Emparedando o Judiciário
O discurso do Presidente da República no Estado do Piauí, mais pareceu um desabafo de "botequim" ou de um torcedor fanático após a derrota do seu time do coração. Ao reclamar das críticas ao seu governo proferidas por parlamentares e membros do Poder Judiciário, tudo leva a crer que teve como objetivo constranger estes últimos. O presidente sabe que não pode calar os deputados e senadores, mesmo porque são criaturas políticas e ainda dispõem de espaço, visibilidade e o embate de opinião. Aliado à censura/crítica aos atos do adversário, são instrumentos do seu dia-a-dia. Agora, quando reclama das críticas ocasionais proferidas por Ministro de Tribunal Superior tem consciência que se trata de sinalização para decisões judiciais futuras sobre o programa do seu governo. Então, numa estratégia primária, tenta reverter a situação, colocando o Judiciário (perdoem a redundância)/ sub júdice/ - supõe que assim irá inibir futuras decisões judiciais contrárias aos seus interesses político-eleitorais. Aliás, é o que rotineiramente acontece com os árbitros de futebol, esporte tão ao gosto do nosso presidente. Cabe apenas lamentar a reação pouco expressiva dos partidos de oposição - */quase deixaram passar o episódio em brancas nuvens,/* */salvo pela repercussão de uma imprensa livre/*. Os oposicionistas, lamentavelmente, estão perdendo uma nova oportunidade de mobilização em defesa da democracia e particularmente dos membros do Poder Judiciário. Outras oportunidades já deixaram passar - Waldomiro Diniz, "mensalão", "sanguessuga", "dossies falsos" ... - por desídia ou covardia, temerosos de emparedar (mandar calar!) um presidente "falastrão", talvez por temerem os altos índices de sua popularidade, ainda que calcada basicamente em programa reconhecidamente assistencialista.
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