segunda-feira, 4 de setembro de 2006

Técnico de futebol, mas pode chamar de charlatão !

A vitória do Brasil sobre a Argentina, como uma boa demonstração da performance do treinador "Dunga" à frente da seleção brasileira de futebol, apenas reforça minha tese. Diferentemente de outros esportes coletivos, como o basquete e volei - até mesmo o futebol de salão - o futebol não exige talento, brilho e maiores conhecimentos do expert que se apresenta como "treinador de futebol". Defendo que ao contrário do campo de futebol, as dimensões das quadras onde se praticam esses esportes, são reduzidas e, por conseguinte, dificultam a movimentação dos 5 ou 6 jogadores - de cada equipe - que se defrontam. Com isso, a ocupação de cada espaço, quer na evolução defensiva, como na armação e desenrolar das ações ofensivas, exige uma sincronia, não só harmônica, como de alternâncias milimétricas na ocupação dos espaços, sempre com movimentos sincronizados, de tal forma a surpreender o adversários com diferentes jogadas. Já o futebol, com a imensidão do espaço gramado, onde 10 jogadores - em cada equipe - (já que os goleiros permanecem, praticamente, estáticos) dispõem de grandes espaços para desenvolverem as jogadas. Talvez essa disponibilidade de espaço, não só torna o futebol um esporte - na maioria do tempo - moroso e enfadonho, como também não exige grandes locubrações, com fórmulas criativas na maneira de dispor e atuar dentro das quatro linhas. Pela tradição, a distribuição dos jogadores em campo, oferece poucas opções de variação na ocupação dos espaços. Ao mesmo tempo, os poucos técnicos - referidos, como estudiosos - não conseguem impor novas formulações táticas ou não teriam eles disposição e - quiçá inteligência suficiente para criá-las. Recentemente, um ex-jogador tentou fazer uma digressão sobre a evolução dos sistemas táticos introduzidos e praticados por nossas equipes. Lembro que falou do WM e suas variações. Passou pelo "carrocel holandes" e depois, parece que caiu na mesmice do 4 x 4 x 2 do Vicente Feola e suas alterações para o 4 x 3 x 3 do Minelli. e por aí se resumiu. Não se vislumbra nada mais sério no futebol. O empirismo prevalece, como reduto dos charlatões. Não existem escolas, muito menos professores disponíveis suficientemente preparados para tornar o futebol objeto de estudo técnico-científico, como ocorre com outros esportes coletivos, de forma a torná-lo de melhor qualidade, mais interessante de ser assistido e ocupando racionalmente toda amplitude do espaço reservado para sua prática. Enquanto isso, observamos a mediocridade imperar nessa área pródiga de recursos humanos e financeiros !
(Jornal Debate - 10/09/2006)

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