terça-feira, 15 de abril de 2008

Fiquem com seus assassinos, mas preservem a sociedade

Nada mais normal que as famílias tentem proteger os seus entes queridos. Também é compreensível que os familiares sejam os últimos a admitir que um dos seus membros incorreu em algum erro grave ou mesmo em crime. Por isso, nada de anormal quando parentes saem em defesa de algum familiar que venha a se envolver em situação constrangedora. Apenas preocupa quando a relutância em aceitar o desvio de conduta do membro da família, ainda que as evidencias o apontem como responsáveis, se revela em tendência - não aceitar o fato consumado, enquanto as provas não a convença do contrário. Nesse espaço, assistimos famílias idôneas, de formação ilibada e com história de vida exemplar, muitas vezes tomar partido e até mesmo afrontar a verdade dos fatos, enveredando por um comportamento que a torna refém de uma situação irreal. Certa manhã fomos surpreendidos com a morte de um casal, no recôndito da luxuosa residência da rua Cuba, localizada em bairro nobre da cidade de São Paulo. O crime causou comoção social, já que as evidências apontavam para o filho do casal, como autor dos assassinatos - a postura violenta diante dos pais e o comportamento errádico do jovem corroborava com esse entendimento. Mesmo assim, seus familiares - pessoas ilustres e de reconhecida formação jurídica - não mediram esforços para afastá-lo da cena do crime. Como em outras situações similares, o trabalho da policia foi criticado e suas conclusões consideradas precipitadas, por não corresponderem com as provas obtidas - apenas evidências, insuficientes para inculpar o suspeito. Nesses casos, a par das críticas, torna-se comuns a imposição de dificuldades, muitas com a colaboração de pessoas próximas às vítimas - até mesmo provas passaram a ser suprimidas e até mesmo destruidas. Imaginem roupas, colchões e móveis, destruidos ou, simplesmente lavados para depois serem apresentados para perícia. Não são raras as investigações malogradas e os culpados impunes - em alguns casos, sucumbem a essas dificuldades e em outras fica manifesto a falta de interesse da família enlutada - entre punir o culpado, preferem proteger o ente-querido, ainda que mais à frente venha a se arrepender, diante de outros deslizes do infrator contumaz. Mesmo assim, haveremos de reconhecer e louvar a existência de profissionais denodados, munidos de incomum senso responsabilidade - enfrentam as dificuldades e vencem os óbices para levar adiante o seu mister. Nessas situações, talvez fosse o caso de colocar para essas famílias:- /*" fiquem com seus criminosos e lamentem suas vítimas, mas preservem a sociedade da sanha desses algozes e da repercussão dos seus atos"*/.

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