A HISTÓRIA SE REPETE
" ... a experiência é como farol de um automóvel virado para traz:- ilimumina o trajeto percorrido, mas não aclara o futuro ..." expressão do escritor mineiro Pedro Nava (1903-1984).
Quanto mais vivo e a cada tempo que passa, maior número de motivos e razões vou encontrando para concordar com o médico e escritor mineiro Pedro Nava, autor de Baú de Ossos. A sua obra mais conhecida, com um linguajar diferente e muito particular, retrata as peculiariedades de sua relação familiar.
Tomo emprestada a expressão de Nava para servir de mote ao comentário sobre o episódio recém noticiado nas páginas do jornal Tribuna do Vale, envolvendo a administração da CrediVida e dando conta do grande número de pessoas lesadas na cidade de Jacarezinho - quiçá na região.
É deverás lamentável que, nos dias de hoje - onde a informação e esclarecimentos do contidiano campeiam soltos pelos meios de comunicação e são objeto de conversas do nosso dia-a-dia - ainda possam ocorrer fatos dessas natureza, onde fica manifesta:- de um lado a ganância do ganho fácil e improdutivo e do outro, a mascaração de uma atividde aparentemente lícita, onde a exploração do prestígio pesssoal e conhecimento decorrente da amizade e da relação familiar, são utilizados para ludibriar a simplicidade, em algumas situações a ignorância e a boa-fé de pessoas incautas, muitas vezes desprovidas da perspicácia exigida pela vida moderna.
As manchetes dos jornais estimam o prejuízo em um milhão e meio de reais. Evidente que essa estimativa não reflete a realidade dos fatos. Ainda que a distância e sem conhecer outros detalhes - apenas levando em conta a origem das pessoas envolvidas, suas atividades pretéritas e qualificações profissionais, bem como, o volume e tempo das atividades desenvolvidas na cidade e região, percebe-se que a extensão do dano causado a seus clientes ainda a ser apurado, facilmente alcançará a casa da dezena de milhões de reais.
Por isso, ao descartar a importância da experiência, carradas de razões confere ao escritor, já que episódio semelhante ocorreu na cidade de Ourinhos - isso no início da década de 60 - quando um simpático e prestigiado representante comercial desviando-se da sua atividade legal, passou a angariar dinheiro dos empresários, comerciantes e pessoas comuns do povo, oferecendo-lhes alta rentabilidade. Como garantia emitia títulos de créditos nominais, logo denominados "Benjametas" - pela reprodução do golpe, poderia muito bem empregar-se os nomes dos responsáveis pela CrediVida, a guisa de consagração pela infâmia dos atos praticados.
Agora, como lá atrás, os meios utilizados para ludibriar a boa-fé dos aplicadores e obter vantagem pecuniária indevida, os envolvidos nos golpes utilizaram-se de meios e recursos infalíveis - a disposição das pessoas para o lucro fácil e ingenuidade dos clientes; levada adiante pela falta escrúpulo, abuso de uma confiança cultivada pela convivência ou relação comercial e familiar, tudo aliado à vontade deliberada dos golpistas na busca do resultado obtido.
Como se observa, a experiência pouco valeu nessa circunstância e em outras de igual jaez, de forma a consagrar no decorrer do tempo, a expressão cunhada com propriedade por Pedro Nava - certamente, levado por uma experiência calcada num comportamento errádico, que no caminhar da vida o levou ao suicídio.
Portanto, há que se estar atento e resistir para não cair em esparrela dessa natureza e espécie - restando aos prejudicados:- absorver o prejuízo; buscar um acordo sempre favorável ao escroque; ou encontrar o seu direito através da Justiça Pública, sempre morosa e despresível, aliás como a nossa incapacidade de reter aprendizado alheio !
(Publicado no jornal Tribuna do Vale em 08/02/2007)
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