terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

O padrão da PM é perigoso

Foi de estarrecer, ouvir um coronel da PM discorrer sobre a conduta dos policiais que atiraram contra o automóvel ocupado por duas mulheres e uma criança, quando seqüestradas por dois marginais. Mais preocupante ainda foi sua conclusão, que seus comandados agiram dentro do padrão da corporação quando são alvo de disparos. Esqueceu-se o policial que não havia confronto, mas sim perseguição - situação perfeitamente favorável aos milicianos. Pelo visto, a prioridade da PM não é salvar vidas, mas sim ferir ou matar o criminoso.- em último caso, prendê-lo. Os padrões de serviço adotados pela Polícia Militar - devido o seu caráter militar - sempre causaram certa preocupação, mas o episódio extrapolou qualquer medida da boa técnica policial, quiçá do bom senso.

sábado, 24 de fevereiro de 2007

Disk-Denúncia ou Dedurismo

Acompanhando o raciocínio do colunista Diogo Mainardi - Segurança Pública é dever do Estado - estou convencido que o disk-denúncia, nos moldes atuais, conclama o cidadão a agir como dedo-duro. Enquanto isso, a polícia abandona as ruas, preferindo permanecer nos quartéis e delegacias, no aguardo de alguma denúncia que a leve ao criminoso. Muitas vezes serve apenas à vendeta. Flagrante inversão de valores. A obrigação do policial é permanecer atento e observar o que se passa na sua área de atuação - além de colher informações e angariar a confiança da população para obter os dados que o levem ao autor do crime. Isso, quando não consiga prevenir a prática delituosa - como se espera dos órgãos de segurança.

Fraqueza humana

Reconhecer que negligenciou, deve ter sido muito difícil para o jurista Hélio Bicudo - livro recente. O homem que contribuiu para a fuga do ex-governador Ademar de Barros para Santa Cruz De La Sierra e Cochabamba, em terras bolivianas, para não ser preso sob acusação de roubo contra o Estado de São Paulo. O promotor que enfrentou o temido "Esquadrão da Morte" e colocou na cadeia seus integrantes - inclusive o delegado Sérgio Fleury. O governo militar precisou editar uma lei para proteger o seu agente. Agora vem a público confessar arrependimento por não ter prosseguido nas investigações sobre as administrações petistas e a CEPM do Roberto Teixeira, com receio de envolver a pessoa do atual Presidente da República. Faltou dizer que seu compromisso com a lei e a verdade acabou aplacado pelo comprometimento político, partidário, ideológico e solidariedade pessoal - ofuscando a sua bela história de vida. Idiossincrasia ou simples fraqueza do ser humano.

Presidente os trata como "picaretas"

O Presidente da República, quando deixou a Câmara dos Deputados, denunciou a existência de 300 "picaretas" naquela casa. Pelo jeito que conduz a reforma ministerial parece continuar com a mesma opinião. Quem viveu no interior distingue de imediato a figura do "picareta" - é o integrante daquele grupo, geralmente ocioso e/ou sem disposição para o trabalho - que costuma se postar em pontos estratégicos da cidade, sempre disposto a oferecer um bom negócio. Quanto maior a disponibilidade do potencial comprador, maior e a sua insistência por alguma intermediação lucrativa. A educação e a boa convivência, muitas vezes nos impedem de rechaçá-lo convenientemente.Então ficamos apenas descartando suas investidas, na tentativa de dissuadí-lo - aliás, como parece que vem fazendo o Presidente com os partidos que integram a base do seu governo no congresso nacional.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

ENFIM, SEMELHANÇA ENTRE OS GOVERNOS JUSCELINO E LUIZ IGNÁCIO

Conta a história que o presidente Juscelino Kubitscheck anunciou o projeto de construção da cidade de Brasília - como nova capital - com a "cara e a coragem" e a certeza dos incáutos em fazer o Brasil crescer e se desenvolver, através apenas da sua vontade e do discurso fácil.

Uma vez convencida a sociedade sobre a possibilidade de sua realização, o simpático e popular mineiro não teve dificuldades - certamente as teve, mas conseguiu superá-las - em obter do Congresso Nacional autorização para lançar mão dos recursos disponíveis nos diversos sistemas previdenciários então existentes.

Cabe lembrar que na época a previdência social era organizada e administrada no âmbito das respectivas áreas profissionais - o IAPC vinculado aos comerciários; IAPI aos industriários; IAPTC condutores de carga e outros grupos de trabalhadores também tinham o seu instituto de aposentadoria, como era o caso dos bancários.

Embora dispersos, há registros que aqueles institutos gozavam de boas reservas - cálculo atuarial era positivo - e os trabalhadores constribuintes não tinham maiores preocupações com a viabilidade da sua aposentadoria no futuro.

Por outro lado, desde o seu início, os custos da obra da Nova Capital foram altíssimos - alguns entendiamm como megalomania do seu criador e inconcebível sua realização por um país paupérrimo - e os gastos foram subestimados e a falta de controle mais rígido acabou gerando despesas altíssimas.

A oposição logo denunciou o uso indiscriminado das reservas previdenciárias e muitos especialistas vêm afirmando - no decorrer das décadas - que depois disso, a previdência nacional nunca mais se manteve com receitas próprias e o indigitado cálculo atuarial acabou comprometido - inviabilizando as aposentadorias futuras, nos termos avençados, alcançando os nossos dias.

Mais adiante, o governo militar - como medida de força - extinguiu a estabilidade do empregado e introduziu o fundo de garantia por tempo de serviço (FGTS), a princípio recebido com desconfiança e sob protesto dos trabalhadores, como sendo um outro golpe ao direito adquirido de garantia de emprego.

Apenas com o decorrer do tempo e sua introdução progressiva no cotidiano da classe operária, o FGTS obteve credibilidade e restabeleceu - em outros termos - um fundo de reserva em nome do trabalhador registrado e com carteira assinada, consagrando-se com status de respeitado fundo de capital, gerando outros meios de assistência ao operariado, através do FAT e financiamento aos empreendedores, por intermédio do BNDES.

A princípio eram poucas e raras as situações em que o trabalhador poderia sacar o dinheiro depositado naquele fundo - aposentadoria e dispensa injustificada. Depois as opções foram ampliadas, incluindo a aquisição de casa própria e até mesmo a compra de ações de empresas estatais, em ambas apenas parcialmente.

Agora, outro governo - também com presidente popular - se aventura a invadir esse novo refúgio do dinheiro do trabalhador. Como o anterior, sonhando em utilizá-lo para fazer o país crescer e se desenvolver. Já vimos esse filme antes e o happy end não foi feliz - ainda hoje amargamos o dissabor da malversação do dinheiro da previdência nacional e poderemos voltar a assistir os depósitos existentes no FGTS se evaporarem.

O assunto é delicado e o dinheiro do trabalhador é sagrado. Por isso a deliberação sobre sua aplicação em investimentos públicos haverá de ser objeto de ampla discussão - certamente, não cabe medida provisória a respeito, diante da ausência dos requisitos da relevância e urgência para sua edição.

Trabalhadores uni-vos e estejam atentos - mais uma vez !

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Bela oportunidade!

No momento que a Justiça Pública convoca o Instituto Educacional Piracicabano, entidade mantenedora da Unimep, a apresentar balanço de suas contas, com intuito certamente de dimensionar as suas dificuldades financeiras, seria oportuno a realização de ampla auditoria nos registros e livros contábeis da universidade.. Isso se houver interesse da sua atual administração e do IEP exibirem de vez , não só a atual situação da instituição de ensino - como também revelar as origens e, eventuais mazelas ou gestões de risco praticadas por administrações anteriores. Aliás, tempos atrás, importante periódico da nossa região, utilizou-se sabiamente desse expediente para conduzir seu destino a um porto mais seguro. No entanto, para adotar igual medida, é preciso não só dispor de coragem, mas também romper com certos pruídos e relações afetivas - inclusive familiares e religiosas - indispensáveis para buscar o desiderato almejado. Simplesmente, a verdade e a realidade dos fatos - não a versão conveniente à ocasião. Já dizia um ex-presidente da república: "...doela a quiem doela..."

Mais um equívoco do Cabral

Eta governadorzinho ruim, esse Cabral ! Agora, não sabendo mais o que dizer para justificar a situação calamitosa que vive o Rio de Janeiro, vem como essa de estadualizar a legislação penal brasileira. Ele deve imaginar - ou algum gaiato soprou no seu ouvido - que impondo uma legislação mais rigorosa em seu Estado os bandidos irão atuar em outro território. Faz lembrar a época do Exército - quando das aulas teóricas sobre os símbolos nacionais e os patronos das diferentes armas - sempre aparecia algum ladino, como esse que vive sugerindo tais impropriedades para o governador carioca repetir - sugerindo para o recruta incáuto, que não conseguia responder as perguntas mais elementares, como o número de militares de um grupo de combate ou, simplesmente, o nome do patrono da cavalaria, o nome de algum político ou figura popular como resposta. Assim como o governador Cabral, o ingênuo recruta se adiantava para responder. Eu sei ! Logo proferindo uma pataquada qualquer - do tipo, o patrono da cavalaria é o José Borba, famoso toureiro e matador de aluguel conhecido minha região. Além de ouvir os impropérios do graduado, o recruta ainda recebia algum castigo físico - pagar 100 cangurus ou permanecer exposto à chuva durante uma manhã de inverno - além, evidentemente, da gozação dos colegas. Aliás, como deve ocorrer com recém eleitor governador Cabral.

sábado, 10 de fevereiro de 2007

HÉLIO COSTA - um ministro imprevidente

O ministro Hélio Costa, embora representando o Estado de Minas Gerais, parece que perdeu a principal característica do povo mineiro - o comedimento e moderação em seus arroubos de coragem e manifestações intempestivas. Embora esteja cotado para continuar no Ministério das Comunicações - representando o PMDB do senado - o comportamento do ex-apresentador de TV tem se revelado um tanto imprevidente. Ainda que condutas parecidas levadas a efeito pelos indigitados Waldomiro Diniz, assesssor da Casa Civil e Maurício Marinho, chefe de compras dos Correios, os tenha levado à execração pública - parece que o ministro não se dá conta do seu desatino. Primeiro, durante a discussão da escolha do sistema a ser adotado para implantação da TV-digital, o ministro Hélio Costa adiantou-se e se posicionou favorável ao sistema japonês - chegando a viajar para o Japão para conhecer melhor o modelo que defendia. Depois posicionou-se publicamente contra o lançamento da TV por assinatura via DTH pela Telefônica - em seguida, estranhamente reuniu-se com o presidente do grupo espanhol e o acompanhou amistosamente até o aeroporto. Mais recentemente, deixou de comparecer a importante evento realizado para discutir inovações tecnológicas e a interatividade na televisão, desprezando ou desconhecendo a sua importância para a modernização dos sistema brasileiro. Agora, em outro arroubo de coragem e até desprendimento pelo cargo - embora, haja controvérsia - Hélio Costa vem a público anunciar que a concessão da operação do Banco Postal, adquirida pelo grupo Bradesco através de concorrência pública, deverá ser revogada. A justificativa do ministro foi simplória, lacônica e demagógica:- os altos lucros auferidos pelo Bradesco. Como em outras ocasiões, o Ministro das Comunicações haverá de retroagir dessa investida administrativa contra um ato jurídico, enquanto não impugnado, considerado perfeito. Aliás, já o fez em outras ocasiões - com isso, fica manifesta a sua imprevidência. Nas pessoas de Diniz e Marinho atos dessa natureza, certamente, levariam outro nome.

BASQUETE FEMININO BRASILEIRO - PASSA POR OURINHOS

Nesta manhã de sábado, ávido por saber o resultado da terceira e decisiva partida entre os times de Ourinhos e Catanduva, não encontro uma nota sequer. Percorro as páginas dos jornais e seus respectivos sites - nem mesmo a televisão noticiou ou deu destaque à partida final do Campeonato Brasileiro de Basquete Feminino. Apenas leio no Estadão que a seleção brasileira as vésperas do Pan - daqui a quatro meses - ainda não possui programação. Lamentável, por discriminatório - primeiro, à modalidade que tantas glórias trouxe ao esporte brasileiro - depois, por focar o assunto sem mencionar a cidade de Ourinhos que mantém há anos a hegemonia do basquete feminino estadual e brasileiro. Acabo de ler no site do Jornal da Divisa que o time ourinhense conquistou o tricampeonato - com a legitimidade de conquistas seqüentes. A dedicação dos dirigentes, patrocinadores, população e prefeitura deve ser reconhecida e louvada - o trabalho é exaustivo, as despesas são grandes e as dificuldades são ainda maiores. Certamente, a ausência de reconhecimento pela grande mídia e dos dirigentes máximos - nível estadual e nacional - não haverá de esmorecer a vontade, disposição e orgulho da Rainha do Vale do Paranapanema. Parabéns Ourinhos - nos orgulhamos de você !

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Outra vez, a fantasia e a realidade se confudem

A excelente série Amazonas, produzida e exibida pela Rede Globo, reproduziu no seu capítulo de terça-feira (06/02) a chocante cena da onça devorando uma criança. Confesso, ainda tocado pela bom desempenho da atriz Giovanna Antonelli, ter evitado assistir a continuidade do capítulo - mesmo sabendo tratar-se de ficção. Hoje, a mesma televisão nos informa - inclusive, simulando as circunstâncias do ocorrido - sobre a morte de um garoto, de seis anos de idade, arrastado por "assaltantes" preso ao cinto de segurança, quando o carro de sua mãe era roubado. O fato aconteceu na cidade do Rio de Janeiro, mas poderia ter como cena qualquer outra cidade brasileira, diante do desprezo pelos valores mais elementares da nossa desdita evolução social. Particularmente, quando a televisão exibiu o beco por onde os marginais fugiram, após abandonar o automóvel numa rua sem saída, isso depois de arrastar o corpo do menino por cerca de dez minutos, tive a sensação de estar revendo a imagem da onça pintada se afastando da casa simples, onde atacara a criança, embrenhando-se pela floresta, ainda lambendo os beiços. O nível de selvageria foi o mesmo - apenas a capacidade de discernimento dos algozes os diferenciaria.

Subteto do Judiciário - discussão delicada

Sem embargo, do respeito e admiração pela pessoa do Presidente do Tribunal de Justiça - por sinal, trabalhamos, em épocas diferentes, na Comarca de Palmital. Exclusivamente para desenvolver o argumento invocado de que "nem mesmo o movimento militar de 64 houve violação semelhante" (ESP/8/2) - como mero exercício intelectual. Caberia ponderar que também durante aquele período o Poder Judiciário se manteve - digamos, de alguma forma reservado - e não ousou introduzir sponte sua benefícios pecuniários aos seus integrantes que afrontassem o entendimento médio do cidadão comum. Por exemplo, pagamento de férias e verbas de representação, além de outros benefícios injusticáveis mesmo após a aposentadoria - como já foi registrado pela imprensa. Há que se discutir o assunto com isenção, respeito profissional e observância dos princípios básicos do direito, mas sem nunca perder de vista que a atividade pública - por suas peculiaridades, inclusive limite orçamentário e regras de trabalho impostas aos seus servidores - não pode ser comparada com a atividade privada em questão de remuneração. Se outros motivos não houvessem, até mesmo pela garantia de emprego e inexistência de demissão motivada ou imotivada, como ocorre com a Magistratura. Por fim, cabe ponderar que a atividade pública por sua natureza, em geral não nos permite acumular riqueza, muitas vezes nem mesmo patrimônio. por exigir vocação, dedicação e se caracterizar como múnus, de livre e espontâneo provimento - quiçá, uma aposentadoria razoável!

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Governador é ingênuo ou se faz de desentendido

O governador Sérgio Cabral quando admite desassombro diante da existência de milícias constituintes por policiais, acaba se passando por ingênuo - por não supor que o efetivo policial do Estado possa se servir desse expediente ilícito - ou, simplesmente tenta se apresentar perante a população como desentendido - como se estivesse ausente da cidade, onde nasceu e vive, durante um bom tempo e quando voltou encontrou esse estado de coisas. Tome sentido governador! O senhor acompanhou de perto e assistiu o tecido social brasileiro, particularmente o carioca se esgarçar rompendo progressivamente com valores - legais, morais e religiosos - até então preservados pela nossa sociedade. Certamente, deve ter acompanhado seu pai nas reuniões de samba e terreiros - esse meio representava a nossa marginalidade. Pura hipocrisia! As falcatruas, favorecimentos, corrupção e manipulação de verbas públicas aconteciam nos palácios e salões refinados. Vossa Senhoria também conviveu com esse meio - pode até não admitir e muito menos reconhecer - mas deve saber de situações (não diria tê-las vivenciado) que até Deus duvida. Então por que tanta apreensão com uma realidade perfeitamente factível - quando não, esperada - diante da malversação do dinheiro público. enriquecimento indevido e tolerância com desvios de conduta, principalmente dos integrantes da nossa classe política. Já disse e repito, pare de choramingar e assuma a responsabilidade do seu cargo - reconhecendo o problema, certamente saberá como administrá-lo, ou não!

CAIXA 2 - É SEMPRE CONTABILIZADO

Ao contrário do anunciado pelo Partido dos Trabalhadores - atentando contra a inteligência do brasileiro - todo caixa 2 que se preze dispõe de contabilidade organizada, ainda que clandestina e na forma da partida dobrada, ou simplesmente pelos consagrados débito, crédito e haver, sempre com objetivo de demonstrar os fluxos diferentes de dinheiro que passam pela empresa ou entidade.

Evidente que a contabilidade do caixa 2, por ilegal e/ou com propósitos escusos, se desenvolve às escondidas, paralela à contabilidade oficial, sendo o segredo imprescindível e exigindo a presença de um guarda-livro de confiança e muito bem remunerado para sua execução.

Esses cuidados - no sentido de mantê-la sob rígido controle - revela-se indispensável para o seu êxito e utilidade do caixa 2, quer como meio de sonegação fiscal, aliada à lavagem de dinheiro ou reserva financeira, como fonte disponível para realização de novos investimentos - e, ainda, como possibilidade de desvio de recursos financeiros para as mais diferentes finalidades - até mesmo para aliciar e corromper agentes do poder público.

Se atinarmos com atenção, haveremos de deparar em nossas andanças pela vida com a presença desse profissional - alguns o descrevem como fígura execrável, outros já os consideram experts nos segredos da organização contábil - sempre vinculados a uma organização empresarial, entidades beneficentes, instituições não governamentais e até mesmo em partidos políticos, como acabamos de assistir.

Além dos seus atributos profissionais, o operador do caixa 2 haverá de agir com discrição, dissimulação e, principalmente ser reservado e saber guardar segredo - logicamente, sob régia remuneração, fidelidade reconhecida e ressaltada, sempre gozando de prestígio e consideração junto aos seus senhores.

Particularmente, em decorrência do cargo público que exerceu e até mesmo pela condição de Técnico em Contabilidade guardo lembranças de figuras respeitáveis e impolutas na prática da organização contábil. Não só na sua comunidade de origem, como também nas duas dezenas de cidades onde prestou serviço e residiu. Conviveu com excelentes cidadãos e profissionais dedicados à profissão, sempre disponíveis a orientar e sugerir medidas a serem adotadas para satisfazer a burocracia pública e cumprir as regras tributárias.

Recentemente, a desfaçatez de um grupo de políticos que se locupletou com dinheiro de origem ilícita, se caracterizou pela dissimulação oferecida pelo responsável por sua distribuição que se tratava de valores não contabilizados - ainda que se soubesse prover de bancos e empresas beneficiados com favores da administração pública - provindos do caixa 2 do Partido dos Trabalhadores, recuperou a lembrança de dois jovens contadores que conheceu na juventude.

Apenas se diferenciavam pela origem, já que a formação profissional e a orientação vocacional eram idênticas - é bom que se diga logo, nenhum deles era ourinhense. O primeiro, ocasionalmente aportou em Ourinhos e daqui levou uma aparentada, ainda bem jovem com a qual se casou. Na época, já ocupava cargo relevante na contabilidade de uma grande empresa - integrante de multinacional do petróleo.

Por razões obscuras, acabou perdendo o bom emprego na capital e coube aos familiares da esposa acolhê-lo. Fixou residência na cidade e sua qualificação profissional permitiu ingressar nos quadros da maior indústria então existente. Não demorou e lá estava - o indigitado contador - cuidando das verbas da associação esportiva, face sua capacidade de se integrar e envolver as pessoas com suas idéias, nem sempre voltadas para o incorreto e ilegal. Desta vez a introdução do caixa 2 reverteu em benefício exclusivo do tesoureiro da entidade.

Depois de outro período desempregado e a indispensável mudança de cidade, o levou a bater às portas de uma grande construtora brasileira - certamente a maior e que leva o nome do seu criador. Desta vez foi bem aproveitado, foi incumbido de exercer o seu mister morando e trabalhando em uma fazenda da empresa no interior paulista, com claro propósito de dissimular e manter em segredo a sua atividade.

Enquanto isso, uma empresa familiar instalava-se em Ourinhos, trazendo a tiracolo um jovem contador, com o propósito de dinamizar a indústria e comércio de carnes na cidade e região. A falta de correção nos negócios, aliada à disposição incontrolável dos seus gestores em sonegar impostos - logo marcou o perfil da companhia.

Certamente, foi a indisciplina dos seus patrões - que insistiam em priorizar a omissão nos registros contábeis - ao invés de agirem à socapa como era recomendado, deve ter servido de motivo para o competente contabilista oferecer os seus préstimos ao concorrente - coincidentemente, outra empresa familiar, ainda preservando alguma reserva moral.

Ainda sem entender muito bem, testemunhou a sua introdução nos negócios da indústria e comércio, inclusive partilhando da apreensão que causava a sua contratação, já que existia escritório responsável pela contabilidade da empresa - logo dissipada, com a informação que o contratado iria atuar em outra área administrativa.

Há que se reconhecer a sua capacidade gestora. Os negócios da empresa prosperam e se expandiram, evoluindo de forma a torná-la exportadora de mercadorias para a Capital e outros Estados da Federação. Seu trabalho foi reconhecido e - ao que parece - passou a gerir com autônomia os segmentos relacionados com as compras, indústrias e comércio, tornando-se praticamente seu sócio, mormente nos lucros diante da remuneração decorrente do montante de impostos sonegados - resultado apurado através do caixa 2 ou contabilidade paralela.

Confirmado o ditado:- não há bem que sempre dure e nem mal que nunca se acabe - os negócios conduzidos pelo diligente contador apenas não contava com a retidão e intransigência do chefe do posto fiscal disposto a coibir aquele estado de coisa - revelava-se em afronta para o fisco. Depois de alguma resistência de seus superiores, obteve autorização para colocar fiscalização na porteira de entrada dos animais vivos e outra equipe no portão de saída das mercadorias - durante 24 horas, por dia - bastou para levar o respeitado grupo empresarial familiar à bancarrota. Acho que ninguém ousou colocar em cheque a atuação do contador - certamente, compensada pelos vultuosos lucros desviados em favor de alguns sócios.

Tempos depois, a caminho para Jacarezinho, encontrei uma das sócias daquela indústria tomando ônibus para ir trabalhar - como bedel de escola pública - em cidade da região, enquanto isso o guapo contador, naquela altura prestigiado professor em escola técnica, era o mais novo contratado de outro grupo empresarial, também familiar. Até hoje, ainda responde pela contabilidade dessa empresa, apenas não se sabe se a oficial ou paralela.

Por essas e por outras, que a versão oferecida por Delúbio Soares, tesoureiro do PT e operador-mór do "mensalão", com seu comportamento dissimulado, provoca repulsa e indignação - ou, como diria ex-deputado Roberto Jefferson, desperta em mim sentimentos primitivos!

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

PSDB - no caminho do 4º mandato

Há que reconhecer a qualidade e eficiência da atual gestão municipal piracicabana. O editorial Finanças Públicas (JP-3/2) dá bem a dimensão do grau de eficiência da equipe formada pelo Prefeito Municipal. Além de bom gestor, ainda se revela um político sagaz. Consegue aliar o equilíbrio das contas públicas com a realização de inúmeras obras voltadas para o interesse e bem estar da comunidade. Demonstra ser bom administrador. Certamente, a sua passagem por outras administrações municipais e experiência acumulada em outras esferas da administração pública lhe forneceram subsídios para conduzir - com critério e eficiência - os destinos do município. Mas foi no campo político que demonstrou toda sua capacidade de liderança, aglutinação de forças - em geral conflitantes - aparando arestas e induzindo todos na busca de um objetivo comum. Quem o observava à distância, apenas o via como um quatro técnico eficiente, mas acabou surpreendendo com sua disposição de fazer e realizar política em alto nível. Ao que parece nem mesmo o envolvimento de outro piracicabano no episódio do "sanguessuga" - quando tentaram aproximá-lo do escândalo - ofuscou ou empanou o brilho da sua atuação à frente da Prefeitura Municipal de Piracicaba. Agora, na reta final do seu mandato, a sua corrente política mais uma vez age com grandeza, quando se aglutina para eleição do atual Presidente da Câmara dos Vereadores - político de matiz e perfil diferente que o seu - cuja coragem e história de vida o recomendam. Com isso, além de se firmar no rol de políticos piracicabanos de boa cepa, ainda abre a porteira para o 4º mandato do PSDB - em duas décadas - à frente da Prefeitura Municipal de Piracicaba. Sem descartar a benção do Mendes Thame. Alguém duvida ?

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Força Nacional de Segurança não funciona

Salvo se o resultado da atuação da tropa federal no Rio de Janeiro esteja sendo omitido, por questões de segurança de seus membros, até o momento sua permanência em terra carioca não surtiu o efeito almejado. As mortes e violência generalizada na Cidade Maravilhosa continuam no mesmo nível - com alguns soluços de piora, com ocorreu no último final de semana. Cabe lembrar que as três experiências realizadas com o emprego Força Nacional de Segurança revelaram algumas peculiaridades. A primeira, no Estado do Espírito Santo foi de intervenção rápida e surtiu algum resultando, quando coibiu a seqüência de depredação de ônibus. Já no Estado do Mato Grosso do Sul a FNS atuou como tropa de ocupação dos presídios estaduais e um federal, com vista a restabelecer a normalidade administrativa. Nas duas situações não houve a permanência prolongada dos milicianos nos territórios. Agora, a situação é diferente. No Estado do Rio de Janeiro a disposição é de sua permanência e com um efetivo reduzido não dispõe de força para operar simultaneamente em pontos alternados da fronteira com os Estados limítrofes. Evidente que sua eficiência fica prejudicada - depois de três semanas não se tem notícia de uma única prisão !

CBN - Já não toca só notícia

Deveras lamentável ! A CBN abandonou o padrão de emissora de rádio que se distinguia das demais por priorizar a informação. Por mais de uma década honrou e fez jus ao seu dístico "a rádio que toca notícia". A qualidade da sua programação certamente atendia um segmento de radiouvintes, já que se manteve e perdurou - conferindo-lhe prestígio e audiência. Infelizmente, rendeu-se ao interesse comercial de um dos seus anunciantes mais expressivos - permitindo que seu noticiário e/ou entrevista fossem interrompidos para abrir espaço a um lançamento musical, reconhecidamente de má qualidade. Fica difícil e chega a se tornar insuportável - geralmente, pela manhã quando a audiência é qualificada - ver substituído um comentário político ou informação sobre o trânsito das rodovias, pela voz de uma mulher cantando "... o preto e o branco, o claro e o escuro . . " Com essa nova postura, além de romper com sua tradição, a CBN afronta a boa-fé e fidelidade do seu ouvinte cativo.

A HISTÓRIA SE REPETE

" ... a experiência é como farol de um automóvel virado para traz:- ilimumina o trajeto percorrido, mas não aclara o futuro ..." expressão do escritor mineiro Pedro Nava (1903-1984).

Quanto mais vivo e a cada tempo que passa, maior número de motivos e razões vou encontrando para concordar com o médico e escritor mineiro Pedro Nava, autor de Baú de Ossos. A sua obra mais conhecida, com um linguajar diferente e muito particular, retrata as peculiariedades de sua relação familiar.

Tomo emprestada a expressão de Nava para servir de mote ao comentário sobre o episódio recém noticiado nas páginas do jornal Tribuna do Vale, envolvendo a administração da CrediVida e dando conta do grande número de pessoas lesadas na cidade de Jacarezinho - quiçá na região.

É deverás lamentável que, nos dias de hoje - onde a informação e esclarecimentos do contidiano campeiam soltos pelos meios de comunicação e são objeto de conversas do nosso dia-a-dia - ainda possam ocorrer fatos dessas natureza, onde fica manifesta:- de um lado a ganância do ganho fácil e improdutivo e do outro, a mascaração de uma atividde aparentemente lícita, onde a exploração do prestígio pesssoal e conhecimento decorrente da amizade e da relação familiar, são utilizados para ludibriar a simplicidade, em algumas situações a ignorância e a boa-fé de pessoas incautas, muitas vezes desprovidas da perspicácia exigida pela vida moderna.

As manchetes dos jornais estimam o prejuízo em um milhão e meio de reais. Evidente que essa estimativa não reflete a realidade dos fatos. Ainda que a distância e sem conhecer outros detalhes - apenas levando em conta a origem das pessoas envolvidas, suas atividades pretéritas e qualificações profissionais, bem como, o volume e tempo das atividades desenvolvidas na cidade e região, percebe-se que a extensão do dano causado a seus clientes ainda a ser apurado, facilmente alcançará a casa da dezena de milhões de reais.

Por isso, ao descartar a importância da experiência, carradas de razões confere ao escritor, já que episódio semelhante ocorreu na cidade de Ourinhos - isso no início da década de 60 - quando um simpático e prestigiado representante comercial desviando-se da sua atividade legal, passou a angariar dinheiro dos empresários, comerciantes e pessoas comuns do povo, oferecendo-lhes alta rentabilidade. Como garantia emitia títulos de créditos nominais, logo denominados "Benjametas" - pela reprodução do golpe, poderia muito bem empregar-se os nomes dos responsáveis pela CrediVida, a guisa de consagração pela infâmia dos atos praticados.

Agora, como lá atrás, os meios utilizados para ludibriar a boa-fé dos aplicadores e obter vantagem pecuniária indevida, os envolvidos nos golpes utilizaram-se de meios e recursos infalíveis - a disposição das pessoas para o lucro fácil e ingenuidade dos clientes; levada adiante pela falta escrúpulo, abuso de uma confiança cultivada pela convivência ou relação comercial e familiar, tudo aliado à vontade deliberada dos golpistas na busca do resultado obtido.

Como se observa, a experiência pouco valeu nessa circunstância e em outras de igual jaez, de forma a consagrar no decorrer do tempo, a expressão cunhada com propriedade por Pedro Nava - certamente, levado por uma experiência calcada num comportamento errádico, que no caminhar da vida o levou ao suicídio.

Portanto, há que se estar atento e resistir para não cair em esparrela dessa natureza e espécie - restando aos prejudicados:- absorver o prejuízo; buscar um acordo sempre favorável ao escroque; ou encontrar o seu direito através da Justiça Pública, sempre morosa e despresível, aliás como a nossa incapacidade de reter aprendizado alheio !
(Publicado no jornal Tribuna do Vale em 08/02/2007)

sábado, 3 de fevereiro de 2007

A ventura da Unimep e sua desventura

A bem-aventurança permitiu que a Unimep alcançasse projeção nacional. Não pode negar que foi favorecida pela política educacional introduzida pelo governo militar - embora tendo, em alguns momentos, se revelado um bastião de resistência democrática. O período de bonança e ventura esgotou-se. Certamente, seus administradores mais recentes não se ativeram a essa possibilidade e se aventuraram levados pela ousadia - própria dos incautos ou imprevidentes. Agora a reconhecem como modesta universidade, embora já tenha sido grande - foi levada ao atual estágio, de quase insolvência, pelos arautos desses equívocos representados pelos salários irreais, o luxo e o fausto, produtos do compadrio e administração de alto risco. Há de convir: a hora de consultar especialistas em administração e economia foi outra - oportuno indagar se os empreendimentos ousados e aumento de gasto com pessoal tiveram a orientação desses especialistas. O momento é de recuperação - vide o caso da Varig - e não se corrige o rumo de uma instituição, mantendo privilégios e ouvindo os causadores desse infortúnio e os eventuais favorecidos pela má-gestão. Discutir o problema e buscar solução é democrático, mas transferir responsabilidade revela em acinte ao entendimento do cidadão isento - mas, certamente indignado !

Festival Elis Regina - bela iniciativa

Mesmo não tendo readquirido sua antiga denominação - FM - MUNICIPAL - por singelo e muito mais significativo, não se pode deixar de aplaudir a iniciativa, elaboração e apresentação do Festival Elias Regina. Mais do que homenagear a inesquecível cantora gaúcha, a direção da Rádio Municipal - porque é da municipalidade, que lhe dá maior amplitude, enquanto a educação restringe o seu significado - resgata sua tradição de transmitir o que há de melhor na música popular brasileira.Por mais de uma década a FM - MUNICIPAL - fez parte do meu cotidiano. Apenas lamento não podê-la sintonizar no dia-a-dia em razão da distância, mas quando me aproximo de Piracicaba, em visita ao meu neto Rafael Belluco Cerqueira, de 8 anos - que já aprecia Pixinguinha, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth e outros - logo busco a companhia do som inconfundível da FM - Educativa.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Chinaglia, equivocou-se quanto a origem da sua candidatura

Em seu discurso o deputado Arlindo Chinaglia, eleito presidente da Câmara dos Deputados, aventou que sua candidatura teve origem no parlamento. Evidente que assim agiu com o propósito e disposição de influenciar os novos parlamentares. Sem sofisma, a origem das três candidaturas colocadas para escolha dos senhores deputados foi de uma evidência meridiana. Incentivado pelo Presidente da República, Aldo Rebele ousou tentar a reeleição. Assim, ficou claro que sua candidatura nasceu no Palácio do Planalto. Por outro lado, é sabido que a candidatura do petista Arlindo Chinaglia foi iniciativa da cabeça mais coroada do petismo - e veio a seu serviço - portanto, surgiu no seio do Partido dos Trabalhadores. Ambas tiveram em comum o caráter e constituição situacionista. Apenas a candidatura do paranaense Gustavo Fruet teve sua origem no parlamento. Nasceu da disposição dos deputados Gabeira, Jugmann, Chico Alencar e outros e como proposta ampliar a discussão - que até então se resumia em atender o baixo clero na questão salarial - e levar a disputa para o segundo turno. Com pequena margem de votos - certamente beneficiado por votos do PSDB - Chinaglia foi eleito, mas a vitória foi do grupo liderado por Gustavo Fruet. Agora fica a expectitava:- o PT vai apoiar os candidatos tucanos nas assembléias legislativas dos Estados de São Paulo e Minas Gerais? Já disseram que compromisso político é realizado para não ser honrado - vamos aguardar !
(publicado no Jornal de Piracicaba em 05/02/2007)

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