O amor platônico do delegado
Vivi em Assis durante as décadas de 70 e 80. Durante esse período, além dos três filhos assisenses, angariei grandes amizades e convivi com pessoas especiais, algumas inesquecíveis. Uma dessas pessoas foi Antônio Melfa Neto, meu colega escrivão de polícia, irreverente por natureza e emérito contador de histórias - experiência acumulada por seu tempo de circo. Contava, que na década de 60, então escrivão da Regional de Polícia, trabalhava com um delegado, que se mostrava apaixonado por conhecida advogada da comarca - mas sem coragem de declarar o seu amor. Muitas vezes, altas horas da noite, em meio ao árduo trabalho de um flagrante, o telefone tocava. Acontecia do delegado atender e o interlocutor então desligava - certamente, por se tratar de ligação para algum outro policial de plantão. Ao retornar para a sala onde as pessoas eram ouvidas, o delegado não hesitava em interromper o trabalho, simplesmente para indagar do escrivão:- "Melfa, o telefone tocou e ao atender desligou - de quem era a ligação ? O irreverente e sagaz policial, sabendo da paixão do chefe, respondia: Evidente que é da doutora A. Radiante com a resposta, o delegado então aclamava o subordinado, como um bom policial ! Certa madrugada, inconformado por ter sido chamado para tomar o depoimento de dois caminhoneiros envolvidos em acidente, tarefa que poderia muito bem ser realizada durante o expediente, notou que o delegado ao atender o telefone era desligado. Desta vez, quando o doutor Cole... - por pouco não revelo o nome do delegado - veio lhe perguntar sobre o autor do tefelonema, o expedido policial, num átimo de rebeldia, revelou sua insatisfação respondendo:- "Sei lá quem ligou, não sou adivinho e nem tenho bola de cristal". No momento o delegado absolveu e não passou recibo sobre a resposta marota, mas no dia seguinte ao chegar para o trabalho "Toninho Melfa" encontrou sua sala ocupada por outro escrivão - seu desabafo, havia lhe custado o posto de auxiliar direito do Regional !
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