quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Globo, deforma a opinião pública

Em nossa vida aprendemos que a simplicidade, em algumas ocasiões denota sabedoria e grandeza daquele que a irradia, em outras a verdade cristalina das pessoas e, raramente, podemos considerá-la como uma condição definitiva de inferioridade. Compreensão isenta e quiçá tolerante como essa não parece nortear o discernimento do editor-chefe do Jornal Nacional, que prefere comparar o público que assiste aquele noticiário à figura do Hommer Simpson, personificado na caricatura do indivíduo simples, sem capacidade crítica e, por conseguinte desprovido de discernimento para avaliar situações mais complexas do nosso cotidiano e da vida em sociedade. Certamente por isso, o JN sonega ou manipula informações ao bel prazer da sua direção, supondo a dificuldade do seu telespectador elaborar, no sentido de compreender a situação em toda sua extensão - *chegando a sugerir que se trata de um serviço de utilidade pública.* Agora, às vésperas das eleições municipais, durante as duas últimas edições do JN, deparamos com uma matéria -* através da qual, a Globo de forma equivocada, tenta estabelecer uma comparação esdrúxula, por inapropriada *- onde compara a governança de um município ao papel exercido pelo síndico de um condomínio. Evidente que a primariedade da comparação reduz sobremaneira os atributos exigidos para o ocupante de um cargo relevante na organização político / administrativa do município. Ao assemelhar a competência - no sentido de poder - do governante ao mero executor de tarefas pré-determinadas, despreza de uma só vez, não só a capacidade de discernimento do telespectador, como a complexidade das atividades inerentes ao cargo de prefeito municipal. Perplexidade maior nos provoca a omissão da Justiça Eleitoral - *cuja ausência de objetividade da campanha de conscientização do eleitor já havia surpreendido * - por não atentar e intervir, já que a matéria veiculada pelo Jornal Nacional é manifestamente prejudicial à orientação do eleitor. Nesse caso específico, ao invés de despertá-lo para a importância da escolha, a pobreza da mensagem, aliada à simplicidade da idéia difundida - *por sua primariedade* - contribui para deformar sua opinião. Por fim, o exemplo adotado pela Globo para tratar o assunto, poderia ser substituído por outras atividades, como na figura do administrador de propriedade rural ou do fiscal de um matadouro - *o sentido e alcance do problema seria o mesmo * - por não ter levado que o prefeito municipal cuida da cidade e das pessoas que nela vivem, obrigatoriamente com vista a atendê-las em suas necessidades básicas, como moradia, saneamento básico, saúde, conservação de estradas, edificação de pontes, educação, segurança pública, relação com outras esferas de poder e, ainda, a elaboração de normas e projetos de lei. Portanto, a Globo mais uma vez subestima a inteligência do cidadão brasileiro, desprezando seu senso crítico e ao compará-lo ao perfil de um personagem simplório e desprovido de discernimento afronta a dignidade do seu fiel telespectador.

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