terça-feira, 19 de setembro de 2006

BRASIL VIROU UM IMENSO SINDICATO

Bem! Isso já era esperado.

Apenas os incautos poderiam considerar que um sindicalista, com qualidades próprias dos oportunistas, poderia governar com correção um país da dimensão e complexidade do Brasil.

Quem conhece, pelo menos um pouco, o meio sindical, seus meandros e bastidores, enfim a organização sindical brasileira e a forma como se conquista e exerce o poder nesse ambiente, não tinha como acreditar nas mentiras, dissimulações e falsifidades que envolviam a candidatura do atual presidente.

Depois de uma série de tentativas, com a aquiescência "meio envergonhada" das pessoas mais esclarecidas desta nação - certamente, com algum componente de culpa histórica e manifesta negligência - inclusive do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, sociólogo de formação, que em certos momentos exibia disposição acadêmica e nunca escondendo a possibilidade de vivenciar a experiência de um operário governando o país, inevitavelmente a hipótese acabou se realizando.

Logo pudemos constatar - melhor dizer, sentimos - que o "modus operandi" empregado nos sindicatos acabaria se instalando na estrutura do governo federal. O aparelhamento foi imediato - a tomada dos postos mais parecia uma corrida rasa e, sem obstáculos - os cargos passaram a ser ocupados sem qualquer constrangimento, diante da evidente desqualificação dos candidatos nomeados.

Até mesmo a mulher do presidente, não hesitou em dar novas cores para a fachada da moradia oficial, inserindo em seu jardim uma grande estrela vermelha - como a indicar, o símbolo da nova gestão e sua cor preferida. Depois disso, prostou-se num silêncio e ociosidade completos.

Essa disposição para usar e abusar das benesses do poder, logo se evidenciaram - festas e reuniões familiares e de amigos - com utilização dos meios, instalações e todos tipo de facilidade que a estrutura da administração oferece, passaram a ser rotina na seara petista / governamental.

A ascensão revelou instintos e sentimentos que a vida sindical, certamente não permitia. Socorreu-se dos maiores empresários nacionais, como se empresta uma xícara de açúcar do vizinho ou o butijão de gás, para reformar, para tornar mais sofisticada, a residência oficial do presidente da república. Apenas não se tem notícia da manutenção da "estrela vermelha" no jardim presidencial.

Nas primeiras viagens, deve ter logo equiparado o avião presidencial ?sucatão? à velha kombi que todo sindicato utiliza para os mais variados serviços, inclusive levar a diretoria para pescar nos finais de semana. Não se fez de rogado, tomou a iniciativa ? polêmica, por discutível sua prioridade - de encomendar um avião novo. Ainda se indaga:- qual seria o parâmetro que tomou para comprar o Airbus, parementado em ambiente de ?mil e uma noites? ?

Uma vez no cargo, como todo presidente de sindicato, cercou-se dos seus ?cupinchas? e ?paus-mandados? - certamente, os mais ladinos foram se assenhorando dos cargos estratégicos. Os registros dão conta que o tratamento dispensado a esses ajudantes ? verdadeiros serviçais, são constrangedores.

Enquanto isso, deslumbrado com o cargo e não suportando o aborrecimento da rotina da administrativa - como fazia no sindicado - foi delegando atribuições para seus asseclas mais próximos - e de confiança. Sua preocupação primeira, era tentar desestruturar qualquer resquício da adininistração anterior, de forma a não sofrer interferência e muito menos fiscalização, como garantia de continuidade no poder indefinidamente - tendo sempre em mente a figura do "Joaquinzão", eterno presidente do sindicato dos metalúrgicos.

Com essa disposição, passou a distribuir favores e benefícios para quem se dispusesse a segui-lo nessa empreitada. Aliás, foi prestando favores que conseguiu aproximar-se da viúva - carente ou não - que procurava o sindicado para encaminhar os papéis do auxílio funerário e pensão do marido recém falecido.

Logo percebeu que podia distribuir - ao invés de favores e serviço - "dinheiro vivo" para as pessoas aderirem ao seu projeto de poder ( e não de governo ) engrossando cada vez mais a base que lhe dá sustentação política.

A primeira tentativa, não deu certo exclusivamente pela incompetência gerencial do intelectual - de forma acadêmica, mas de viés petista - que havia idealizado aquele meio de tornar o povo cativo.

Simplesmente comida não foi suficiente, era necessário dinheiro - que os franceses chamam "larjan" - para conquistar, não só a barriga, como também a consciência da população carente - tal qual as religiões que lhes oferece a salvação eterna apenas com a verdade dos áulicos.

A busca do poder, que já havia deixado no curso da sua história cadaveres, não haveria de poupar - sendo preciso - parceiros e correligionários fiéis. A sua mente já não dispunha de espaço para sentimentos menores, amizade, ideologia, compromisso e verdade se tornaram palavras sem qualquer significado para o candidato a déspota, sua disposição era uma só - a manutenção do poder a qualquer custo.

Com essa postura, não opôs qualquer resistência - pelo contrário, deve ter facilitado - o favorecimento ao seu filho Fábio Luiz e dos filhos do amigo Bittar, em vergonhosa "negociata" com a Telemar. Alguma coisa em torno de 18 milhões de reais .fizeram a feira e o futuro, do jóvem biólogo, ex-estagiário do Zoológico de São Paulo. O exímio praticante de video-game, como todo adolescente ocioso, de repente tornou-se produtor de games para a televisão - excelente negócio !

Assim, utilizando-se de meios até então desconhecidos - ou pelo menos não empregados nesse volume e extensão - acumulou dividendos, muito mais lucro que perdas, que o tornaram unanimidade e passou a ser reverenciado, principalmente, nos rincões mais humildes do território brasileiro.

Às vésperas das eleições de outubro de 2006, esse monstro que a oposição - em alguns passagens inflou, quando apoiou medidas legítimas de interesse nacionais ou tolerando práticas criminosas - ajudou ou permitiu, com manifesta desídia, que alcançasse essa estrutura político / administrativa, mediante o aparelhamento e controle do estado brasileiro.

Enquanto isso, o Brasil - perplexo, assiste aos desmandos, crimes e falcatruas de um governo corrupto - que há muito deixou de sonhar em tonar-se um imenso Portugal, se vê reduzido - com todos os vícios e defeitos que cercam o meio - a uma simples República Sindical, mais apropriado seria dizer Sindicato do Crime !

Nenhum comentário:

Todos os direitos reservados.