Gylmar, uma lenda!
Realmente preocupante o estado de saúde do nosso querido Gylmar dos Santos Neves, referência para os goleiros brasileiros - por sua técnica refinada, elegância, plasticidade nas defesas e longevidade como guarda-meta do Jabaquara, Corinthians, Santos e, particularmente, na Seleção Brasileira. Atente que ele teve o Castilho e o Veludo, como sombras, ambos goleiros do Fluminense, como reservas de luxo. Seu tipo de galã e atitudes serenas (salvo aquela corrida contra o Maurinho, jogador do São Paulo, que o teria provocado perguntando qual canto que queria a bola - imagine!) provocavam o coração e sentimentos das garotas sonhadoras. Lembro que seu casamento com uma moça da colônia sírio-libaneza, integrante da alta sociedade paulistana, foi noticiado com destaque pela revista "O Cruzeiro", maior tiragem da época, que lhe reservou a capa. Como corinthiano, lamentei sua transferência para o rival da baixada santista - lugar de origem, pelo menos futebolisticamente. Também acompanhei suas análises, serenas como seu temperamento, que emitia sem hesitação e com acuidade técnica, quando de sua participação em programas esportivos. Após deixar os gramados, tive a alegria de encontrá-lo pessoalmente, em apenas uma oportunidade - algum tempo atrás no Pão de Açúcar, do Guarujá. Já na cadeira de rodas, aguardava seu vigilante cuidador realizar compras.
Um pouco constrangido aproximei-me e pedi licença para me dirigir a ele - sem hesitar, abriu aquele sorriso largo e me estendeu a sua longa mão esquerda, onde obsersei seus dedos, também longos, exibindo as marcas de sua atuação como goleiro. Como ele foi minha referência na infância e adolescência, tive a ousadia de mostrar-lhe o cotovelo, para comprovar que também carregava vestígio de minhas aventuras como goleiro de futebol de salão, já que meu 1,68 m de altura não permitiram que me aventurasse na saga do meu ídolo. Gylmar voltou a sorrir e eu, respeitosamente, me despedi, falando da honra de encontrá-lo e desenjan-lhe saúde e longa vida. Mais adiante, ainda na minha estada no Guarujá, constatei que éramos vizinhos e assim pude observar em várias manhãs, sua esposa ainda uma bela mulher, caminhando pela praia e parar para saudar seu esposo, confortavelmente sentado na varanda de seu apartamento. Sinto-me privilegiado e por isso reitero meus votos de saúde e longa vida ao nosso "Girafa" - apelido que define bem sua postura.
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