Futebol - casa da "Maria Joana"
Já foi o tempo que o dirigente de futebol era pessoa com boa situação financeira, que se dispunha a gastar seu dinheiro pelo prazer de presidir um clube de futebol. Ainda hoje, um desses mecenas praticamente mantém um time de basquete na cidade de Ourinhos - o prestígio é pessoal, sem outros interesses! É verdade que assistimos alguns aventureiros, até mesmo gerente de banco, assumir essa condição - a última passagem da Associação Esportiva de Jacarezinho, pelo futebol profissional paranaense, contou com um desses personagens. O final foi melancólico! Isso para não dizer criminoso. D'Abronso, então magnata da Caninha Tatuzinho, manteve o time do XV de Piracicaba sob suas expensas, por décadas. Por essas e por outras, assistimos muitos clubes de futebol profissional do interior sucumbirem, em meio a má gestão, dívidas trabalhistas e abandono (por morte, falência ou ameaça de prisão) por esse misto de "dono", "dirigente" ou "malfeitor" da associação esportiva. Agora, estamos a assistir uma nova plêia de dirigentes esportivos - preferem cargos nas entidades federativas - em sua maioria oriundos das carreiras públicas de estado. O Estado do Rio de Janeiro, em situações dessa natureza, sempre é precursor. Um juiz de direito presidiu por décadas o Tribunal de Justiça Esportiva - parece que o Conselho Superior da magistratura interveio e ele acabou promovido à Desembargador do Tribunal de Justiça e dali continua a intervir na área esportiva. Sugerem que esse magistrado estaria a garantir a permanência de Eurico Miranda, na direção do Vasco, apesar da existência de uma eleição (impugnada) que o teria defenestado do posto. Em outros clubes e federações estaduais, estamos a assistir uma avalanche de policiais, membros do ministério público e advogados, das mais variadas matizes, interagindo sem qualquer escrúpulo, em todas as instâncias do esporte bretão. É um delegado de polícia que se torna figura exponencial no conselho deliberativo de um clube popular - inclusive denunciando malversação de dinheiro oriundo de parceria por ele apoiada em tempos passados. Outro delegado tornou-se membro do tribunal de justiça esportiva, certamente reconhecida pela mesma origem "arabe" do então presidente. No mesmo colegiado deparamos com promotores de justiça, sempre levados pelo combate à violência no estádios, acabam se encastelando nessas
entidades - em geral, dali se retiram, eleitos para ocupar uma cadeira no parlamento. Outro caso bem mais evidente, onde o tráfico de influência e favorecimento pessoal ficam nítidos, envolve um oficial da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Por décadas esse policial comandou o policiamento nos estádios de futebol - tornando-se especialista nas coisas do futebol. Numa dessas mudanças de guarda - Farah deu lugar ao Del Nero - o foi escolhido para dirigir o departamento de árbitro da FPF. Certamente, a convivência extra-campo, forneceu-lhe subsídios suficientes para
o mister. Aliás, como ocorre com os demais cristãos novos que passaram a habitar o espaço esportivo. As razões e objetivos são os mais diversos - prestígio, poder, projeção pessoal e/ou
alguma remuneração extra! Quem sabe. Enquanto isso, o torcedor continua a se esfalgar nos estádios imundos e sem segurança do Estado e do País.