O ufanismo adotado pelos governos petistas no lançamento de seguidos projetos como ideário político e redenção econômico/social do país, tem se reproduzido em frustrações gritantes - intrigante que a oposição, mídia e a população em geral não emitem a fatura, tampouco sua cobrança. Apenas para lembrar, têm a Transposição do Rio São Francisco, ferrovias do norte e nordeste e agora a área apontada como de alta possibilidade de produzir petróleo no Campo de Libra. Em todos esses casos os seguidos governos petistas adotam (e tentam passar para a população) um otimismo que tem se mostrado exagerado e mais adiante decepcionante - o curioso é que não voltam a comentar o assunto e a oposição se cala, enquanto a mídia e a população dormita. Se houvesse honestidade política e seriedade administrativa, o assunto seria tratado nos seus devidos termos, como uma possibilidade e nessa condição com a cautela recomendada e o escrúpulo exigido das pessoas de bem. Infelizmente não se pode esperar essa compostura dos nossos políticos e administradores nessa quadra da vida nacional.
Sabendo que o coronel violentamente agredido por manifestantes é defensor de uma nova doutrina no protocolo do policiamento de grandes manifestações - talvez abandonando de vez os ensinamentos do Ponto IV, difundido pela CIA aos órgãos policiais brasileiros logo após o Golpe de 64. Lembro que dias atrás, o mesmo policial, em entrevista a um órgão de imprensa chegou a sugeriu que era o momento dos policiais "engolir sapo" e voltar para casa com a sensação do dever cumprido. Por isso, causou surpresa vê-lo, no momento da agressão, ser resgatado por um único policial do serviço reservado, e ter sua arma recuperada por seu motorista, ao que tudo indica policial de sua confiança. A tropa sob o seu comando permaneceu impassível - ao contrário do esperado - naquele momento, não esboçaram nenhuma reação. Alguma motivação produziu aquele comportamento omissivo dos agentes - é lamentável!
Oliva é o sobrenome paterno do ministro da educação - um general afinado com os métodos da ditadura militar. Ao dirigir-se aos candidatos do exame do Enem, ao invés de orientá-los com a segurança de um educador, preferiu ameaçá-los, impondo o terror da eliminação pelo simples fato de postarem alguma mensagem nas redes sociais sobre o exame que acabavam de realizar - por exemplo: familiaridade com o tema da redação ou coisa parecida relacionada com o bom desempenho. O ministro que adotou o sobrenome materno para se safar de eventual identificação com o regime militar, agiu como um dos piores censores daquele período negro da história brasileira. Portou-se como um verdadeiro Oliva!
Todos nós sabemos da ineficiência dos órgãos responsáveis pela Segurança Pública do Estado e da falta de compromisso dos seus integrantes com o interesse público. Preferem dedicar-se ao famigerado "bico" - reconhecidamente não dá para servir a dois senhores com a mesma presteza. Então quando a Secretaria apresenta mensalmente os números da estatística criminal não se conduz com a indispensável transparência, tampouco com a seriedade que o assunto traduz. Nesse momento, a subnotificação é uma realidade que não pode ser desprezada, muito menos ignorada, por comprometer qualquer índice ou
número encontrado - salvo aqueles que o cadáver se encarrega de apontá-lo. Ainda assim há casos que o cadáver não aparece, então...
O mais intrigante é assistir os chefes dos órgãos policiais e, particularmente, o titular da pasta, apresentar-se perante a imprensa para defender os números favoráveis - queda da criminalidade - como se fosse resultado exclusivo da ação dos agentes públicos. Pura falácia! Uma secretaria que não prioriza o atendimento da população que a procura para notificar a ocorrência de um crime - que não acarretaria em mais despesas ou maior efetivo, penas disposição - preferindo o descrédito popular, não pode vangloriar-se de qualquer resultado positivo, apenas reconhecer responsabilidade pelo aumento da criminalidade. Suas explicações infundadas ou justificativas vãs, revela apenas arrogância (pelo poder que pensa que exerce) ou falta
de pudor (diante da afronta que nos impinge com seu discuso vazio de verdade). Prefiro um dia ouvir que se voltaram para o trabalho policial, com seriedade, dedicação e esmero!
Até aqui o episódio da suposta espionagem e escuta telefônica, atribuídas a governos alienígenas, foram tratadas com a racionalidade própria de uma "campanha eleitoral" - até à exaustão! Como soe acontecer em nenhum momento o governo petista atribuiu à sua total ineficiência na área da defesa cibernética a origem da questão. Seria o mesmo que daquela dona de um apartamento que não veda suas janelas e reclama quando a molecada da vizinhança poê-se a espiá-la. Não é razoável alguém que tenha piscina no quintal da sua casa e não preserve a intimidade familiar com muros, cercas vivas ou tapumes. No caso in concreto é o que vinha acontecendo com as informações governamentais - a Petrobrás parece que assegurou a sua privacidade, pelo menos é o que demonstra a postura de empresas dos países acusados ao abandonarem o leilão de área petrolífera licitada. Agora, esgotada
a fase de acusações hidrófobas, o Governo Federal - mesmo tentando manter o assunto em evidência, como ferramenta de marketing eleitoral - anuncia medidas objetivas para evitar a "invasão da sua privacidade". Para tanto é preciso angariar capacidade para gerir, preliminarmente, os recursos ordinários (previstos no orçamento) para então obter resultados que assegurem a inviolabilidade dos seus arquivos e meios de comunicação.
A figura apresentada pelo Ministério da Justiça, tudo indica para descrever suas dificuldades em encaminhar os assuntos afetos a seu cargo, apenas reflete o resultado do aparelhamento de cargos nos governos petistas - é a forma do PT governar! No caso do ministro da justiça, apenas reflete o perfil da sua formação profissional. Para quem não sabe, o ministro é egresso do Ministério Público do Estado de São Paulo. Na sua formação e desempenho de suas atribuições cotidianas, ao promotor de justiça não é dado decidir - salvo em questões interna corporis. No entanto, ao membros do Ministério Público, órgão essencial ao funcionamento da Justiça, no exercício de sua atividade não cabe decidir - suas atribuições rotineiras são:- propor, requerer, requisitar, recorrer, fiscalizar e quando muito instaurar alguns procedimentos visando apurar "impropriedades administrativas". Assim, quando alçados a cargos de escolha política e nomeação ad nutun, acabam encontrando sérias dificuldades no momento de enfrentar o problema e, principalmente, escolher e impor-lhe solução adequada. Daí vem o temor descrito pelo Ministro da Justiça - é normal pela falta de vivência e, no caso dele, pela insegurança que sua chefe irradia. Se resume em um dos custos do aparelhamento do Estado!
Depois de quatro meses constata-se que as "manifestações pacíficas" - expressão muito usada pela mídia, como se qualquer ajuntamento de pessoas não causasse atropelo, apreensão e receio para o resto da população. Nesse período assistimos, também apreensivos, a reformulação dos procedimentos dos órgãos de segurança, particularmente a Polícia Militar, frente ao fenômeno social - distante da nossa realidade, mas não tão desconhecido que nos surpreenda. Já o assistimos em tempos pretéritos - lembram-se da passeata do "cem mil em direção ao Calabouço". Agora registramos essa mudança de comportamento dos órgãos de controle social do Estado (ente abstrato que nos garante viver numa sociedade organizada) - reclamada em prosa e verso, mas que de repente nos surpreende e assusta. Talvez porque decorra do temor de nossos governantes, diante da proximidade das eleições, produzir um defunto - como aquele do estudante Edson Luiz (?), na passeata dos "cem mil". Esse temor beira a frouxidão dos nossos dirigentes - não percebem que no caminhar dos fatos, os grupos radicais que vão tomando forma e corpo de "organização política" apresentam-se cada vez mais ousados e não haverá surpresa, se mais adiante, oferecerem "resistência armada" ao Poder Constituído - talvez aí seja tarde. Quiçá não ocorra apenas uma morte ou "derrota eleitoral", mas sim a derrocada da nossa democracia - ainda incipiente. O momento é de confronto - as "manifestações pacíficas" ficaram para trás - e cabe exclusivamente ao Poder Executivo tomar as rédeas do "controle social" e fazer valer a lei, para restabelecer a ordem - aliás, como um dever constitucional!