quinta-feira, 24 de maio de 2007

Polícia Federal em greve:- E daí?

Regra geral - as exceções a compõe - as reiteradas greves dos agentes da Polícia Federal não atingem a vida do brasileiro comum. Por exemplo:- brasileiro, sexagenário, curso superior, com mais de trinta anos de serviço público, atualmente advogado e sempre residindo em área urbana, nunca teve oportunidade de ingressar em uma unidade da Polícia Federal e tampouco se dispôs a lançar mão do seu serviço. E nem por isso sua vida revelou maior ou menor grau de dificuldade ou de relevância.

Evidente que se trata de um órgão importante para o controle social pelo Estado e defesa dos interesses da União, mas dentre suas atribuições não existe um serviço, por mais simples ou específico que seja, voltado para atender o interesse imediato do cidadão mais simples.

Numa rápida análise, convido o leitor a percorrer as áreas de atuação da Polícia Federal, com intuito de demonstrar que suas intervenções são episódicas e ocasionais - continuidade somente existe para atender o interesse de pequeno segmento da população brasileira, como é ocorre na área de alfândega (portos e aeroportos), expedição de passaportes e controle de armas, ou de quando em quando na realização de operações espetaculosas - muitas vezes pouco essenciais.

No mais, como seria de se exigir:- o controle das nossas fronteiras; tráfico internacional de drogas; contrabando e descaminho; controle e fiscalização sobre atividade de segurança privada; combate ao crime organizado e outros assuntos de interesse da União, suas intervenções são apenas pontuais. Portanto, não atendem o interesse imediato e o direito do homem simples, particularmente no seu cotidiano. Por isso, a greve deflagrada pelos agentes da Polícia - mesmo atingindo uma série de serviços e atividades públicas - não alcança a vida, tampouco frusta o dia-a-dia do cidadão médio.

Nesse quadro, deparar com uma Delegacia da Polícia Federal aberta ou fechada, como é noticiado, torna-se irrelevante para a maioria da população brasileira. Aliás, no mesmo sentido, podemos considerar a justiça, a religião, o ministério público, as forças armadas e a polícia ordinária (preventiva e repressiva) quando atuam no controle social das comunidades ou quando deixam de exercer efetivamente o seu mister, no âmbito de suas atribuições, nem sempre demonstram conhecer a insignificância - por precária, limitada, descontínua, ineficiente, prepotente e desabrida em vaidades - que envolve de per si a sua atuação.

O agente político e o servidor público, em todos os níveis, haverão de estar atentos para a imprescindibilidade das tarefas que desenvolvem, antes de querer reivindicar direitos, inventar situações e criar privilégios que julgam merecer e com isso submeter a população - aqueles segmentos que ainda contam, alguns por ingenuidade e a maioria por necessidade - a todo tipo de constrangimentos e privações, traduzindo-se na sonegação explícita de um conjunto de direitos inalienáveis, por decorrerem do exercício da cidadania !

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