A UMPI da Dona Olinda
Suponho que muita gente conheça a religiosidade de dona Olinda Guglielmetti e sua dedicação na pregação do evangelho, fundado nos princípios e valores da doutrina Presbiteriana Indepedente.
Ainda bem jovem, com o filho próximo da adolescência, dona Olinda tomou para si a tarefa de atrair jovens palmitalenses para sua igreja, através da UMPI. Para aqueles não iniciados no assunto, permitam esclarecer que a sigla denomina a União da Mocidade Presbiteriana Indepedente, que tem como finalidade agregar os jovens no seio da congregação, promovendo atividades de estudo da bíblia, evangelização, assistência espiritual para enfermos e segregados, além de iniciativas na área do lazer e esporte.
Cabe observar que, com o mesmo objetivo de integrar segmentos da igreja, ainda são previstas a formação de outros grupos, como a Sociedade Auxiliadora de Senhores e a Liga Juvenil, esta constituída por crianças e adolescentes, além do Conselho da Igreja, formado pelos homens e mulheres já consagrados (presbíteros e diáconos).
Esses órgãos, a par de atuarem primordialmente na difusão dos valores religiosos, quando de sua formação observam princípios básicos de uma democracia. A instalação decorre de uma assembléia através da qual são estabelecidas as regras para sua constituição e seu funcionamento, através de direção provisória e com a aprovação do regimento são realizadas eleições da mesa diretora. Os candidatos são previamente habilitados e compostas as chapas concorrentes, os candidatos previamente habilitados podem expor seus programas e metas administrativas – excelente aprendizado para o exercício da cidadania – a eleição é realizada através do voto secreto. O mando é determinado, com previsão de alternância periódica.
Assim surgiu na Igreja Presbiteriana Independente de Palmital a UMPI da dona Olinda, agregando jovens – em sua maioria não evangélicos – atraídos inicialmente pelo lazer e esporte. O lazer a bondosa senhora oferecia na propriedade rural de sua família – denominada "Miséria" - onde promovia agradáveis pic nics reunindo integrantes de outras igrejas da região. Nesses eventos as atividades lúdicas eram permeadas de mensagens e difusão de valores religiosos.
O sucesso do time de futebol de salão da UMPI de Palmital, despertou o interesse dos jovens esportistas da cidade e consegiu amealhar um grande contingente de rapazes ávidos não só pelo esporte, mas também pela possibilidade de viajarem e conhecerem outros jovens – principalmente as jovens. Além do excelente time de futebol de salão (tenis de mesa?), voluntária ou involuntariamente dona Olinda aproximava a comunidade palmitalense da sua igreja e difundia entre os jovens e suas famílias princípios religiosos e valores relevantes para o exercício da cidadania e boa convivência em sociedade.
Certa feita, durante a III Oliumpiadas, na cidade de Avaré – Jogos Inter-Umpis – a representação de Ourinhos não só foi fragorosamente derrotada pelo bom time de futebol de salão da UMPI de Palmital, como ainda assistiram irresignados as meninas do seu grupo flertarem com os palmitalenses – assim como fazíamos ao frequentar as quermesses da Igreja Santo Antônio e o footing da Praça da Matriz.
Ainda posso, com algum risco de me enganar, citar alguns integrantes daquele time da UMPI da dona Olinda – o artilheiro Joel (Mello?), o "Francês" do Banespa, com toda sua classe, e ainda o mascarado goleirinho Miltinho (?) - outros haverão de se lembrar dessa passagem.
Acho que foi naquela época que o prédio da Delegacia e Cadeia foram inaugurados, pois a delegação palmitalense gostava de cantar: "... em Palmital fizeram cadeia nova, Mariazinha coitadinha é criminosoa..."
Mais adiante, na antiga quadra descoberta do Clube São Paulo, conseguimos devolver o revés sofrido em Avaré – acho que naquela altura a UMPI da dona Olinda já não contava com a mesma adesão. Curioso é que os cartazes fixados nos estabelecimentos comerciais anunciando a realização do evento informavam que a UMPI de Ourinhos contava o goleiro Pery, da seleção ourinhense, mas foi outro atleta, bem mais modesto, quem brilhou defendendo o time visitante.
Ao final do jogo, antes de tomarmos o último trem noturno, fomos recebidos na bela residência da dona Olinda, onde os atletas se confraternizaram diante de uma mesa farta – mas, antes do lanche, sob a orientação da anfitriã, houve um momento de reflexão e oração, como era praxe em toda reunião "umpista".
Adeptos ou não da mesma fé religiosa, haveremos de louvar a iniciativa da dona Olinda, cujo propósito destinava-se a agregar a juventude – ainda com poucas opções de esporte e lazer - numa convivência sadia voltada para o desenvolvimento integral do ser humano. Boas lembranças, aliadas à amizades duradouras e até mesmo algum namoro sem maior compromisso, remanescem daquele período. Evidente que aquela integração e os valores ali difundidos contribuíram para formação de cidadãos de bem, enquanto a Igreja Presbiteriana Independente de Palmital, com sua organização e princípios religiosos, tornou-se mais conhecida.
À dona Olinda, essa homenagem, na forma de reconhecimento e gratidão por ter nos possibilitado aquele aprendizado e um período de convivência saudável!
Um comentário:
Olá seu Noel,
Boa noite!
Hoje estava pesquisando algumas coisas sobre a minha avó e acabei chegando ao seu blog.
Justamente, gostaria de fazer uma correção.
A minha avó se chama Olinda Guglielmetti, professora de lingua portuguesa e vereadora em Palmital por dois mandatos.
No entanto, a senhora a quem você se refere não é minha vó. Seria sim minha tia Olina, que é proprietária do sitio Miss Hera (que ficou conhecido como Miséria), irmã mais nova de minha avó Olinda.
:)
Espero que faça os ajustes no seu texto para que a homenagem se faça correta!
Abraços,
Fernanda
Postar um comentário