quarta-feira, 11 de abril de 2007

AGOSTINHO RIBEIRO - POLÍTICO, POR CONTA PRÓPRIA

Nessas minhas andanças pela infância e adolescência - rica, no sentido de guardar lições para muitas vidas - com a disposição dos incautos, vou me aventurando a recuperar personagens e passagens, que me são caras, de um período da história ourinhense.

Sempre me pareceu que exercia a política como deleite. Dispunha de excelente propriedade rural nas margens do rio Paranapanema - se não me engano, na foz do rio Pardo (?) - onde, além da atividade agrícola, mantinha porto de areia com seus imensos batelões.

A par disso, dispunha do gosto pela política e a praticava "por conta própria" - sempre ocupando postos de direção e exercendo liderança pelos partidos que percorreu. Cumpriu mandato legislativo e suas idéias encontraram ressonância no perfil político de Jânio Quadros.

Não consta ter usufruído das benesses de sua relação com o poder e com os grandes figuras - tenho comigo, que combateu o "Ademarismo" e as eleições de Jânio Quadro e Carvalho Pinto, para o governo do Estado de São Paulo, tiveram o seu apoio e trabalho intensivo.

Embora parcimonioso nos gastos, não media esforço para manter sponte sua um comitê-político, por diversas campanhas, na rua Gaspar Ricardo, onde elegia o candidato de sua preferência para destacar e enfatizar as suas qualidades, através de cartazes, proselitismo e alto-falante.

Sempre viveu na rua Amazonas esquina com rua Goiás, primeiro em uma casa de madeira e depois construiu confortável residência em alvenaria. No quintal mantinha o seu depósito de areia e debaixo de uma frondosa árvore, o seu filho caçula - Paulo Ailton - encontrou o prazer de jogar basquete, insistindo em passar a bola por um aro qualquer. Tinha ainda o "Dedé" e o Nelson, moço religioso, que também tomou gosto pela política. A única filha (?) casada com Miguel Constant, dono de farmácia e que fez fama como "Pampa", jogando pelo ourinhense.

Tem uma passagem do Paulo Ailton que merece sempre lembrada. Certa feita, parou no açougue do meu para me mostrar um telegrama - era da direção do Vasco da Gama - convidando-o para integrar o clube carioca. Evidente que seus pais não permitiram que viajasse sozinho para o Rio de Janeiro. Além de grande arremessador, também foi excelente zagueiro central - dono de um potente chute. Sua "bicuda" no futebol de salão era indefensável.

Diferente da maioria dos políticos contemporâneos, o senhor Agostinho Ribeiro engajava-se na política com a crença dos puros. Acreditava nas pessoas e nessa atividade como realização do bem coletivo. Empunhava a bandeira que lhe parecia mais próxima dos seus anseios, como cidadão e lider político. Não media esforços e, como já foi dito, a exercia por conta-própria. Não consta ter obtido vantagem pessoal, nem mesmo seus filhos galgaram postos no serviço público - e olhe que seu prestígio sempre foi significativo !.

Como poucos, o senhor Agostinho Ribeiro exerceu a cidadania na sua plenitude e deve ser lembrado com admiração e o respeito merecido !

Um comentário:

Luciene disse...

Sr. Noel, agradeço e parabenizo-o por esta mensagem... Sou neta do Agostinho (filha de sua filha Cleofe). Meu avo ficaria feliz ...Obrigada

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