domingo, 27 de maio de 2007

Doutor Sérgio Sérvulo - seu recentemente, é hoje.

Inteligência, lucidez, clareza de pensamento, são algumas expressões que poderiam ser utilizadas para qualificar a entrevista (ESP/27/5) do ilustre jurista, pensador do direito e antenado com os assuntos do Estado Brasileiro. Evidente que a Polícia Federal, quando se dispõe a fazê-lo realiza um trabalho diferenciado no âmbito da polícia judiciária. Igualmente é verdade que seu efetivo, certamente por estar próximo do poder central - em todas as esferas - acabou obtendo um tratamento, principalmente salarial, igualmente diferenciado das demais congêneres estaduais. Oportuno o registro do comportamento sobranceiro do doutor Lacerda, seu diretor. Apenas deixou de comentar que essa mesma proximidade produziu no seio da PF a "partidarização" do seu quadro - flagrante no processo sucessório da sua direção. O próprio Lacerda, tempos atrás - logo após sua intervenção no processo do impeachment do presidente Collor - foi praticamente defenestado da corporação ou pelo menos preterido. Agora, afirmar que até recentemente a Polícia Federal fora manipulada - e lembrar apenas do episódio da candidatura da senadora Roseana Sarney - nos pareceu um flagrante lapso de memória do lúcido advogado. Bastaria apenas lembrar das figuras de Waldomiro Diniz, assessor da Casa Civil e os altos próceres petistas Delúbio Soares, Silvio Pereira, Genuíno, Sereno e outros, envolvidos em escândalos e falcatruas, bem recentemente, que não sofreram o mesmo rigor investigativo da Polícia Federal. Isso, para ser eqüânime, nos leva a concluir que se houve manipulação política da instituição antes, como sugeriu o entrevistado - mais do que nunca - ela continua acontecendo no atual governo, infelizmente !

Denúncia dos Controladores: Há Controvérsia

A postura do Ministério Público Federal ao anunciar a formalização de denúncia criminal contra os pilotos do Legacy e dos controladores de vôo, como responsáveis pelo acidente envolvendo o Boeing da Gol, nos remete ao personagem "Pedreira", doce lembrança do ator Francisco Milani. Realmente, o assunto é controverso e revela, no mínimo, açodamento do MPF. Primeiro, a perícia realizada pela Ministério da Aeronáutica sobre o acidente, até o momento, não forneceu o laudo correspondente, portanto, existem apenas suposições pontuais oriundas do inquérito policial elaborado pela Polícia Federal a respeito da sua causa. Por outro lado, remanesce até mesmo dúvida se o fato é de competência da Justiça Federal. A simples presença de dois norteamericanos - pilotos do Legacy - envolvidos no episódio não é suficiente para estabelecer essa competência - em razão da matéria, território... (?) - tampouco existiria o interesse da União na questão. Outros tantos acidentes aeronáuticos têm ocorrido pelo país e, pelo que se sabe, nenhum deles foi investigado pela PF e apreciado pela Justiça Federal. Não podendo ser descartada a circunstância do controle de vôo, no território nacional, ser atribuição do Ministério da Aeronáutica, portanto atividade de cunho militar. A presença de controlador civil não é suficiente para alterar a natureza do serviço. Como diria o senhor "Pedreira":- "há controvérsia" e o assunto, infelizmente, está longe de encontrar uma solução, para tristeza e revolta dos familiares das 157 vítimas mortas no trágico acidente.

sábado, 26 de maio de 2007

Centro de Ressocialização - Teria sido um equívoco?!

Leio a notícia sobre a desativação do Centro de Ressocialização com a sensação de filme já assistido e oportunidade para uma revisão da história - através da revitalização de área central da cidade.

Desde o seu projeto inicial - a então direção da Polícia Civil sempre resistiu à idéia - representado pela cessão do espaço da antiga Cadeia Pública para a APAC (?) o assunto gerou polêmica. O sonho da população moradora da adjacência da rua São José e rua do Rosário sempre foi de assistir a remoção dos presos do centro da cidade. Foi uma vitória - de Pirro - da comunidade piracicabana, que por décadas viveu em sobressalto diante das constantes fugas e reiteradas rebeliões ali vividas.

Registre-me que o patrimônio, por décadas, pertenceu à Polícia Civil e compunha seu único e valioso acervo patrimonial e, diante da desativação da cadeia, naturalmente destinava-se a permitir o agrupamento no mesmo espaço físico dos principais serviços - plantão policial, delegacia de trânsito, posto de identificação, perícias técnicas e atividades administrativas - que a corporação vem prestando ao longo do tempo a esta comunidade.

Infelizmente, os dirigentes mais recentes preferiram quedar-se inertes, assistindo passivamente o patrimônio da Polícia Civil ser, irracionalmente seccionado, para cessão do prédio e terreno da antiga cadeia para utilização da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP). Irresignada, talvez sem entender bem o que passava, os moradores da privilegiada área do centro da cidade, assistiram novamente a ocupação do imóvel por considerável número de presos já condenados e sem condições objetivas para sua ressocialização, como demonstra a medida ora adotada.

A notícia poderia merecer gáudio, pela disposição de mais uma vez retirar os presos daquele recinto, mas a expectativa desvanece diante da promessa de reagrupar no local sentenciadas do sexo feminino, com o objetivo de ressocializá-las. Outro equívoco e ao bom administrador não é recomendável reiterar na adoção de medida improdutiva. Evidente que o espaço é exíguo, não permitindo desenvolver com a amplitude recomendada a aplicação da laborterapia - através do trabalho, estudo, profissionalização, esporte e lazer - aos reeducandos.

Por outro lado, a Polícia Civil de Piracicaba atualmente vem ocupando significante espaço na administração estadual. Sua direção vem sendo prestigiada pelo Governo do Estado - recentemente o governador José Serra compareceu à cerimônia de instalação do DEINTER. Órgão que restabeleceu à cidade de Piracicaba a condição de lider - sede administrativa - de extensa região do interior do Estado de São Paulo, no âmbito da Polícia Judiciária.

Com isso, não se pode deixar de invocar, por oportuna, real e justa, a possibilidade da Polícia Civil pleitear a restituição do imóvel, que lhe pertenceu por direito e a racionalidade recomenda a sua retomada, com objetivo de tornar realidade o projeto de dispor de sede-própria.

Agora, cabe à Prefeitura Municipal e Câmara dos Vereadores encamparem a iniciativa, adotando politicamente a idéia de forma a corrigir esse equívoco histórico. Primeiro, destinando outra área para a SAP, mais apropriada para desenvolver sua relevante atividade comunitária, através da ressocialização de sentenciados. E, ao mesmo tempo reconhecer o direito da Polícia Civil, como instituição centenária, readquirir o merecido status - dispondo de instalações próprias e condizentes - para melhor servir a população piracicabana.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Outra boa sacada do governador Serra !

Boa sacada do governador Serra! Mas como definir a iniciativa de devolver ao contribuinte 30% do ICMS recolhido por meio da nota fiscal on-line? Maquiavelismo, premiar para dividir ou distribuir o bem aos pouquinhos - ou então: - seria a medida mais econômica ou mais eficiente que remunerar melhor o corpo de fiscais da Secretaria da Fazenda? Também não ficou claro qual contribuinte será premiado:- o comerciante que emitiu a nota fiscal on-line ou o consumidor que exigiu a nota fiscal? Em qualquer circunstância, o resultando será auspicioso para os cofres do Estado de São Paulo. Aos poucos ele vai mostrando sua maneira de governar - sem perder a mania de consultar seu mapa astral
pela manhã.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Polícia Federal em greve:- E daí?

Regra geral - as exceções a compõe - as reiteradas greves dos agentes da Polícia Federal não atingem a vida do brasileiro comum. Por exemplo:- brasileiro, sexagenário, curso superior, com mais de trinta anos de serviço público, atualmente advogado e sempre residindo em área urbana, nunca teve oportunidade de ingressar em uma unidade da Polícia Federal e tampouco se dispôs a lançar mão do seu serviço. E nem por isso sua vida revelou maior ou menor grau de dificuldade ou de relevância.

Evidente que se trata de um órgão importante para o controle social pelo Estado e defesa dos interesses da União, mas dentre suas atribuições não existe um serviço, por mais simples ou específico que seja, voltado para atender o interesse imediato do cidadão mais simples.

Numa rápida análise, convido o leitor a percorrer as áreas de atuação da Polícia Federal, com intuito de demonstrar que suas intervenções são episódicas e ocasionais - continuidade somente existe para atender o interesse de pequeno segmento da população brasileira, como é ocorre na área de alfândega (portos e aeroportos), expedição de passaportes e controle de armas, ou de quando em quando na realização de operações espetaculosas - muitas vezes pouco essenciais.

No mais, como seria de se exigir:- o controle das nossas fronteiras; tráfico internacional de drogas; contrabando e descaminho; controle e fiscalização sobre atividade de segurança privada; combate ao crime organizado e outros assuntos de interesse da União, suas intervenções são apenas pontuais. Portanto, não atendem o interesse imediato e o direito do homem simples, particularmente no seu cotidiano. Por isso, a greve deflagrada pelos agentes da Polícia - mesmo atingindo uma série de serviços e atividades públicas - não alcança a vida, tampouco frusta o dia-a-dia do cidadão médio.

Nesse quadro, deparar com uma Delegacia da Polícia Federal aberta ou fechada, como é noticiado, torna-se irrelevante para a maioria da população brasileira. Aliás, no mesmo sentido, podemos considerar a justiça, a religião, o ministério público, as forças armadas e a polícia ordinária (preventiva e repressiva) quando atuam no controle social das comunidades ou quando deixam de exercer efetivamente o seu mister, no âmbito de suas atribuições, nem sempre demonstram conhecer a insignificância - por precária, limitada, descontínua, ineficiente, prepotente e desabrida em vaidades - que envolve de per si a sua atuação.

O agente político e o servidor público, em todos os níveis, haverão de estar atentos para a imprescindibilidade das tarefas que desenvolvem, antes de querer reivindicar direitos, inventar situações e criar privilégios que julgam merecer e com isso submeter a população - aqueles segmentos que ainda contam, alguns por ingenuidade e a maioria por necessidade - a todo tipo de constrangimentos e privações, traduzindo-se na sonegação explícita de um conjunto de direitos inalienáveis, por decorrerem do exercício da cidadania !

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Apoio garante verbas futuras

É recorrente a inércia da imprensa quando surpreendida por uma iniciativa ousada. Ocorre agora, quando um grupo de políticos - em meio à tsunami provocada pela operação "furacão" - toma a iniciativa de discutir a regulamentação da exploração do "jogo do bingo", trazendo como apêndice as máquinas "caça-níqueis". A imprensa pode estar até isenta dessa vergonhosa propositura, mas é certo que os políticos que a defendem, sugerindo sua regulamentação, buscam estabelecer uma fonte segura e inesgotável de recursos para suas futuras campanhas políticas. Como nas artes, serão erigidos à condição de mecenas da exploração do bingo e aliados de primeira hora nos desmandos vinculados a essa atividade marginal. Sendo assim, porque manter presos os envolvidos e se preocupar com o resultado dos processos criminais em andamento? Basta lembrar que a lei - no campo penal - retroage, obrigatoriamente, quando se trata de favorecer o réu!

quarta-feira, 16 de maio de 2007

TINTUTARIA - SEMPRE UM BOM PAPO

Muitos hão de discordar, por acharem que eram nas barbearias - hoje cabeleireiros - o local onde se encontrava uma boa conversa e as últimas novidades eram conhecidas, quando a cidade ainda era pequena e as pessoas dispunham tempo para o bom e divertido papo. Realmente, a vida caminhava mais devagar!

Embora não possa discordar totalmente, mesmo porque também freqüentei esse ambiente. Foi no Salão do Xavantes - meu primeiro trabalho, como engraxate - onde aprendi a jogar dominó e ouvi muitas histórias do futebol ourinhense. Ernesto, o barbeiro predileto do meu pai - fazia a sua barba toda semana - era surdo, mas ainda assim permitia uma boa conversa. Foi dele que adquiri a bicicleta da marca Victória, bem conservada e toda enfeitada, mas que deixei sem nenhum apetrecho quando a vendi por ocasião da mudança.

Devo reconhecer que foram das tinturarias que guardo as melhores recordações. O Luiz Tintureiro, na rua Gaspar Ricardo, onde trabalhavam o Juvenil e o "Neguito". Luiz, era japonês diferente, casado e com muitos filhos. Apreciava uma boa cachaça e normalmente era uma pessoa comedida - mas nos domingos de carnaval, enfeitava-se travestido de mulher, inclusive com salto alto e maquiagem, saía a desfilar sozinho pela cidade. A criançada o seguia festejando e recebendo os jatos de lança perfume - refrescante, mas que ardia quando alcançava os olhos.

Ali se conversava de tudo - desde sobre os jogos do campeonato paulista, programas musicais e as últimas "fofocas" do bairro. Também se ouvia "Neguito" querendo demonstrar aptidão para o canto. As vezes ouvia de casa, ele e o Láercio da funerária, tentando imitar Cauby Peixoto, cantando a inesquecível "Conceição".

Outro tintureiro amigo, foi o "Pedrinho", genro do Pedro Danga e cunhado do "Zé do Bar", instalado na rua Antônio Prado - prédio da casa do Pedrotti, Eduardo era nosso goleiro - defronte ao terreno da antiga delegacia de polícia, onde existia espaço para o famoso "Campinho da cadeia-velha", de boas lembranças. Moacir, já quase rapaz, garantia o nosso mando do jogo - se impondo pela força e valentia!

As fotos estampadas na parede do estabelecimento denunciavam que "Pedrinho" era sãopaulino, assim como o "Celsinho Gonçalves", "Nego Maeda" e outros amigos. Era o nosso refúgio para dar as primeiras tragadas em cigarro - garantia de que não seríamos visto fumando. Também ali nos reuníamos para ir nadar no "Perininho" ou simplesmente curtir as tardes ociosas, jogando conversa fora e aguardando a chegada do "dono da bola" para a pelada de todo final de dia.

Ainda existia a tinturaria da família Shinohara , composta de diversos rapazes - todos exímios na profissão - introduziram novos métodos e passaram a utilizar equipamentos mais modernos na arte de passar roupa. Trabalharam por muitos anos na rua Euclides da Cunha ou seria rua do Expedicionário (?). Depois, em prédio próprio, transferiram para a rua Amazonas. Além de bom papo, eram parceiros contumazes no jogo de snoocker, donos de boa tacada e difíceis de serem enfrentados - Massao, o mais velho, sujeito quieto, mas excelente amigo!

A modernidade com suas inovações, acabou por ignorar a existência dessas profissões, tornando-as dispensáveis para os nossos tempos. Poucos ainda sobrevivem, mas tiveram que se adaptar - as lâminas de barbear e seus aparelhos modernos dispensam qualquer habilidade para o barbear, ainda que não escanhoe como a velha e bem afiada navalha Solinger - adotando outro perfil de atendimento. O mesmo aconteceu com os dedicados tintureiros - literalmente, já não passam mais em nossas casas oferecendo o serviço, tampouco temos a entrega no domicílio.

Por isso, descrever locais, falar das pessoas e relembrar situações vividas - pode até se tornar enfadonho para o leitor, nesse caso peço desculpas! - mas faz um bem danado para a alma do ourinhense ausente e tem se tornado lenitivo para uma vida, embora saudável e sem maiores atropelos, repleta de lembranças e saudade da pacata cidade do interior, que se tornou pujante. Hoje, talvez não guarde mais espaço para experiências e situações simples e prosaicas, como essas que compõem esse texto e a nossa história!

terça-feira, 15 de maio de 2007

Serra - manuseando arma é digno de pena

Todo político, quando busca aproximação ou quer agradar um público, em geral perde a noção do ridículo. E, ocorrendo do político ser também um intelectual, a situação então se torna hilária. Veja o caso do governador José Serra empunhando uma arma do GATE (site "Estadão"). Não revela nenhuma habilidade, tampouco conhecimento sobre como manuseá-la -
ele é inteligente e sabe disso. Ainda assim, sem noção do ridículo a que estava se expondo, toma nas mãos o fuzil e sai a apontá-lo como se quisesse demonstrar alguma afinidade com a atividade policial. Ledo engano - como Mário Covas, outro "Tucano" - por questões históricas e (de) formação política, José Serra e a polícia alimentam antipatia recíproca. Enquanto o governador faz de conta que atende os pleitos dos órgãos policiais, estes simulam que aderem ao seu projeto de Segurança Pública - se é que existe. Tudo se resume em fingimento explícito!

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Pílulas do Frei Galvão - questão de saúde pública

Com todo respeito à religiosidade do povo brasileiro e nossa admiração pela figura consagrada do Frei Galvão, causa apreensão a forma como são fabricadas as famosas "pílulas" - pequenos pedaços de papéis, com mensagens religiosas - pelas devotas do primeiro santo brasileiro. Saber que essas "pílulas" vão ser distribuídas para a população - pessoas portadoras de fé, muitas vezes carentes de esperança - para serem ingeridas como se fossem um remédio sagrado, desperta preocupação. Mas como esperar que o órgão responsável - ANVISA - pela fiscalização dos remédios fabricados, distribuídos e comercializados no país tome uma atitude a respeito, por agir simplesmente como instrumento político do governo petista. Enquanto isso, a esperança dessas pessoas - consumidoras das pílulas do Frei Galvão - está se transformando em sério problema de saúde pública. O risco de contrair alguma moléstia, em decorrência da contaminação do produto pela manipulação sem cuidados básicos ou resultar em contaminação pelos componentes utilizados na fabricação do papel, é real. Enfim, não se trata de produto destinado ao consumo humano - então, como permitir sua utilização na forma de remédio, com indicação de cura para todas as doenças. Com a palavra as autoridades responsáveis !

sábado, 12 de maio de 2007

FHC e seu experimento sociológico

É sempre bom ver um lider político - do quilate de FHC - emitindo opinião e sugerindo que seu partido defina estratégias para recuperar-se como expressão política viável. Vem de longe a sua diferença com a linha adotada por José Serra - teve dificuldades para mantê-lo no seu governo, face divergências com a equipe econômica. O ex-presidente costuma provocar José Serra sugerindo, que somente ele conhece as medidas governantais necessárias para fazer o Brasil crescer e desenvolver-se - mas não conta para ninguém. Durante a campanha de 2002, entre Luiz Inácio e José Serra, FHC adotou uma posição de magistrado, não se empenhou com entusiasmo para eleição do candidato do PSDB - é certo que José Serra também não fazia questão do seu apoio. Até parecia que o sociólogo, via a eleição de Lula, como um experimento sociológico, digno de ser vivido pela sociedade brasileira. Ele deve essa explicação à nação - todos nós, corremos risco - as possibilidades de dar certo eram mínimas. Agora, vive a resmungar pelos cantos, como não acreditando que o metalúrgico, semi-analfabeto, esteja conseguindo levar o seu segundo mandato sem maiores percalços, ainda que não ostente a mesma verve e cultura do seu antecessor. Por incrível que possa parecer, será que acabou dando certo? Ou amargaremos as conseqüências dessa incúria mais adiante ? Quem viver verá !

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Medida de Segurança - após cumprimento da pena, está virando moda

Em determinadas situações, o Ministério Público vem adotando como norma. Primeiro, aconteceu com o "assaltante" conhecido por bandido da "Luz Vermelha", depois com o serial killer denominado "Chico Picadinho". Ambos foram condenados a penas altíssimas - pela soma das condenações que sofreram em processos distintos. Não consta que nas diversas fases dos respectivos processos ordinários - até mesmo antes, por ocasião do procedimento administrativo - o órgão acusador ter argüido (levantado, no jargão jurídico) a insanidade mental daqueles acusados, certamente para não sujeitar-se à suspensão dos processos - evidente que a opinião pública não iria entender - enquanto corriam os incidentes, em apartado. Nesse caso, ao final, constatada a doença mental instalada, sendo declarados inimputáveis, representada ausência de consciência para entender o caráter criminoso do ato ou fato praticado, seria lhes imposta a medida de segurança -com prazo indefinido, podendo ser prorrogável enquanto perdurar a periculosidade. Essa mesma legislação penal, também prevê que extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança, nem subsiste a que tenha sido adotada (Artigo 96,parágrafo único do CP). Não é o que temos visto acontecer. Os dois casos mencionados, por repercutirem na imprensa, se tornaram público - após terem cumprido 30 anos de prisão, período máximo permitido pela lei brasileira - o Ministério Público foi buscar, até mesmo fora da legislação penal, a interdição e conseqüente internação do meliante perigoso. O Poder Judiciário, por sua vez, nos parece premido pela opinião pública, acaba mantendo o facínora encarcerado. Ainda que revele, na prática, a medida mais acertada para garantia da ordem pública e paz social, estamos a nos acostumar conviver com providências tomadas por autoridades públicas ao arrepio da lei - mesmo nessas condições extremas. Agora, mais ou menos na mesma situação, assistimos com apreensão, o então adolescente-infrator Roberto Aparecido, "Champinha", ser mantido internado, após cumprir o período máximo permitido pelo ECA. Não estou defendendo bandido, mesmo porque sou delegado de polícia-aposentado e por princípio prefiro vê-los presos, mas causa preocupação ver as nossas leis serem adequadas à situações criadas ou permitidas pela inércia do poder público - quiçá desídia ou oportunismo. Lembro que o estado democrático não permite situações dessa natureza e espécie - torna-se um risco para qualquer um de nós !

sábado, 5 de maio de 2007

APEOSP X PREVIDÊNCIA SP

Observo que a APEOSP, a par de estar acompanhando, discuntindo e impondo sugestões ao projeto da Previdência Estadual, não descarta a possibilidade de entrar em greve - como forma de exigir a sua retirada da pauta da Assembléia Legislativa. Essa estratégia da associação dos professores, tem tudo a ver com o domínio do petismo / cutismo, e nos remete à Assembléia Nacional Constituinte. Ali o PT e seus aliados, democraticamente, impuseram uma série de dispositivos - muitos generalistas e, portanto, incompatíveis como regra de balazimento do ordenamento jurídico - e batalharam pela supressão de outros - alguns fundamentais para organização racional do país - transformando a sonhada constituição democrática num emaranhado de normas impraticáveis, em geral por sua prolixidade. Estranhamente, ao final da sistematização, quando da promulgação se negaram a assinar a carta magna - sob qualquer justificativa mesquinha. Agora, mais uma vez, assistimos complacentes a mesma força política, felizmente minoritária, submeter a maioria a todo tipo de chantagem e constrangimentos, sem o necessário compromisso de ver implantada a exigida Previdência Estadual. Aliás, exigência imposta pelo governo federal, domínio petista, sob pena do Estado de São Paulo ver suspensa a remessa da sua cota de participação no fundo de tributos federais. Há que se ficar solerte com esse pessoal - de antemão, não dá para saber de suas reais intenções - as vezes caminhavam contra a razão !

MARIO BRANCO - CIDADÃO ATUANTE

O conheci como funcionário do Centro de Saúde e freguês do açougue do meu pai. A família do casal Mário e Helsinque habitava uma confortável casa da rua Amazonas - com varanda na frente, muitas plantas e amplo quintal nos fundos. Seus filhos "Marinho", Zoé e Yara, conviveram e integraram as gerações dos meus irmãos - eu, apenas observava a beleza das duas jovens.

A par de sua atividade na área da saúde pública - funcionário dedicado e muito respeitado na comunidade - Mário Branco interveio, durante décadas, praticamente em todas as manifestações da comunidade ourinhense - tanto política, como cultural e esportiva..

Um dos primeiros textos publicados na Folha de Ourinhos, descrevi a paixão de dois torcedores pelo Esporte Clube Operário - sob o título "Exemplos de Torcedores" - um daqueles personagens apresentava o perfil do Mario Branco de outrora, ainda boêmio e irreverente. O outro, por questão de eqüidade tenho que revelar, era o senhor Evaristo, outro dedicado servidor dos Correios - do tempo que não havia carteiro, tínhamos que ir retirar as correspondências e os jornais diretamente no guichê da agência.

Já contei aqui, mas é sempre oportuno repetir - costumo dizer para os meus filhos, quando reclamam que estou repetindo a mesma história, que é para eles não esquecerem - ambos eram torcedores fanáticos do Operário e quando o time jogava, o resultado pouco interessava, era motivo para beberem até de madrugada e no banco da praça cantarolar "..vesti uma camiseta listada e sai por aí . . ." sucesso de Carmen Miranda.

Em outra época, o senhor Mário Branco - anterior ao movimento liderado pelo médico Morales, com participção do ferroviário Goezinho e do Ari Toledo, antes do sucesso cantando as misérias do nordestino, e outros... - mobilizou o círculo cultural ourinhense, dando ensejo à criação do primeiro grupo de teatro amador da cidade. Certamente, ainda existirão pessoas que tenham participado ou pelo mesmo testemunhado esse período fértil da cultura ourinhense.

A política foi outra paixão do ilustre ourinhense, sempre participativo - as fotografias do amigo José Carlos, na coluna Recordando...retratam ! - com sua indefectível gravata borboleta, sempre atento aos movimentos populares, mas suficientemente crítico para não se deixar cair na tentação de se expor em disputas menores - como a preservar a sua inteligência e concepção de vida.

Certa ocasião, passando pelo açougue do meu pai fez a encomenda da carne de costume, mas pediu que fosse entregue em sua casa. Dizia estar a caminho da Delegacia de Polícia com a disposição de falar com o delegado sobre a "Congada". Para quem não conhece:- trata-se de uma manifestação da cultura e religiosidade africana, que o pessoal da "Gruta Baiana", tradicional família da rua Pedro de Toledo, costumava realizar com competência e seriedade.

A aguçada curiosidade do meu irmão Aureliano, ainda adolescente, o levou a tomar da bicicleta e acompanhar a comissão até a delegacia. Ainda na porta, o delegado de polícia ouviu as ponderações do prestigiado cidadão - Aureliano assegura, mesmo a distância ter ouvido o delegado recomendar que não teria problema realizarem os cultos, desde que não batessem o tambor até muito tarde.

Com isso, o senhor Mário Branco que já havia participado do maior feito do Esporte Clube Operário no Campeonato de 1949 - quando o time capitaneado pelo goleiro Gimenez, sagrou-se campeão do interior - depois deflagrado e liderado as primeiras iniciativas do teatro amador em Ourinhos; daquela vez empenhava-se na defesa do sincretismo religioso - sempre presente nas manifestações culturais ourinhense.

Espero que ainda hoje, seus descendentes mantenham viva a tradição e continue realizando a "Congada" - importante manifestação da negritude ourinhense, sempre representada pela inesquecível e saudosa "Gruta Baiana".

Aliás, a diversidade cultural do senhor Mário Branco era conhecida e já vinha demonstrada pelos nomes escolhidos para suas filhas Zoé e Yara, não só pela beleza e sonoridade, mas certamente como homenagem e respeito à cultura indígena.

Como no samba - morre o homem e fica a fama !

sexta-feira, 4 de maio de 2007

LEÔNIDAS DA SILVA - 1º DE MAIO E OS JOGOS OPERÁRIOS

A segunda metade da década de 60 caminhava lamuriosa, num lamento sem fim diante das oportunidades perdidas e ainda apreensiva com o suceder dos acontecimentos, quase sem saber onde iriam desaguar.

Para quem não viveu o período ou pouco sabe sobre o ocorrido, sempre vale a pena relembrar. A vida política institucional brasileira viveu momentos extremos. Primeiro elegeu Jânio Quadros, figura popular, como Presidente República com votação consagradora. Meses depois, com perplexidade assistiu a sua renúncia intempestiva. Para a posse do vice-presidente João Goulart, foi preciso aceitar a introdução do parlamentarista, como sistema de governo - já imposição dos conservadores. Mais adiante, o retorno do presidencialismo só fez agravar a crise política e foi desaguar no golpe militar de 1964 - como por inércia, já que não houve resistência.

Foi no rescaldo desses acontecimentos que o jovem ourinhense, recém ingresso na Guarda Civil de São Paulo, tinha a missão de acompanhar as festividades relacionadas com o dia 1º de maio, em núcleos operários na cidade de São Paulo.

A primeira experiência foi no Bairro Tatuapé - final da rua Catumbi - dependências do Vila Zélia, famoso clube esportivo da Zona Leste, existente na antiga Fábrica de Tecido, cercada pelas casas dos operários, já em fase de decadência como as demais fábricas da região. O campo de futebol de terra já estava riscado a cal e com as redes puídas guarnecendo os gols, apenas aguardando o início do Torneio de Futebol Operário - promovido pelo Sesi - em comemoração ao Dia 1º de Maio, envolvendo equipes formadas exclusivamente por trabalhadores das indústrias.

O vestiário existente não era suficiente para abrigar os atletas das várias equipes - então em cada canto, debaixo de uma árvore ou cobertura improvisada - formavam-se os grupos para distribuição das camisetas. Os mesários e árbitros a postos, enquanto os jogadores ansiosos davam início a um bate-bola. onde exibiam suas habilidades de forma a demonstrar estarem prontos para o embate - ainda não se falava em aquecimento muscular - outros preferiam se aproximar do bar, na busca de uma bebida mais fortes que lhes desse a motivação necessária.

O sol da manhã foi incomodando e o Guarda Civil mais antigo - como a demonstrar sua liderança frente ao grupo - quis saber dos organizadores o motivo da demora. Foi informado sobre a cerimônia de abertura, com a presença do "Diamante Negro". Como a desconhecer o personagem esperado, voltou para junto dos colegas falando em homenagem e premiação dos atletas.

Logo depois, o portão do clube abriu permitindo a entrada de um veículo com o logotipo do Sesi. Dele desceu um senhor altivo - um pouco gordo é verdade - trajando impecável terno escuro, do tipo jaquetão, no rosto um óculos a protegê-lo da luminosidade. Caminhava com elegância - passos curtos e picados, ainda como um "boleiro" pisando na ponta do pés - em direção à mesa. No caminho era saudado por atletas e principalmente por populares e respondia com o inefável sorriso, como a identificar o consagrado Leônidas da Silva, o "Diamante Negro", naquela altura da vida comentarista esportivo e dirigente do Sesi.

Cabia-lhe, por seu passado glorioso - sob o auspício do Sesi - contribuir para realização dos "jogos operários". Com sua presença prestigiava e promovia a abertura do evento - sem nunca dispensar o "pontapé inicial". Depois de justificar o atraso, com a mesma habilidade que tinha nos pés, fez uso das palavras para saudar os presentes e conclamar os atletas a uma disputa amistosa - como se isso fosse possível no futebol amador - onde deveria prevalecer a consagração da amizade e solidariedade entre os trabalhadores.

No ano seguinte, agora na Fábrica de Vidros Santa Marina - no bairro da Água Branca - voltei a rever Leônidas da Silva, sempre no seu indefectível jaquetão e óculos escuros, dando o "pontapé inicial" e abrindo novamente os "Jogos Operários do Sesi" - comemorativos ao Dia 1º de Maio.

Ainda que em nossos dias, comemorações como aquelas se revelem prosaicas - diante dos mega-eventos realizados pelas centrais sindicais - a participação espontânea dos operários lhe davam brilho e significado especiais, sem subterfúgios e manipulações políticas tão em voga nos dias de hoje.

Lembranças como essas, por retratarem personagens inesquecíveis e períodos importantes da vida nacional, penso valer a pena reproduzí-las!

Manter Champinha internado - eis a questão!

Por mais antipática que seja a posição - diante da legislação vigente, a Justiça Pública ainda não justificou convincentemente a legalidade da manutenção do então adolescente-infrator "Champinha" internado. Apenas para lembrar, o Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece que o prazo máximo para internação do adolescente-infrator é de 3 anos. Cumprido esse tempo, o temido "Champinha" continua internado - ao que nos é revelado, sob pretexto de necessitar de tratamento psiquiátrico. Não há que se confundir essa situação com a medida de segurança, prevista na legialação penal - cujo prazo de internação pode protrair indefinitivamente, enquanto perdurar a doença mental e o criminoso oferecer perigo à sociedade. Assim, por mais antipática que possa revelar a posição e por mais irracional que possa parecer a situação - a realidade que vivemos, legalmente, salvo explicações mais convincentes, não permite a manutenção de "Champinha" em regime de internação, nos moldes do que lhe vêm sendo aplicado.

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