mais severa melhor. Não lhes importa as condições sub-humanas e muito menos os direitos fundamentais do cidadão, ainda que preso e cumprindo pena. Vale lembrar, que apenas alguns direitos - liberdade de ir e vir, direito ao voto e outros - poderão estar suspensos, mas a dignidade humana deve sempre ser preservada. Isso acontece em muitas cadeias e os promotores não podem ignorar essa calamidade, mesmo porque são obrigados mensalmente a comparecer nos presídios da unidade jurisdicional onde trabalham. O mais curioso é que em outras situações, como a falta de creche para crianças, ausência de assistência médica condizente e vagas suficientes em hospitais para atendimento da população e outras mazelas da administração pública, não são tratadas com a mesma voluntariedade e determinação pelos doutores promotores, ainda que a CF erija à condição de direito fundamental de todo cidadão a prestação - pelo Estado - desses serviços. Essa contradição do Ministério Público Estadual merece reflexão, não só dos seus membros - principalmente, nesse momento que elegem seu novo chefe - mas, também da sociedade que os remunera !

Invasões guardam paralelos !

Nos últimos dias, o país foi surpreendido com duas invasões, ambas guardam alguma semelhança. A primeira, ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, cantada em verso e prosa, onde prevalecem sérios problemas sociais e a criminalidade campeia à solta, onde um Quartel do Exército foi invadido por indivíduos - até agora não identificados - que subjugaram e agrediram a guarnição de plantão e, ainda, subtraíram armamentos (dez fuzis e uma pistola).

A outra invasão - mais recente - foi registrada na pacata Barra do Ribeiro, cidade do interior do gaucho, onde as instalações da Aracruz Celulose foi igualmente invadida por um grupo de pessoas - estas sim identificadas - oriundas do movimento Via do Campesinato, que subjugaram e agrediram o corpo de vigilantes para depois destruir literalmente os laboratórios e demais instalações da empresa. As duas ações foram previamente planejadas e tiveram como objetivo a prática de crimes. É certo que os dois grupos se apresentaram fortemente armados e levaram a termo a disposição deliberada de executar ações ilícitas. Assim, os dois fatos merecem tratamento idêntico na esfera criminal. Primeiro, através da Polícia Civil - e não do Ministério Público, como se anuncia no Rio Grande do Sul - responsável pela investigação, para ser estabelecida a materialidade e autoria das ações delituosas. Depois então, a intervenção do Poder Judiciário para realização do devido processo legal, mediante inciativa do Ministério Público - Estadual e Militar, respectivamente - com a finalidade de estabelecer a responsabilidade penal dos dois grupos de associação criminosa.

Concluindo, os episódios são lamentáveis e devem ser reprimidos na forma da lei, a despeito de outras conotações, simplesmente por se tratar de crimes tipificados na legislação penal brasileira!

quarta-feira, 8 de março de 2006

SUA EXCELÊNCIA, O BUROCRATA

Figuras que procuram se conservar à sombra, para perpetuar-se num fazer nada. Onde é que elas sabem agir? (trecho tirado de leituras esparsas)

A clássica figura do burocrata é sempre relacionada com a administração pública, mas também podemos encontrá-la, até com certa freqüência , na atividade privada. Em qualquer situação ou condição é sempre um personagem execrável e desprezível, por representar a insensibilidade, falta de compromisso com seu semelhante, desídia, indiferença com os problemas e sofrimentos alheios e tudo mais que denuncia uma pessoadesprovida de atributos morais relevantes.

Em geral é desidioso por convicção, tanto faz na empresa privada como no serviço público, sua disposição primordial é o emprego, nunca o trabalho digno e produtivo. Logo, na atividade particular dificilmente consegue se manter por muito tempo numa mesma posição e muito menos seperpetuar no escaninho de um faz de conta sem fim.

Já no âmbito da administração pública, onde as regras - tanto para a admissão como para a exclusão - são complexas e muitas vezes de difícil aplicação, torna-se um refúgio tranqüilo para esse espécime de qualidades tão indesejáveis - tanto nociva, como longeva.

Há que se concordar:- a sombra é o ambiente propício para a sobrevivência de ser tão desprezível ! O próprio burocrata se classifica como limitado e com isso procura se esquivar de funções complexas e de maior responsabilidade. Tem preferência por atividades que não exijam aplicação e muito menos constância - a continuidade e presteza do serviço público, para ele, são apenas abstrações - prefere na verdade os dias de descanso, férias e licença-prêmio, quando não, umafalta abonada ou licença-médica, em geral imotivada.

Uma característica marcante do caráter do burocrata é a subserviência - a bajulação, o puxa-saquismo - e encontra terreno fértil em chefias que gostam de usufruir desse tipo de situação. Na maioria das vezes, são ineficientes na repartição, mas produtivos em atividades extras, como cuidar da casa enquanto o chefe viaja; levar a mulher para
compras e filhos para o colégio, além de trazer sempre as últimas novidades - fuxico mesmo - decorrentes de comentários ouvidos ou atuações observadas dentro ou fora do ambiente de trabalho - o verdadeiro dedo duro.

Outra característica marcante do burocrata é a sua capacidade de relegar - não estou falando em delegar - seu serviço e, por conseguinte, sua responsabilidade para um ou mais subordinado. Não precisam ter capacidade e muito menos conhecimento técnico para realização do ato, basta que o realize, visto que a qualidade e tempestividade do serviço prestado, por certo não estão incluídas no elenco de suas intenções.

Louva-se no princípio:- se tudo correr bem, o mérito é meu, caso surja algo errado ou, simplesmente equivocado, a culpa é do funcionário que executou a tarefa. Essa figura, que sempre se põe à sombra nos escaninhos da administração, numa postura submissa e sorrateiramente despretensiosa, assiste passivamente seus pares se projetarem - muitas vezes por mérito - a cargos de direção. Geralmente não se rebelam, pelo contrário, apresentam-se como resignados, mesmo porque nunca demonstraram iniciativa e muito menos eficiência para reivindicarem o posto, mas de qualquer forma permanecem na espreita, num comportamento próximo da hiena, no aguardo de seu momento. De repente, o cargo tão almejado vaga e sempre por falta de opção, acaba esse tipo negligente e impopular erigido à posição de mando.

Por essas e por outras, é preciso distinguir e valorizar o bom funcionário - felizmente, maioria na administração pública - assíduo em sua obrigação, diligente no aprimoramento de sua atuação e sempre disposto a oferecer o melhor de si em prol da qualidade do serviço prestado, atributos esses que o diferem, evidentemente, do indesejável BUROCRATA !

HABEMUS FORUM

O assunto toma conta dos corredores do fórum, das salas de audiências e da imprensa - de todas as matizes - de nosso município.

Confesso, embora tenha ouvido e lido algumas colocações sobre o assunto, ainda não o tenho por completo. Mesmo assim, me aventuro a tecer algumasconsiderações sobre o tema.

Pelo que me foi dado entender, a Comarca de Guarujá, na condição de unidade jurisdicional, encontra-se classificada ? ou está na iminência de sê-lo - numa condição inferior a de outras comarcas, consideradas de menor importância. Tanto no aspecto populacional, como econômico e, principalmente, quando se leva em consideração o número de feitosdistribuídos e julgados.

Proclamam os profissionais - magistrados, promotores, advogados, políticos e serventuários da justiça - mais diretamente interessados no problema, que essa avaliação, até certo ponto discriminatória, decorre da existência de dois fóruns:- sede da Comarca e no Distrito de Vicentede Carvalho.

Consideram que essa duplicidade de unidades, estaria minando a força e o dinamismo de nossa Comarca. Isso por contar os dois fóruns com diversas varas judiciais estaria existindo uma espécie de concorrência entre ambos, não só na locação de recursos, como na somatória de seus feitos, resultando numa clara redução de sua expressão no elenco de Comarcas do Estado de São Paulo.

Os prejuízos decorrentes da situação vivida atualmente seriam evidentes. E, não só traduziria no grau de importância de nossa Comarca, quando avaliadas no contexto de entrâncias, através do qual são dimensionadas a distribuição de recursos materiais e humanos, inclusive edificação de prédio, bem como, na definição da lotação de juízes, promotores e funcionários, permitindo que profissionais com grau de promoção mais elevado - em tese - mais experientes e com melhor qualificação, possam aqui prestar serviço.

Por outro lado, no âmbito dessa discussão, não se pode descartar e muito deixar de ouvir as comunidades diretamente afetadas pelo encaminhamento do assunto. Em última instância, é assunto de seu peculiar interesse sendo discutido e seus sentimentos e opinião devem ser assimilados paracorreta resolução do problema.

É facilmente perceptível que o nosso município - não só geograficamente - se apresenta dividido em duas comunidades distintas. Uma sofisticada e rica, com alto poder político e econômico, instalada na sede do município, onde se usufrui de excelente qualidade de vida, somente comparável com cidades similares no primeiro mundo. A outra, localizada no pujante Distrito de Vicente de Carvalho, com seu comércio dinâmico e porto movimentado, permite apenas razoável condição de vida a seus moradores, em sua expressiva maioria composta por trabalhadores assalariados.

Para quem chega na cidade - como é o caso desse escriba amador - fica fácil constatar que na verdade existem duas cidades. Ambas expressivas, mas a sede - além de aquinhoada pela exuberância da natureza, com suas belas praias e, também, pelos altos investimentos imobiliários - foi melhor aquinhoada pelas seguidas administrações municipais. Enquanto o Distrito, carente em todos os aspectos, somente recentemente recebeu atenção do Poder Público - Municipal, Estadual e Federal. A cidade-sede, com exceção de suas favelas, exibe-se praticamente pronta e provida dos recursos e serviços básicos necessários para oferecer boa qualidade de
vida para seus moradores e visitantes.

Diante desse quadro, penso não ter sido fácil o Distrito de Vicente de Carvalho obter e ver instalados equipamentos e serviços públicos essenciais:- como Escolas de qualidade, Unidades de Saúde, Delegacia de Polícia, Quartel da Polícia Militar e, na área da Justiça Pública, o seu Fórum Distrital. Sendo certo que sua população - de há muito anseia e clama pela emancipação político / administrativa - esposa com orgulho todas essas conquistas, por lhe permitir uma condição de vida, praticamente, autônoma.

O que não se pode permitir é a imposição dessa medida, de forma casuística, impondo a unificação dos fóruns de cima para baixo, semouvir o clamor da população diretamente interessada.

Assim, por mais que nos sensibilize a postura, honestidade de propósito e empenho dos senhores juízes, promotores, advogados, políticos e funcionários da justiça, no sentido de ver unificado os dois fóruns judiciais desta Comarca, a população do Distrito de Vicente de Carvalho e suas lideranças mais expressivas, hão de ponderar que essa proposta não atende os interesses daquela comunidade, ainda que venha acompanhada de promessas de eventuais benefícios futuros, por ser contrária ao seu maior objetivo. Por tudo isso, não cederão às pressões e muito menos ao encanto de discursos inflamados, mesmo porque a situação atual lhe dá status e condições para buscar a tão sonhada EMANCIPAÇÃO POLÍTICO / ADMINISTRATIVA.

Exército e a circunstância !

A expressão "sou eu e mais as minhas circunstâncias" (?) é oportuna para justificar a ação do Exército Brasileiro nos morros do Rio do Janeiro. Há muito, segmentos expressivos da sociedade clamavam pela intervenção do Exército na cidade do Rio de Janeiro para coibir o alto índice de violência que permeia a comunidade carioca. Seus comandantes sempre relutaram em tomar posição ativa nesse contexto, alegando que a finalidade do Exército era outra, por certo mais ampla e mais nobre, e que seus homens eram treinados para a guerra e não para o controle social. Ainda que a situação se agravasse ao ponto da sede do governo estadual ser atacada a tiros, as Forças Armadas se negavam a atuar na garantia da segurança pública. De repente, quis o destino que um quartel - de elite - do Exército Brasileiro instalado na cidade maravilhosa fosse invadido, seus guardas subjugados e agredidos, e do seu interior subtraido dez fuzis e uma pistola. Diante da afronta e humilhação, seus comandantes tomaram posição e resolveram agir. Mobilizaram tropa, veículos e armas pesadas, para tomar de assalto os morros e pontos estratégicos da cidade do Rio de Janeiro. Decorridos alguns dias de ocupação militar, não consta que os autores do roubo tenham sido identificados e muito menos as armas recuperadas, mas é certo que os registros policiais apontam acentuada diminuição nos índices de criminalidade. Então, ainda que premido pelas circunstâncias, a atuação do Exército Brasileiro - embora gere alguma polémica - tem revelado eficiente no combate à violência urbana. Se traduz na operação saturação que o prefeito Rudolph Giulianni empregou com sucesso em Nova York. Apenas resta lamentar que o Poder Público não atue - implementando políticas públicas nas áreas carentes - no momento de vácuo do poder paralelo, sob controle diante da presença da força policial / militar, para ocupar os espaços que lhe pertence por direito e dever legal.

Sociedade não reprova MST!

A pesquisa Ibope - anunciada pela Jornal de Globo - revela que sociedade não reprova o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, pelo menos com a veemência que se presumia. Não foi mencionado em que área e o perfil das pessoas consultadas, mas diante dos números acredita-se que foi realizada na zona urbana. O percentual de reprovação em torno de 50% revela que o movimento vem conquistando espaço e aceitação perante a opinião pública. Essa consulta, dá ensejo a alguma reflexão e permite concluir que todo movimento social de vanguarda - seja manipulado ou não - tende a refluir no seu ímpeto com o decorrer do tempo, mas sempre deixará alguma contribuição - boa ou má - para o caminhar da humanidade. Outros movimentos já sucederam em nossa sociedade, exemplos: - o movimento feminista, que tornou a mulher mais ativa e participativa; os hippyes rompendo com valores seculares, trouxeram uma nova concepção de vida social; os evangélicos pregando a salvação da alma, fazem balançar a estrutura da igreja católica e dá sentido à vida de seus adeptos. Assim, penso que o MST também está introduzindo valores e despertando consciências num segmento social até então sem outras perspectivas de vida. Que o digam os usineiros e proprietários de grande extensões de terra, muitos afeitos ao lucro fácil e à especulação imobiliária. Apenas para ilustrar, certa feita, na Faculdade de Direito de Marília - Fundação Eurypedes Soares da Rocha - o dono de um usina, convidado a proferir palestra e a certa altura indagado sobre o trabalho infantil, respondeu com a seguinte pérola:- "Se não recebermos as crianças com os pais no corte de cana, elas ficarão na rua." A perplexidade foi geral ! Concluo, agora. A outra opção quem lhes ofereceu foi o MST !

sábado, 4 de março de 2006

Estrelados suicidam-se!

A morte de dois comandantes militares - ambos generais - do Exército Brasileiro merece reflexão. No meu caso, aguçada pela curiosidade. As circunstâncias em que os eventos ocorreram não deixam dúvidas, trata-se de suicídios. Pelo noticiado, os dois generais ocupavam postos de comando e ambos se aproximavam dos 60 anos. Mesmo não sendo versado no assunto, Reconhecidamente nosso cérebro é um repositório de informações, conhecimentos, emoções, ações realizadas e não realizadas, e sentimentos dos mais incofessáveis, que torna - cada um de nós - um rescaldo de indefinição. Ao levar em conta que os dois oficiais mortos - cada um, com mais de trinta anos de serviço - participaram, efetivamente, dos Governos Militares. Seria oportuno, apenas a guisa de especulação, saber da atuação de ambos durante o período de exceção. Talvez fosse possível estabelecer algum parâmetro entre as atividades que realizaram - por dever de ofício, ou não ! - com a estupidez que os levaram a perder o recomendado equilíbrio e racionalidade, - valores indispensáveis na formação militar - a por fim à própria vida. Ou se chegaria a outra conclusão, também, plausível:- a falta de reconhecimento - primeiro dos governantes e depois da sociedade - da importância da organização militar na defesa da pátria e preservação da soberania nacional; desmotivação para o serviço, diante da falta de recursos e meios, decorrência da falta de verba; má remuneração, dificuldade de manter família em condições razoáveis e conseqüente perda de status social - isolamente, os próprios militares hoje se auto-intitulam milicos, expressão antes pejorativa. Enfim, os dois episódios não podem passar despercebidos e ignorados pela sociedade e muito menos alheios à observação acadêmicia, da qual não me incluo.

Justiça Militar, parece que retornou aos bons tempos !

Acabo de ouvir o noticiário dando conta que o Tribunal de Justiça Militar / RJ, concedeu ao Exército ordem de Busca e Apreensão de dez fuzis e uma pistola, subtraídos de um quartel, autorizando buscas nas favelas do Rio de Janeiro. O mais preocupante é que esses mandados não teriam prazo de validade - foi mencionado prazo indeterminado - e muito menos indicam o local exato da realização da busca. Esse documento, atribui ao destinatário poder discricionário - muito afim com a atividade militar - para invadir residências, estabelecimentos comerciais, igrejas, escolas, repartições públicas e outros prédios, por ventura existentes na área indicada ou reconhecida como de favelas - que se reduz em moradias, predominantemente, de pessoas pobres, humildes e trabalhadoras. Considerando que os militares sempre se negaram a participar de incursões de caráter policial - ainda que a sociedade clame por mais segurança no Estado do Rio de Janeiro - sempre alegando falta de afinidade na formação de seus homens para essa atividade. Agora, diante da grave ofensa - invasão e roubo em quartel de elite - e mesmo entendo que o fato atingiu a honra das Forças Armardas, não seria o caso (até mesmo por coerência) de entregar as investigações para a Polícia Civil e apenas colaborar e acompanhar a colheita de provas através dos serviços de inteligência de cada corporação. No que pese lamentar o epísódio, esperando pela recuperação das armas e prisões dos responsáveis, resta apenas aguardar manifestações de juristas e estudiosos do ramo, quanto a ordem judicial emitida, ao que parece, ao arrepio do ordenamento jurídico e do estado de direito vigente no país.

sexta-feira, 3 de março de 2006

Massacre do Manicômio - foi o primeiro !

Caso não representasse afronta ao Tribunal de Justiça de São Paulo, seria o caso de indagar ao seu Presidente - homem democrático e de sabedoria incomum - desde quando o recurso da defesa dos autores do Massacre do Manicômio - ocorrido em janeiro de 1983 - encontrava-se nos escaninhos daquela repartição ? Não havendo represália ou manifestação de desagravo aos eminentes desembargadores, acrescentaria à indagação :- poderia, ainda, justificar essa demora ? Não vale recorrer ao "chavão" excesso e/ou acúmulo de serviço. Em qualquer setor da atividade humana existem prioridades e para o homem comum, a gravidade e repercussão de um episódio - por certo - seria critério para agilizar um julgamento e tornar a manifestação da Justiça um pouco mais célere. Já decorreram 23 anos e quantos outros se passariam se não houvesse recentemente - clamor público, até mesmo favorável - à absolvição de um dos responsáveis por outro massacre, ainda com mais repercução. Ao levarmos em conta que um dos efeitos da aplicação tempestiva da lei penal, s.m.j., é a prevenção geral - a punição do culpado serve de exemplo para que outros não incidam no mesmo erro - o julgamento dos responsáveis pelo Massacre do Manicômio talvez tivesse evitado o Massacre do Carandiru. Justifica-se essa posição, quando deparamos com os nomes de policiais - pelo menos dois acusados Walderley Mascarenhas e Luciano Bonani, Takahashi também nos traz alguma lembrança - que vieram a reincidir no mesmo tipo penal alguns anos depois. Por certo, outros recursos advirão - talvez até mesmo para o Órgão Especial do TJ, o mesmo que absolveu o Coronel - que levará o processo do Massacre do Manicômio para as calendas.

Governo age e usineiros aplaudem !

As ações do Governo Federal diante da crise provocada pela escassez e alta de preço do álcool - nas suas diferentes fórmulas e utilização - apenas vão de encontro aos interesses dos usineiros. Neste momento, diminuir a percentagem do álcool na gasolina, seria comparável à fábula do sapo - representado pelo usineiro - que pedia para ser atirado no fogo, quando sua vontade era ser jogado na água. Nesse sentido os usineiros aplaudem quando o Governo Federal promete estender a medida por um prazo maior que o esperado. Por certo não irão produzir excedente de álcool, mas sim redirecionar sua produção para o açúçar, cuja demanda no mercado exterior está num crescendo e os preços alcançando níveis compensadores. Agindo assim, simplesmente obedecem a lei do mercado e buscam atender exclusivamente os seus próprios interesses, ainda que menores. Mais adiante, em outro momento de dificuldades - como hoje acontece com os produtores de soja - voltarão a subjugar o Governo Federal a adotar medidas que os favoreçam, sob ameaça de provocarem crise social - "se fossem bancos, seria risco sistêmico" - decorrente do desemprego no setor. Já assistimos esse filme antes !

quinta-feira, 2 de março de 2006

O Estádio do Operário foi um sonho

Nessa historia, minha intenção é furar meu conterrâneo Oswaldo Perino, o bom "Goiaba". Embora, quando jovem um pouco metido para o meu gosto!

Acredito piamente que o fato existiu, embora nem mesmo meus irmãos - Aureliano e Tércio - bem mais velhos que eu, afirmem não se lembrar doocorrido.

Certa manhã - num domingo ou feriado - meu pai chamou-nos e entregou cartões - Ação entre amigos (lembram-se ?) - que davam direito a um espeto de churrasco e nos disse: "- Hoje vai ser lançada a pedra funda ental do novo campo do E.C. Operário, lá nas terras da famíliaPerino, na beira da estrada oficial e depois haverá um churrasco".

Como sócio-fundador e bom torcedor do Operário, recomendava:"

- Vão lá me representar!

Na minha lembrança, o evento aconteceu - final da década de 50 - numa área rural, às margens da Rodovia Raposo Tavares, ainda de terra batida e muita poeira, suponho no mesmo local onde, atualmente, encontra-se instalado o Ourinhos Tênis Clube , doada que foi -possivelmente sob condição de ser aproveitada num determinado prazo - pela Família Perino.

Recordo-me da presença de um grande público. Particularmente, as figuras do "Pedrinho do Bazar", José Henrique Pinha (seu Pinha, dono de pensão), os irmãos Janduya e Bento Perino (respectivamente, pai e tio do Oswaldo), Salem Abhujanra, Nelson Costa, filho do Sr. "Joaquim dos Couros" e outros personagens populares, como "Celso Careca", "Chinelão", "Pinhé", "Margarido" , ainda permanecem bem visíveis na minha retina.

A proposta era de construir um estádio, nos moldes do Clube Atlético Ourinhense - a rivalidade se fazia presente - e depois vender a área da rua Antônio Prado, para então implementar as novas instalações esportivas.

Como se pode constatar, aquele projeto não se viabilizou e a doação deve ter caducado pelo decurso de prazo para utilização da área - ou teria havido outro tipo de intervenção legal - mas o certo é que o E.C. Operário não aproveitou aquele espaço e acabou sucumbindo na sua própria história.

Atualmente, quando esporadicamente passo pela rua Duque de Caxias e vejo o terreno do campo do Operário ocupado por um prédio público, garro a imaginar:- Que tipo de transação garantiu a transferência do domínio daquele imóvel? Qual foi o seu custo? E a quem favoreceu? ou melhor,Quem aproveitou dos recursos advindos da operação imobiliária?

Resta-nos - irrelevante, se o episódio ocorreu ou não - apenas cabe lamentar a extinção do E.C. Operário, com sua camiseta alvi-negra, em listras verticais, empolgando nossas tardes de domingo, com seu pavilhão tremulando no mastro do portão da rua Antônio Prado indicando que haveria partida oficial, com interessante preliminar!

Os amigos ainda se encontravam

"Ah ...
Fusca!
O papai também tem ..."

(expressão de uma garota anônima, quando abordada por dois ourinhenses !)


Transcorria então a segunda metade da década de 1960 - período crítico da sociedade brasileira - enquanto ocorriam profundas modificações em nossa sociedade, principalmente de natureza política / institucional, jovens se encontravam para falar de uma cidade do interior, em particular da saudade que a todos unia.

Alguns daqueles rapazes haviam se instalado na cidade de São Paulo por opção de vida e/ou busca de formação profissional especializada. Já outros ali estavam por contingência do momento nacional. Haviam de alguma forma participado de atividades política ou simplesmente estudantil e foram obrigados a abandonar a pequena cidade do interior para fugir de eventuais perseguições ou mesmo da repressão policial, então institucionalizada.

O ponto de encontro desse pessoal talvez tenha sido escolhido por outras gerações, mas é certo que o local era glamoroso. O endereço, na época nobre, localizava-se na rua Barão de Itapetininga, cercado lojas finas, alfaiatarias glamourosas, cafés, cinemas, bem defronte da famosa Confeitaria Vienense, precisamente na entrada da Galeria Califórnia.

Por suas calçadas as moças elegantes - em passos lentos - simplesmente desfilavam, enquanto pela rua estreita, figuras da alta sociedade e do meio artístico, exibiam seus carrões, trafegando em baixa velocidade e, geralmente, acompanhadas de mulheres deslumbrantes, que nos deixavam, ao mesmo tempo extasiados e indignados - pura, inveja !

A nossa aglomeração ao lado da entrada da Galeria California era facilitada pela existência de colunas em forma de "V", nada funcionais e de discutível gosto estético, que sustentavam aquela construção ? obra de Niemayer, ainda nos abrigava do frio e garoa paulistana.

Ao fundo encontrava o aconchegante Cine Barão, onde assisti Macunaíma, com Grande Otelo, Paulo José, Diná Sfat e outros atores, em atuações magistrais.

Em meio aos amplos corredores de circulação estava o famoso Café Thaity, onde se tirava um delicioso café-expresso, ainda pouco comum mesmo na capital. O forte aroma exalado pelo legítimo produto brasileiro alcançava outros pontos da galeria.

A nossa rotina nos finais de semana era mais ou menos assim. Início da noite, saíamos da rua 13 de maio - a pé é bom que se diga - subindo a Manoel Dutra, com o ar deslumbrado passávamos pelo TBC - Teatro Brasileiro de Comédia - na rua Major Diogo e chegando na Praça Dom José Gaspar - defronte a Biblioteca Municipal - parávamos obrigatoriamente de fronte ao "Estadão" para ler as últimas notícias exibidas em neon na fachada do prédio.

Lembro que certa feita, essa mesma fachada estava cercada por tapumes, vedando os danos causados por uma bomba ali detonada. Decorrência de um atentado político, que passaram literalmente a espocar por toda capital.

Particularmente eu vivia um momento difícil. Havia perdido recentemente o meu pai. Experimentava uma nova realidade, tentando me adaptar com a vida na cidade grande, com propósito de dar um novo sentido à minha vida. Agora, compartilhando com meus irmãos, a responsabilidade pela manutenção da família.

Nessas andanças, simplesmente acompanhava meu irmão Aureliano e o amigo Jefferson - que ali chegaram em outras circunstâncias - mas já se achavam perfeitamente integrados naquele contexto:- trabalhando, estudando e com planos para organizarem suas vidas e construírem suas carreiras.

Embora não sendo do meio, pois não trabalhava e muito menos estudava - apenas jogava snoocker - fui ter à aquele espaço para conhecer alguns conterrâneos:- os irmãos Alfredo e Joaquim Bessa, filhos de conceituado médico da nossa cidade; Agenor e Euclides Rossignoli, também irmãos, filhos de ferroviário e alunos da "Maria Antônia". Imaginem suas histórias! Os doces turcos Walter e Sérgio Abujanra (filhos do Tufi da antiga Casa Brasil).

Ainda tive a alegria de rever outro amigo, Paulo Flecknner, o "Paulão", companheiro de peladas no campinho da "cadeia velha", na rua Antônio Prado. Outros ali aportavam, mas de forma bissexta, como era o caso do Dirceu Bento da Silva, perdoem os demais cuja identidade perderam-se com o tempo.

Como vinha dizendo: ali nos encontrávamos e conversávamos - ou melhor, eles conversavam e eu apenas ouvia embevecido com a cultura e conhecimento daqueles jovens - em geral falavam sobre política, mas também havia espaço para as últimas noticias do interior e, principalmente, para "fofocas".

Ouvia-se muito falar de saudade. Saudade da família, da namorada ou de amigos, mas em especial das coisas e locais da nossa cidade:- como a Praça Mello Peixoto, Café Paulista, "Chiquinho Jornaleiro", sessões do cinema; enquanto eu apenas lamentava a falta do Salão Azul, do Bar do Yamaguti e do Pedro Danga, por onde eu procurava dar sentido àquela ociosidade inconseqüente.

Daquele ponto partia-se para algum outro programa, em geral ouvindo sugestão dos mais antigos e nem sempre realizado em grupo. Alguns seguiam para tomar um chope no Ferro's Bar, como era a opção de Jefferson - já muito ligado ao teatro - outros iam para o cinema.

Numa dessas ocasiões fui em companhia do Paulo e do Aureliano assistir "Os Companheiros", com Marcelo Mastroanni, no antigo Cine Olido. O filme nos tocou, mas o momento mais emocionante aconteceu no final da sessão, quando a platéia - em pé - aplaudiu por longos minutos a exibição da película. Para quem não se lembra, o enredo era político e o roteiro transcorria sobre a primeira greve de operários italianos.

Aquele foi o meu primeiro contato com a cidade de São Paulo e recorreu em minha lembrança devido a uma recente notícia de jornal, dando conta de pesquisa de uma arquiteta paulista sobre as obras de Oscar Niemayer, realizadas em São Paulo num período - digamos - não muito brilhante da carreira do festejado arquiteto.

Como se tornou comum no meio intelectual, talvez ele quisesse mesmo "esquecê-las".

Acreditem:-A Galeria Califórnia, com suas envergonhadas colunas em formato de "V", também faz parte do acervo do iluminado mestre!

Cachorro com nome de cachorro

Foi o meu pai - José Cerqueira - tropeiro, açougueiro e contador de /causos/ quem ensinou que cachorro tem que receber nome cachorro. Primeiro, seria preciso ver a cara do bicho. Depois observar seu jeito esua índole. Aí sim, estaríamos aptos a adotar um nome para o animal.

Por certo o meu velho - aliás, como eu - não concordaria em assistir as pessoas colocar em seus bichos - cachorro, papagaio, gato e passarinho nome de gente. E olhe que ele vivia apelidando seus familiares, parentes e, principalmente, fregueses com referências incomuns. Lembro que até mesmo uma árvore da antiga Praça Mello Peixoto não escapou da ironia do velho. Era uma paineira bem velha, de troncogrosso e cascudo, apelida de Da. Maria . . ., certamente pela semelhança.

Para sua atividade profissional - na época - era indispensável possuir, além de uma tropa em boas condições, celas adequadas, laço de três tentos, fabricado com couro de veado, uma plêiade (a rigor seria matilha) de cães valentes, com boa saúde, bem alimentados, fortes osuficiente para cercar e conduzir o gado.

Acredito que meus primeiros passos foram em direção ao "Seguro", cachorro de porte médio, sem raça definida, dócil e de uma tolerância inacreditável, aposentado da "lida", vivia seus últimos dias numa merecida aposentadoria caminhando vagarosamente entre o quintal, casa erua.

Depois vieram outros cachorros : - "Morcego", de cor preta, vira-lata, de pelo liso, com orelhas aparadas, gostava mesmo era de jogar futebol e chupar sorvete "picolé". O menino - dono do animal - quando contrariado ameaçava ir embora para o Paraná levando consigo seu amigo "Morcego".

"Lontra", cadela boxer, de cara um pouco achatada e corpo alongado, foi mãe do "Tanque", outro boxer, de raça mais apurada, de pelo amarelado, sua valentia fazia jus ao nome . Certa feita, ao atravessar a rua para abordar outro cachorro, o fez inadvertidamente batendo contra o pára-choque de um caminhão carregado de toras. Retornou e foi morrer debaixo da mesa da sala, para tristeza do meu irmão Aureliano, seu dono,consolado pelo bom e zeloso motorista do caminhão - amigo da família.

Já crescido e influenciado pelo cinema, leitura da revista Seleções e assimilando algumas expressões na língua inglesa, acabou adotando a expressão "Dog" para dar nome a um cachorro - numa afronta ao gosto de seu pai, leitor da Ùltima Hora e de exemplares da clandestina "Voz Operária". Tratava-se de outro boxer, de bom porte, pelos nas cores preto e branco, que me acompanhava nas entregas de carne e depois trazia a cesta de vime vazia, entre os dentes. Apenas soltava sua presa depoisde premiado com um bom naco de osso.

Ainda criança, conviveu com "Cigana", cadela mestiça, de cor baia, dona do quintal da casa de sua avó Pedrina. Depois conheceu "Cacique", pastor alemão, um dos primeiros exemplares que surgiram na cidade. Pertencia ao "Vico Moraes", mas depois foi adotado pelo tio Paulo, para cuidar do Paulo César, meu primo "Paulinho". Dizem que o fazia com zeloe dedicação integral.

Conheceu, mas nunca manteve maior proximidade, com o fila de nome "Tigre", de porte avantajado, pertencente à Da. Alaíde, dona de uma pensão. Era o terror da avenida Jacinto Sá - rua da sua infância, adolescência e juventude. Coitado do "Morcego" , em brigas homéricas, sempre levava desvantagem. Ainda jovem, "Tigre" foi atropelado e tinha uma das patas dianteira defeituosa. Esse trauma o tornou um cachorroviolento e temido pela vizinhança.

Em decorrência da fartura de comida, outros cachorros freqüentavam sua casa, como se fossem visitas. Certa noite, "Buique", mais um boxer, de cor amarelo, namorado da "Lontra" e pertencente ao Baiano Alfaiate, escalou a janela da cozinha e colocando as duas patas nos ombros do meu irmão Tércio - que depois do jantar conversava distraidamenteprovocando-lhe um tremendo susto.

Adulto, casado e com filhos, foi buscar no livro Incidente em Antares, do gaucho Érico Veríssimo, a expressão "Chimango", para dar nome ao pastor alemão, de bom porte, primeiro cachorro do Noel Jr. Seufilho.

As crianças cresceram e passaram a escolher o nome dos demais animais, levando em conta uma nova realidade social e cultural. Ai então, surgiu "Boommer", de pequeno porte, raça indefinida, morador em casa de madeira, pintada de branco, com o nome em cima da porta. Mesmo criado com todo carinho, resultou num cão feroz e depois de atacar uma empregada foi doado para o nosso leiteiro. Curioso que, em suas rondas noturnas, quando passava pelo novo endereço de "Boommer", o animalpercebia sua aproximação e seguia a viatura policial por longo trecho.

O último, foi "Look" , outro pastor alemão, filho de mãe belga, que levou para casa dentro de uma caixa de papelão como se fosse rama de mandioca. Seus filhos Solano e Gustavo se encarregaram de não deixá-lo chocar durante à noite. Assim, na manhã seguinte - Da. Orminda - ao ver aquele "ursinho" correndo pela casa, dobrou sua resistência e autorizou a permanência do belo animal. Quando mudávamos - decorrência de uma vida profissional nômade - a primeira preocupação com a nova residência, era acomodação digna para "Look". Numa dessas andanças - da cidade de Palmital para Pirassununga, com quatro horas de viagem - o cachorro e o gato
"Xodó" foram sedados pelo veterinário.

Catorze anos depois, morria "Look", nosso último animal!

Mas a história continua, desta vez com Rafael, meu primeiro neto. Recentemente adotou "Pipoca", mistura de fila com labrador, que vive correndo e saltando pelo gramado.

Felizmente, mais um cachorro com nome de cachorro !

Gja., 2005

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