sexta-feira, 29 de setembro de 2006

Fabricar colchões em Ourinhos é tradição !

O exemplo do Hélio Silva e seu dinamismo, visão empresarial e capacidade empreendedora devem ser destacados sempre. Os Colchões Castor levou o nome de Ourinhos para os mais distantes rincões do país, inclusive no exterior. Apenas tomo a liberdade de introduzir algumas passagens nessa trajetória do Hélio Silva, reconhecendo a efetiva participação de seu pai, senhor Armando Silva, nessa caminhada. Acho que aconteceu no final da década de 40 - certamente, no início da década de 50, meus avós Aureliano e Pedrina já haviam comprado a colchoaria então instalada na esquina da rua Paulo Sá esquina com rua Euclides da Cunha, que pertenceu ao Armando Silva - pai do Hélio, que conheci ainda bem jovem, trajando uniforme do I.E. Horácio Soares. Depois disso, o senhor Armando instalou-se comercialmente - com armazém de secos e molhados - no caminho da Vila Musa. Passava diariamente entregando Café Santo Antônio no seu estabelecimento. Meu avô Aureliano, ainda continuou com sua labuta de "leiteiro", enquanto a vovó e meus tios Paulo (o Paulo Colchoeiro e depois decorador, bom jogador de snoocker ) Diná e Maria - apenas a tia Diná é viva e mora na rua Paraná, participando com orgulho das atividades políticas da sua valorosa filha Belkis, vice-prefeita do nosso município - se ocupavam da colchoaria. Tornou-se "Colchoaria Gonçalves". Foi o senhor Armando quem lhes transmitiu a técnica e o segredo na fabricação de um bom e acolchegante colchão de crina vegetal ou mesmo de capim, buscado no longínqüo bairro das Sete Cruzes - em condições iguais à descrita pelos familiares do Hélio. A minha infância foi vivida em meio aos montes de capim, sentindo o cheiro da crina e do algodão sendo desfiado para os travesseiros.Os colégios internos eram clientes expressivos. Apenas uma vez viajei sobre a carga de capim lá das "Setes Cruzes" (depois Sobra e hoje distrito industrial) até a cidade - chegamos à noite - vovó nos esperava com um jantar delicioso, ainda hoje sinto o seu aroma e sabor. Ali trabalharam pessoas célebres da nossa cidade. Havia um senhor, de nome Vicente(?), homem forte, lutador de judô e massagista do E.C. Operário. Depois foi funcionário dos Corrêios e finalmente expressivo advogado da Comarca. Estudioso. Exemplo de abnegação. Figura humana exemplar! Leitor de gibi - exibia com orgulho sua coleção. O "Taquinho", lateral esquerdo, também do Operário, aprendeu o ofício e trabalhou longo período na Colchoaria Gonçalves. Além de seus familiares, acho que apenas a vovó o tratava pelo nome de batismo - que poucos devem saber. Descobri que ele era atleta no dia que uma "cabra leiteira" , que a vovó Pedrina mantinha no quintal, escapou e ele a cercou depois de intensa corrida pelo entorno dos "Armazens Gerais" - hoje mercado municipal. Por razões diversas, a empresa da família Gonçalves acabou sucumbindo em meio às dificuldades financeiras. Desculpem ! Acabei me perdendo, mas . . . Fica assim o registro, da saga dos Silva - Armando, Hélio e agora a diligente Maria Eunice e seus filhos - com significativa participação dos Gonçalves nessa tradição de fabricar colchões em Ourinhos. (ver matéria no Jornal da Divisa)

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Dr. Noel...

Estou deslumbrada com sua forma de transformar acontecimentos cotidianos em lindas crônicas...

Como gostaria de saber escrever assim. Infelizmente, hoje, limito-me a escrever artigos altamente técnicos, com linguagem que só que é da área consegue entender (ou não, hehehehe), enfim, escrevo artigos científicos (com português correto e revisado!!). Porém, não adquiri a sensibilidade de transformar emoções em palavras. Espero que um dia possa me dedicar a estar arte e, longe de mim ser
pretenciosa, talvés me aproximar de seu modo de se expressar.

Continue mandando seu textos, pois cada vez mais os admiro.

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