A Real Aerovias e a VASP
Acreditem! Já houve tempo em que as cidades de Jacarezinho e Ourinhos se rivalizaram em muitos aspectos. Ainda hoje a competição entre ambas é ferrenha, principalmente na área de ensino, onde a cidade paranaense ainda detém a supremacia, por sediar importantes unidades de ensino superior público - de reconhecida qualidade.
Em outros tempos, a população de ambas foram equivalentes. A economia dois municípios girava na base da agricultura familiar, com uma indústria incipiente e o comércio atendia as necessidades básicas dos seus moradores. Até mesmo no esporte bretão as cidades mantinham equipes competitivas. A Esportiva Jacarezinho e o Esporte Clube Ourinhense, com embates memoráveis - atentem, eram simples amistosos ou petições não oficiais!
A riqueza da região, aliada à interiorização do transporte aéreo, então promovido pelos governos federal e estaduais, levaram as duas cidades a concorrer também na aviação civil. Enquanto Jacarezinho fazia a conexão aérea interestadual, através da Real Aerovias, Ourinhos recebia um vôo diário da Vasp - ambas interligavam o interior (paranaense e paulista) à capital do Estado de São Paulo.
Lamentavelmente, nos decorrer das últimas décadas os dois municípios perderam vitalidade - evidente a ausência de lideranças expressivas, tanto na política como na área empresarial. Ourinhos, então importante entrocamento rodoferroviário, viu fenecer a expectativa de porta de saída para o Mercosul. Enquanto isso, a terra roxa da região sudoeste paranaense, desviava os recursos públicos e privados na busca de outras culturas, principalmente a soja e o trigo, já que o café perdia prestígio como o consagrado "ouro verde".
Ainda assim, as duas cidades sobreviveram aos infortúnios e hoje buscam, por outros meios, encontrar um futuro promissor para sua gente. É verdade que Jacarezinho perdeu status - já foi considerada a terceira cidade paranaense - não dispõe mais de aeroporto, desabilitado por ter sido sua área invadida por populoso núcleo residencial, tampouco sua ferrovia vem sendo utilizada. Ourinhos, por sua vez vem convivendo com áreas degradas - espaços urbanos abandonados pelas ferroviárias - e outras áreas urbanas vazias e/ou subutilizadas pelas indústrias, tal como cicatrizes produzidas exclusivamente pela especulação imobiliária.
Não só sobreviveram, como se mantém pujantes, cada uma a procura de sua vocação socioeconômica. A cidade paulista, por dispor de pouco território, encontrou na indústria - principalmente na agroindústria - no comércio e na área de ensino, o seu destino promissor, buscando avidamente alcançar 100 mil habitantes.
Mais ou menos no mesmo diapasão, o município paranaense também vem reconquistando o seu prestígio. Seu território permite a exploração de atividades agropastoril - o café ainda representa significativa parcela da sua economia rural, mas a pecuária e principalmente a cana de açúcar dão expressão a esse segmento - também podendo contar com unidades industriais que complementam e dão suporte à sua economia. Mas, o seu prestígio nacional vem da sua rede de estabelecimentos de ensino - fundamental, médio e, principalmente do nível superior - suas faculdades, de caráter público estadual, ganharam ressonância pela qualidade de ensino que ostentam. Com isso, Jacarezinho e sua população obreira - já prenunciando 50 mil habitantes - já podem sonhar com um futuro promissor.
Portanto, é certo que tanto a Vasp como Real Aerovias, como empresas de transporte aéreo, já não existem mais. Mesmo assim, as cidades de Ourinhos e Jacarezinho se mantêm ativas, orgulhosas diante da abnegação do seu povo e prósperas - ainda que não esqueçam da rivalidade, que se resume no respeito pelas qualidades que cada uma detêm, apenas como fruto de uma admiração recíproca!
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