Bem! Isso já era esperado.
Apenas os incautos poderiam considerar que um sindicalista, com qualidades próprias dos oportunistas, poderia governar com correção um país da dimensão e complexidade do Brasil.
Quem conhece, pelo menos um pouco, o meio sindical, seus meandros e bastidores, enfim a organização sindical brasileira e a forma como se conquista e exerce o poder nesse ambiente, não tinha como acreditar nas mentiras, dissimulações e falsifidades que envolviam a candidatura do atual presidente.
Depois de uma série de tentativas, com a aquiescência "meio envergonhada" das pessoas mais esclarecidas desta nação - certamente, com algum componente de culpa histórica e manifesta negligência - inclusive do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, sociólogo de formação, que em certos momentos exibia disposição acadêmica e nunca escondendo a possibilidade de vivenciar a experiência de um operário governando o país, inevitavelmente a hipótese acabou se realizando.
Logo pudemos constatar - melhor dizer, sentimos - que o "modus operandi" empregado nos sindicatos acabaria se instalando na estrutura do governo federal. O aparelhamento foi imediato - a tomada dos postos mais parecia uma corrida rasa e, sem obstáculos - os cargos passaram a ser ocupados sem qualquer constrangimento, diante da evidente desqualificação dos candidatos nomeados.
Até mesmo a mulher do presidente, não hesitou em dar novas cores para a fachada da moradia oficial, inserindo em seu jardim uma grande estrela vermelha - como a indicar, o símbolo da nova gestão e sua cor preferida. Depois disso, prostou-se num silêncio e ociosidade completos.
Essa disposição para usar e abusar das benesses do poder, logo se evidenciaram - festas e reuniões familiares e de amigos - com utilização dos meios, instalações e todos tipo de facilidade que a estrutura da administração oferece, passaram a ser rotina na seara petista / governamental.
A ascensão revelou instintos e sentimentos que a vida sindical, certamente não permitia. Socorreu-se dos maiores empresários nacionais, como se empresta uma xícara de açúcar do vizinho ou o butijão de gás, para reformar, para tornar mais sofisticada, a residência oficial do presidente da república. Apenas não se tem notícia da manutenção da "estrela vermelha" no jardim presidencial.
Nas primeiras viagens, deve ter logo equiparado o avião presidencial ?sucatão? à velha kombi que todo sindicato utiliza para os mais variados serviços, inclusive levar a diretoria para pescar nos finais de semana. Não se fez de rogado, tomou a iniciativa ? polêmica, por discutível sua prioridade - de encomendar um avião novo. Ainda se indaga:- qual seria o parâmetro que tomou para comprar o Airbus, parementado em ambiente de ?mil e uma noites? ?
Uma vez no cargo, como todo presidente de sindicato, cercou-se dos seus ?cupinchas? e ?paus-mandados? - certamente, os mais ladinos foram se assenhorando dos cargos estratégicos. Os registros dão conta que o tratamento dispensado a esses ajudantes ? verdadeiros serviçais, são constrangedores.
Enquanto isso, deslumbrado com o cargo e não suportando o aborrecimento da rotina da administrativa - como fazia no sindicado - foi delegando atribuições para seus asseclas mais próximos - e de confiança. Sua preocupação primeira, era tentar desestruturar qualquer resquício da adininistração anterior, de forma a não sofrer interferência e muito menos fiscalização, como garantia de continuidade no poder indefinidamente - tendo sempre em mente a figura do "Joaquinzão", eterno presidente do sindicato dos metalúrgicos.
Com essa disposição, passou a distribuir favores e benefícios para quem se dispusesse a segui-lo nessa empreitada. Aliás, foi prestando favores que conseguiu aproximar-se da viúva - carente ou não - que procurava o sindicado para encaminhar os papéis do auxílio funerário e pensão do marido recém falecido.
Logo percebeu que podia distribuir - ao invés de favores e serviço - "dinheiro vivo" para as pessoas aderirem ao seu projeto de poder ( e não de governo ) engrossando cada vez mais a base que lhe dá sustentação política.
A primeira tentativa, não deu certo exclusivamente pela incompetência gerencial do intelectual - de forma acadêmica, mas de viés petista - que havia idealizado aquele meio de tornar o povo cativo.
Simplesmente comida não foi suficiente, era necessário dinheiro - que os franceses chamam "larjan" - para conquistar, não só a barriga, como também a consciência da população carente - tal qual as religiões que lhes oferece a salvação eterna apenas com a verdade dos áulicos.
A busca do poder, que já havia deixado no curso da sua história cadaveres, não haveria de poupar - sendo preciso - parceiros e correligionários fiéis. A sua mente já não dispunha de espaço para sentimentos menores, amizade, ideologia, compromisso e verdade se tornaram palavras sem qualquer significado para o candidato a déspota, sua disposição era uma só - a manutenção do poder a qualquer custo.
Com essa postura, não opôs qualquer resistência - pelo contrário, deve ter facilitado - o favorecimento ao seu filho Fábio Luiz e dos filhos do amigo Bittar, em vergonhosa "negociata" com a Telemar. Alguma coisa em torno de 18 milhões de reais .fizeram a feira e o futuro, do jóvem biólogo, ex-estagiário do Zoológico de São Paulo. O exímio praticante de video-game, como todo adolescente ocioso, de repente tornou-se produtor de games para a televisão - excelente negócio !
Assim, utilizando-se de meios até então desconhecidos - ou pelo menos não empregados nesse volume e extensão - acumulou dividendos, muito mais lucro que perdas, que o tornaram unanimidade e passou a ser reverenciado, principalmente, nos rincões mais humildes do território brasileiro.
Às vésperas das eleições de outubro de 2006, esse monstro que a oposição - em alguns passagens inflou, quando apoiou medidas legítimas de interesse nacionais ou tolerando práticas criminosas - ajudou ou permitiu, com manifesta desídia, que alcançasse essa estrutura político / administrativa, mediante o aparelhamento e controle do estado brasileiro.
Enquanto isso, o Brasil - perplexo, assiste aos desmandos, crimes e falcatruas de um governo corrupto - que há muito deixou de sonhar em tonar-se um imenso Portugal, se vê reduzido - com todos os vícios e defeitos que cercam o meio - a uma simples República Sindical, mais apropriado seria dizer Sindicato do Crime !